Ato 1 | Pesadelos e indecisões.

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Primeiro ato — Pesadelos e indecisões.

Olívia Bennett mantinha-se em silêncio há alguns minutos. Seu cansaço não era somente físico, mas também mental. Sua cabeça latejava como se ela tivesse permanecido acordada em uma festa barulhenta a noite passada inteira, entretanto não era isso que havia acontecido, embora essa parecesse ser uma ideia melhor do que o que realmente aconteceu. Na verdade qualquer outra coisa poderia ter sido melhor.

Sua frustação vinha decorrente das pilhas de papel que estavam em sua frente sobre a mesa de madeira velha que herdou de sua falecida mãe, mas como se essa herança não bastasse somente, ela também ganhou contas e mais contas que precisavam ser quitadas rapidamente ou ela perderia o único lugar que tinha para morar naquela cidade de Brisbane, na Austrália.

Seu celular começou a tocar sobre a mesa, assustando-a um pouco e fazendo a mulher pegá-lo sem pensar duas vezes, vendo no visor o nome de sua melhor amiga. Savannah não era do tipo de pessoa que gostava de mandar mensagens, ainda mais quando Olívia costumava demorar mais de duas horas para responder uma simples pergunta, por isso ela logo ligava para sua amiga.

— Consegui um emprego para você! — exclamou Savannah em tom de voz animado do outro lado da ligação assim que Olívia atendeu, sem nem deixar ela falar sequer "alô" antes.

Estava exausta dos empregos que sua amiga arrumava, sabia que a intenção dela era extremamente boa e que só queria ajudar a lidar com os problemas de forma mais natural, mas sempre era como uma garçonete em um chiqueiro que as pessoas tinham coragem de chamar de lanchonete ou até mesmo de lavadora de carros em um lava-jato de jovens adultas de faculdade.

Olívia tinha um pouco de raiva de Savannah até hoje por tê-la mandado de biquíni lavar carros de homens velhos tarados por mulheres na casa dos vinte anos.

— Me deixe adivinhar? Vou cuidar de um leão em um zoológico?

Ouviu a mulher xingar na ligação irritada com o deboche de Olívia. Savannah sabia de todas as dificuldades que sua amiga passava e se irritava mais ainda por ela ser cabeça dura e não abrir mão da Austrália para voltar a Boston, nos Estados Unidos, que era de onde ela realmente era. Lá ela teria vida fácil, tendo em vista de que seu pai era um grande empresário. Tudo bem que ele não sabia de sua existência no mundo, mas não era nada que um teste de DNA não comprovasse a paternidade e permitisse que ele começasse a bancar sua filha depois de vinte e quatro anos.

— Dessa vez eu também vou trabalhar bem do seu lado para você não correr o risco de fugir. É o seguinte: Estão gravando um filme pelas redondezas e estão procurando figurantes. Você sabe, vamos ser pagas para aparecer andando na calçada de mentira ou sentada em algum banco quando nem vamos estar nos cinemas depois porque provavelmente os personagens principais vão estar na nossa frente.

— E quanto é o pagamento? — entre todos os outros empregos, esse soava bem mais tranquilo do que os que enfrentou por um ou dois meses no máximo.

— Entre cem a trezentos dólares australianos por dia de figuração. Geralmente gravamos cenas distintas para caso tenha um maluco por cinema não perceber que são as mesmas pessoas sempre nos cenários.

Olívia olhou para um dos papéis e pegou a conta de luz que marcava exatos duzentos dólares australianos acumulados de alguns meses desde que sua mãe se foi e ela ficou trancada na casa de Savannah com depressão. Não entendi porque a luz tinha vindo tão cara se nem em casa estava. Receber até trezentos dólares não seria nada mal e ela ainda poderia se divertir tendo sua amiga ao seu lado.

— Pode soar como uma boa ideia — ela começou e nesse momento sua amiga já sabia que chegaria um "mas" logo em seguida. — Porém você sabe que eu ainda sinto crises de ansiedade, talvez estar em um lugar com tantas pessoas reunidas possa me deixar mal e eu só vou atrapalhar as filmagens tendo que sair para vomitar.

Love Me Tender | Austin ButlerOnde histórias criam vida. Descubra agora