Love Me Tender | Austin Butler

O biscoito de barbecue.

Já se passavam mais de duas horas que as amigas tinham chegado ao set e estavam prontas para começar as filmagens. Tinham colocado-as em trajes antigos, junto de penteados extravagantes e maquiagens marcantes. Pela primeira vez em muito tempo Olívia se sentia bonita ao se olhar no espelho, era verdade que ela havia se perdido muito desde a morte de sua mãe e deixado de se cuidar, aquele estava sendo um momento raro e único em sua vida. Seu cabelo castanho claro estava preso em um coque alto e sua franja sendo segurada por muito laquê e uma fita azul que combinava com seu vestido de bolinhas que ia até a altura das canelas. Savannah estava com o cabelo em um rabo de cavalo que realçava suas madeixas onduladas e um vestido um pouco mais curto do que o de sua amiga.

Àquela altura, Olívia já estava surpreendida o bastante ao ter descoberto que o filme contaria a vida de Elvis Presley e que o ator que sua melhor amiga tanto gostava interpretaria o cantor que foi muito famoso no passado. Ela gostava de cantores antigos, como Michael Jackson ou até mesmo o próprio Elvis que possuía uma linda voz de arrepiar. Se sua mãe ainda estivesse viva com certeza estaria transbordando felicidade em saber que em breve um filme de seu ídolo chegaria aos cinemas.

Por outro lado, Savannah que na maioria das vezes parecia muito segura de si, suava frio. Seu sonho sempre foi ser atriz, mas nunca conseguiu uma chance de verdade e aquela seria a primeira vez que aparecia nas telas de cinema e de televisão de muitas pessoas ao redor do mundo, embora muito provavelmente como ela mesmo havia dito: ficaria atrás do protagonista.

— Todos os figurantes da cena cinco comigo! — uma mulher baixinha exclamou, apesar de sua pouca altura, sua voz era potente. Ela tinha com ela um fone nos ouvidos e uma prancheta em mãos.

Quando cerca de vinte figurantes se reuniram ao redor dela, incluindo as duas melhores amigas, a mulher começou a falar:

— Pontualidade é a palavra chave da figuração, vocês não podem chegar atrasados, não são os atores! Não podem faltar nenhum dia de gravação e não falar nada enquanto estiverem filmando. Vamos rapidamente designar o papel de cada um e tentem agir de maneira mais tranquila possível, como se estivessem fazendo isso no dia a dia de vocês. Entendido?

Todos disseram em uníssono um "sim". Olívia olhou de relance para Savannah, já sentindo seu nervosismo começar a atacar. E se designassem que ela ficasse longe de sua amiga que prometeu que estaria do seu lado o tempo todo? Não gostava nem de imaginar como iria reagir.

— Você fica na segunda fileira, aplauda como se ele realmente fosse o seu ídolo na sua frente — disse a mulher para Savannah depois de passar alguns minutos conversando com outros figurantes sobre suas funções. Então se virou para Olívia, analisando-a de cima a baixo. — Como você se chama?

— Olívia Bennett — respondeu baixinho, como se estivesse recebendo uma bronca de uma professora nos tempos de escola.

— Certo — ela sorriu sem mostrar os dentes. — Olívia, hoje é o seu dia de sorte, vai ficar em frente ao palco e tente demonstrar que está extasiada com o jeito do protagonista enquanto ele canta e dança, ok?

Ela sibilou um ok de volta, mas sua mente já tentava fugir deixando seu corpo sem reação. Deveria ser Savannah a fazer aquilo, ela havia prometido que não aparecia nas telas de jeito nenhum e agora ficaria logo na frente do palco? Seu coração se acelerava só de pensar mais a cada segundo sobre isso.

— Vai dar tudo certo, Oli — Savannah a tranquilizou ao perceber que a amiga já começava a entrar em pânico. — Vai ser divertido.

Olívia passou o tempo restante em completo silêncio, olhando para o nada e seguindo as instruções que o diretor dava antes de finalmente a cena começar a ser gravada. Ela desejava que ele ficasse o maior tempo possível, mesmo que não estivesse o escutando direito.

— Vamos lá! — alguém gritou de trás das câmeras e as luzes se apagaram, deixando somente a do palco que a mulher estava posicionada logo em frente, sentada em uma cadeira. — Um, dois, três, gravando!

Silêncio no estúdio. Tudo que ela conseguia ouvir era o ator sobre o palco falando enquanto observava disfarçadamente cada pedacinho do cenário impecável.

A cena seguinte foi gravada depois de uns minutos de pausas para retoques e ajustes de câmeras. E era assim que funcionava a vida do cinema, gravando segundos e minutos para juntar tudo em um filme de duas horas de duração.

Olívia ouviu passos subindo pelos degraus de madeira e logo os sapatos batendo no chão do palco. Então Austin Butler se relevou presente, com um conjunto rosa, um cabelo preto penteado para trás, maquiagem e um violão. A Bennett sentiu coisas naquele momento, coisas essas que ela não saberia descrever o que eram. Como Savannah havia dito: o homem era realmente muito bonito.

As cenas continuavam sendo gravadas pausadamente e toda hora que paravam, a mulher procurava o olhar acolhedor da amiga na fileira de trás, que estava impecável e fazia gestos com a mão como se estivesse se abanando.

Ali, durante aqueles minutos que passavam voando diante de seus olhos, Olívia percebeu que Austin faria um ótimo desempenho.

— E corta! — o diretor gritou, fazendo as luzes se acenderem. — Figuração liberada para aguardar a próxima cena do lado de fora.

Olívia se levantou da cadeira de madeira em que estava sentada e respirou fundo, voltando sua atenção para sua amiga.

— Ele é incrível — cochichou Savannah, enquanto as duas saíam para esperar a próxima gravação.

— Você acha que ainda vai demorar muito? Estou morrendo de fome — Olívia mudou de assunto, não queria admitir que o achou realmente talentoso.

— Há uma barraquinha de alimentos do lado direito no pátio, você pode pegar um biscoito. Eu vou ao banheiro e te encontro lá.

Ela sumiu no meio dos outros, deixando mais uma vez Olívia sozinha, que se obrigou a se arrastar até a barraquinha que estava vazia. A prateleira tinha alguns biscoitos doces e salgados, mas ela não era fã de doces e optou por um salgado com sabor de barbecue. Ótimo para passar mal — lembrou a si mesma.

Olívia abriu o pacote, sentindo o cheiro não muito agradável subir até suas narinas, mas não importava, estava com fome.

— Se eu fosse você não comeria isso — escutou uma voz masculina atrás de si e virou-se, dando de cara com ninguém mais e ninguém menos que Austin Butler.

Se o biscoito ainda estivesse inteiro em sua boca, ela com certeza teria engasgado.

— Eles estão vencidos? — ela arregalou os olhos pronta para cuspir.

— Não! — ele exclamou rapidamente e levantou sua cabeça que até então estava abaixada para o pacote do biscoito. Os olhos da mulher encontraram os dele, azuis como o oceano, transmitindo uma imensidão que lhe deixava realmente extasiada, ela nem precisaria fingir isso de qualquer forma. — Só queria dizer que uma vez eu comi e depois não consegui filmar mais pelo resto do dia.

Butler sorriu.

— A propósito, sou Austin Butler — ele esticou a mão para ela, que limpou o farelo desajeitadamente no vestido e esticou a mão para ele de volta.

— Olívia Bennett — eles apertaram as mãos brevemente, mas o suficiente para ambos sentirem arrepios pelo corpo, embora pensassem que era somente coisa da cabeça deles. — Você está fazendo um bom trabalho.

— Estou tentando dar o meu melhor, embora eu consiga fazer isso perfeitamente.

— E o que lhe falta para fazer perfeitamente? — ela arqueou as sobrancelhas, curiosas.

Austin estava pronto para falar quando um homem encostou em seu ombro, chamando-o para se afastar sem deixá-lo nem se despedir da mulher.

— Uh, finalmente! — Savannah retornou um minuto depois do ocorrido. Se estivesse ali com certeza desmaiaria. — Oba, biscoito de barbecue!

Olívia esticou o pacote para ela, completamente desinteressada em continuar comendo e precisar ir embora e ficar sem o cachê.

— Pode comer, eu já perdi minha fome.