Desabafo

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  Depois dessa acho que acabei virando o alvo deles. Espero que consiga sair dessa situação antes que as coisas piorem.

  Finalmente as aulas terminaram. Me prontifiquei de sair logo da sala e ir direto para casa, sem desvios, mas claro que não seria fácil, afinal aqueles 4 estavam no meu pé.

  Decidi não pegar o ônibus, segui por ruas aleatórias, tentando despistar eles. Por sorte consegui prender eles em um beco sem saída e dei no pé direto pra casa. Peguei um ônibus e desci em um ponto perto, caminhei e finalmente cheguei em casa.

  Abri a porta e lá estavam os Mugiwaras todos bem animados e agitados.

  —Cheguei!

  Anunciei e todos me receberam com um "Bem-vinda de volta!" bem animado.

  Tirei os sapatos e entrei.

  —Onde o Miguel tá?

  —Ele falou que ainda estava com dor de cabeça, então deixei ele descansando.

  Robin respondeu calma.

  —Entendi, mas ele está com febre ou outra coisa?

  —Não, ele tá bem, é só uma dor de cabeça mesmo. Já dei um remédio e logo logo ele vai melhorar!

  Chopper se prontificou de falar.

  —Obrigada por examinar ele, doutor, fez um ótimo trabalho.

  —Não fale essas coisas boboca! Eu não gostei do elogio!

  Falava que não tinha gostado e o corpo dizia completamente o contrário, estava fazendo uma dançinha e com uma carinha de vergonha. Soltei uma pequena risada.

  —Vou lá em cima, daqui a pouco eu volto.

  Avisei. Fui para o meu quarto deixar a bolsa e pegar minha roupa e toalha, antes de ir para o banheiro fui ao quarto de Miguel. Abri a porta devagar e entrei, fui até o lado da cama dele. Ele dormia tão tranquilamente com seu bichinho de pelúcia. O cobri com o lençol até a altura do seu tórax e dei um beijo em sua testa. Saí silenciosamente fechando a porta e fui direto para o banheiro.

  Tomei meu merecido banho e vesti uma roupa bem confortável, apenas uma blusa bem larga que era do meu pai com um short. Simples, porém confortável. Perfeito.

  Sai do banho, peguei as roupas que estavam no armário e coloquei tudo para lavar. Os que precisam ir na mão separei para lavar mais tarde, o resto coloquei tudo na máquina de lavar e liguei. Desci as escadas e fui almoçar com os outros.

  —Como foi a escola, Lilian-chan?

  Robin perguntou com um leve sorriso, lembrou um pouco a minha mãe....

  —Ah, foi bom. Não teve nada de interessante, só a mesma coisa de sempre. Os professores passando trabalhos, briga nos corredores, um grupinho que tava me irritando, nada muito importante.

  Falei dando de ombros, eu conseguia resolver aquela situação, era só não me encontrar com eles, certo?

  —Tinha alguém irritando você?

  —Sim, era o grupinho da Cloe. Eles sempre ficam tentando mexer comigo.

  Falo com desdém e fecho a cara.

  —Ela é sua amiga?

  Luffy pergunta e olho pra ele séria e com um pouquinho de raiva.

  —EX- amiga.

  Dou ênfase ao "Ex".

  —Deixamos de ser amigas ano passado.

  —O que aconteceu entre vocês?

  Luffy perguntou novamente.

  Me encostei na cadeira e cruzei os braços. Desviei o olhar para os cantos e para baixo.

  —Nós tivemos um briga muito feia, por pouco não saímos no soco.

  A última parte pareceu soar engraçado, mas pra mim nada disso era.

  —O que aconteceu? Por que vocês brigaram?

  Luffy insistiu, já estava começando a ficar irritada.

  —Deixem ela, se ela não quer falar respeitem.

  Foi a vez de Sanji se pronunciar.

  —É Luffy, isso deve ser algo muito pessoal pra ela.

  Zoro falou antes de sair e ir para a sala dormir.

  A sala e a cozinha eram abertas para a sala de jantar, que ficava no meio. Ou seja, quem estava na cozinha dava para ver quem estava na sala e vice-versa. Mesmo a casa não sendo muito grande ela é espaçosa e aberta.

  —Desculpe Lilian-chan.

  Pediu Luffy com um pão na boca.

  —Tudo bem Luffy.

  —Mudando um pouco de assunto, o que você pretende fazer na escola, Lilian-chan?

  —Podem me chamar só de Lilian mesmo. Bom, não sei exatamente o que quero cursar, mas pretendo arranjar um emprego quando acabar o terceiro ano. Quero ajudar os meus pais a pagar as contas, ajudar no financeiro, sabe? Esse último ano as coisas não tem ido muito bem.

  Respondi a pergunta de Usopp, aproveitei para desabafar e contar um pouco do que estava acontecendo.

  —Quando mamãe ficou grávida de Miguel não estávamos passando por uma situação muito boa, pelo contrário. Meu pai foi demitido e tentou procurar outro emprego, já a minha mãe começou a fazer artesanato pra vender, até que deu certo por uns dois ou três meses, mas depois as pessoas pararam de se interessar. Tentei vender doces, pirulitos e bombons na escola, também funcionou por um mês, mas depois alguém me denunciou e fui obrigada a parar. Consegui só uns trocados com isso.

  —Mas vocês conseguiram se estabilizar, né?

  —Mais ou menos, Nami. Na verdade meu pai teve que trabalhar em dois empregos para nos sustentar e comprar as coisas pro bebê. Eu passava na casa dos vizinhos vendendo os artesanatos da mamãe, deu certo por um tempo.

  —Poxa, realmente vocês estão em uma situação complicada.

  —Sim, por isso quero arranjar um emprego, mas sinceramente não sei o que devo fazer agora, já que mamãe e papai desapareceram.

  —Você sente falta dos seus pais, não é?

  Afirmei com a cabeça.

  —Lilian, nós vamos encontrar os seus pais, eu prometo.

  Falou com uma segurança indescritível e com aquele sorriso contagiante dele. Devo ser a garota mais sortuda do mundo.

  —Muito obrigada, não sei nem como agradecer a todos vocês.

  Eles sorriram, feliz por estarem ajudando.

Continua...

A garota dos Chapéus de PalhaOnde histórias criam vida. Descubra agora