Capítulo TRINTA - DEK'II

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A casa é muito silenciosa quando não tenho meus irmãos mais novos aqui, parece que falta alguma coisa, ou eu apenas me acostumei com os gritos altos de Liam e Thomas quando eles desejam alguma coisa, ou apenas por estarem fazendo birra um com o outro a fim de chamar a atenção dos meus pais, ou melhor, de minha mãe, já que sempre é ela quem corre para socorrer os dois pestinhas quando começam a berrar aos sete cantos.

Nesse final de semana, depois de descobrir e vivenciar tantas coisas diferentes, eu me sinto meio estranha de estar de volta a essa realidade... a minha vida normal. Parece que eu me acostumei com aquele lugar ficando apenas três dias, ou três horas. Enfim, agora parece que eu sou uma intrusa nesse ambiente e tudo só me deixou mais pensativa, principalmente porque eu fiquei sozinha sábado e domingo, tendo apenas minha mente e eu. Então eu me obrigava a pensar, mesmo que não fosse exatamente o meu desejo que isso viesse acontecer. Também notei coisas diferentes em meu corpo, cada parte dele parece estar reagindo de maneira diferente com o que eu vivo.

No domingo à tarde, decidi que precisava fazer alguma cosia que não fosse apenas ficar trancada dentro do meu quarto desenhando, ou assistindo. Estava com a casa inteiramente para mim, por isso precisava curtir um pouco mais a minha liberdade. Então, como uma gótica na praia, eu caminhei em direção da área de lazer, disposta a desenhar a natureza e as coisas que eu enxergava ao meu redor, tentando sempre capitar tudinho. No momento, estava de moletom por conta do frio, mas depois de alguns segundos com o fraco sol batendo, eu fui obrigada a tirar o moletom quente, pois estava superaquecendo dentro daquela roupa, parecia uma estufa. Nunca havia sentido todo esse calor e depois de analisar minha pele, notei que estava puxando a luz solar como um alimento.

Ainda no domingo, Lisa veio para cá ficar um tempinho comigo e disse que estava morrendo de saudades, mesmo que fizesse pouquíssimo tempo desde que nos vimos, mas levando em consideração onde ela mora, eu acreditei em seu exagero, pois eu também estava com saudades dela e de seu contato física. Ficamos juntas por toda à noite, aproveitando então para vermos algo interessante, mas foi um pouco insuportável, pois Lalisa fazia questão de apontar todas as bizarras pistas e indicando quem seria o possível criminoso na série de policial que ELA MESMA escolheu para assistirmos, foi meio irritante, porque ela acertou tudo, então no fim nem tinha graça assistir. Porém, acredito que essa era a parte divertida para a mais velha, o que lhe dava prazer era apenas acertar e depois de analisar ela acertando todos os casos da primeira temporada, eu parei de prestar atenção no que passava na televisão e passei a observar a forma como Lisa age quando surgia as respostas, ou quando era indicado mais pistas. Lalisa é muito fofa, completamente diferente daquela garota que eu imaginava ser quando conheci. Enfim, depois de tudo isso, tivemos que nos despedir perto da meia noite, mas Lisa disse que não me deixaria paz tão cedo e que conversaria comigo sempre que eu precisasse da sua ajuda, eu concordei, sabendo que ela faria isso.

Isso foi ontem.

Hoje é segunda-feira. E eu ainda odeio o fato que sou obrigada a ir para a escola e que tenho que conviver com pessoas tão insuportáveis. Assim como odeio esse papinho furado de acordar cedo para frequentar um ambiente tóxico e em particular o dia dia de hoje, eu acordei com uma preguiça ainda maior, meu corpo nem sequer desejava sair da cama para ir a passos lentos à escola. Porém, como tudo na minha vida medíocre, tive que forçar a me levantar e partir, pois não poderia ficar de gracinha na cama.

Foi meio torturante, mas consegui.

Como não havia café da manhã em casa, eu pensei o que faria da minha vida, pois estava com fome e não aguentaria ver tantas aulas sem ficar com a barriga doendo de fome.

Passei rapidinho no cofre emergencial que meu pai tem para seus doces filhos e peguei uma pequena quantia para que eu pudesse comprar alguma coisa, pelo menos, no café da manhã. E eu sei quais são os meus riscos e o que eu poderei ouvir, mas se é um cofre com dinheiro para seus filhos, acho que eu posso pegar apenas um bocado.

A Vida de JJRKOnde histórias criam vida. Descubra agora