Capítulo TRINTA E TRÊS - DEK'II & TREK

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Quando girei a maçaneta dourada, senti um vento gelado bater contra o meu rosto, esse que veio de uma maneira inesperada. Meus pelos se arrepiaram por completo, senti como se estivesse indo a praia no inverno.

Uma coisa que notei é que o vento que vem em minha direção está muito forte, ele aparece acelerado, ou ansioso para sair, talvez estivesse atrasado para algum compromisso.

Quando abri completamente a porta, observei o que tinha do outro lado, ou tentei. Aparentemente, não fiz nada de errado na hora de imaginar a porta e o local, conseguindo executar o que Lisa havia me instruído — dois pontos para mim. Isso significa que mesmo sendo uma deusa sem muitos conhecimentos e sem um poder aparente, ainda consigo colocar parte das minhas habilidades para fora, mesmo que eu não saiba como essas coisas vieram acontecer. Infelizmente é muito difícil entender quem eu sou e como posso fazer coisas tão mágicas, mas pelo menos, agora sei como faz para criar uma porta no meio do nada e que me leva para lugares que, particularmente, acho interessante; mas isso não é nem a metade dos poderes que consigo alcançar sendo a tal deusa que dizem que sou, com certeza há algo muito maior dentro de mim, mas ainda não sei como e quando virei a descobrir tais qualidades. Por sinal, essa minha comemoração é de uma pequena vitória, mas que conta muito, é dos pequenos passos que aprendemos a andar completamente, certo? Enfim, sei que estou meio desatualizada e antepassada, já que todos daquele lado conseguem criar portas como essa que vai e vem entre os mundos.

O bom disso tudo é que também posso ir para a minha casa quando quiser, basta criar um trambolho no meio do cômodo e passar por ela, é só seguir a regra que Lalisa disse.

Ok, eu sei, estou parecendo uma criança que está aprendendo a andar. Estou orgulhosa do meu trabalho e por ter feito ele sozinha, mesmo que tenha tido o apoio emocional de Lisa, foi um trabalho próprio. Eu estou certa em estar orgulhosa dele.

Vendo agora, talvez descobrir quem eu sou e quem fui, seja de fato como aprender a andar. De passo em passo, a gente se desenvolve até chegar a perfeição e não parar mais. O bom disso é que agora terei uma companhia na hora do aprendizado,
uma pessoa estará ao meu lado segurando minhas mãos, mas me soltando quando for necessário me deixar correr e essa pessoa será a mesma que me apartará quando cair, colocando curativos onde machucar, será mais reconfortante ter Lisa por perto me ensinando e cuidando.

Acredito que esse tipo de sensação seja a necessidade humana de apoio e recompensas por ter feito algo bom, pois aprender a andar necessita de paciência e calma nunca foi o meu forte, principalmente quando tive que aprender tudo sozinha, eu tive um período de ensinamento muito complexo, acho que me irritei muito quando era mais nova, assim como me frustrei ao perceber que nada daria certo sem o apoio devido. Talvez se meus pais tivessem sido um pouco mais amáveis e acolhedores, teria sido um aprendizado mais fácil de se viver, eu não teria tido um treco e nem sofrido tantos desapontamentos quando era pequena. Pelo menos, por agora, vai ser reconfortante saber que Lisa estará perto o suficiente para me ajudar e que vai me mimar todas as vezes que acertar alguma coisa.

— Parece estar frio. - disse antes de entrarmos, pois o vento que bate é realmente gelado e rápido. — Acho que eu deveria pegar um moletom antes de passarmos por essa porta.

Lisa me apertou, deixando um beijo demorado em meu pescoço. Isso me impediu de sair do lugar, prendendo-me completamente a ela.

— Fique tranquilo, Jennie. O vento apenas está batendo rápido demais.

A sua tranquilidade para me explicar as coisas as vezes chega me assustar. É algo tão normal a ela, que eu sinto que deveria ser para mim.

— Como te expliquei antes, o tempo passa diferente entre os dois mundos. Então, quando abrimos as portas, podemos perceber a mudança de tempo entre os dois lugares. - Lisa me olhou, com certeza percebeu minha expressão de confusa, já que eu não fiz tanta questão de esconder. — É assim, como havia dito, uma hora no mundo humano, equivale a um dia inteiro no nosso mundo, portanto as coisas por lá passam bem mais rápido que aqui. Quando você abre a porta para ir ao mundo humano, você enxerga as pessoas passando lentamente, quase se elas estivessem naquelas cenas de super-heróis lutando que o diretor faz questão de deixar a cena super lenta para todo mundo entender a situação. Agora, quando se abre a porta do mundo humano para o meu, as coisas são um pouco mais rápidas, você enxerga tudo se movendo de forma acelerada, não conseguimos prestar atenção em nada por conta dessa diferença de tempo. É por causa disso que o vento parece mais forte, pois ele vem do meu mundo.

A Vida de JJRKOnde histórias criam vida. Descubra agora