Capítulo 22

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Em poucos segundos tudo ao meu redor ruiu, minha felicidade se foi e o pânico se instalou.

Ao olharmos para a parede vimos a figura encapuzada na nossa frente e em suas mãos havia uma arma apontando para o Aaron. Eros estava latindo a todo instante e tentava atacar o invasor, mas meu cachorro era um filhote ainda e não saberia nos defender e eu temia que ele fizesse algo, por isso eu o segurava na frente do meu corpo e me encolhia ao lado do meu marido.

- Quem é você? – brando Aaron se levantando, mas o homem levantou a arma para ele e precisei segurar sua mão para que não fosse até ele.

- Aaron...não...

- Escute-a Aaron, não vim fazer mal, somente conversar e quem sabe chegar em um acordo. – sua voz era abafada igual da última vez que esteve próximo de mim, porém estava mais calma e se eu me esforçasse poderia tentar identificar a voz, talvez eu conhecesse.

- Que tipo de acordo?

- Um que você e esse carro imundo ficam vivos, e a querida Sol e o bebê veem comigo.

- Prefiro morrer do que deixá-los com você. – exclamou se levantando e se colocando na minha frente. – Quem é você? Responda!

- Eu sou o único que deveria estar do lado dela. – disse. – Todos os anos eu estive ao lado dela, segurando sua mão, rindo com suas conversas e desejando todos os dias que ela parasse de me ver como amigo, e justo quando eu ia tentar algo diferente, você apareceu e estragou tudo.

Lentamente o homem se aproximou ainda mais de nós, ele usava uma máscara e um boné preto – cobrindo seu rosto, somente deixando seus olhos a vista e mesmo assim não conseguia pensar em ninguém que eu conhecia da forma que falou. Engulo em seco quando seus olhos se desviam do meu marido e pousam em mim, por instinto levo minhas mãos a barriga e seus olhos se direcionam para ela.

- Contratempos aparecem o tempo todo e sempre damos um jeito. – dito isso ele bateu a arma na testa do Aaron e o empurrou para longe de mim.

Eros tentou avançar nele, mas o mesmo o empurrou para longe e somente escutei seu choramingo por ter batido na mesa. Era somente nós dois agora, eu me tremia inteira e sentia meu rosto molhado, lentamente ele encostou sua mão em mim e secou uma das lágrimas e tocou onde sua boca estaria na minha testa.

- Não precisa chorar meu amor, estou aqui agora.

- Fique longe de mim. – exclamei batendo em sua mão e me encolhendo ainda mais no sofá.

- Sempre foi arisca. – riu se sentando na minha frente e dando uma leve olhada para o Aaron que estava meio desacordado e meio acordado. – Lembra quando fizemos uma aposta idiota de quem conseguia beber mais? Você atingiu seu limite naquele dia e acabou expelindo a bebida pelo nariz, todos nós rimos muito e sempre lembrávamos...Teve aquela vez que o Gabriel vomitou nos seus sapatos e você o empurrou na lama, naquele dia eu fui seu cavalheiro.

Arregalo os olhos me lembrando da cena. Eu e o pessoal fomos para uma festa em uma fazenda uma vez, bebemos tanto que o David e a Joana apostaram corrida no meio da lama e quando caíram no chão todos os outros começaram uma guerra. Lembro que depois de nos sujarmos inteiros, o Gabriel parou na minha frente e vomitou nos meus pés – foi nojento e sempre que bebíamos eu o evitava, já que vomitava sempre – fiquei irritada e enojada com aquilo, minha sorte foi o Oliver que pegou no colo e me levou para a caçamba da caminhonete, ele limpou os meus pés e me emprestou um par de tênis que mantinha guardado lá dentro, aquele dia eu o vi com outros olhos, mas nunca fui além da nossa amizade.

- Oliver?

- Teve aquela vez na faculdade que você estava menstruada e ninguém pode ir comprar seus absorventes enquanto você estava no banheiro, mas eu pude. Eu sai da sala de aula e fui correndo comprar. – disse. – Teve também aquele dia que fomos na sua casa e comemos um monte de pizza, mas o David e a Flávia comeram além da conta e não deixaram nenhum pedaço...

- Você separou para mim antes, sabendo o que ia acontecer e que eu ia ter vontade de comer mais. – termino o vendo concordar e sorrir. – Por que Oli? Porque fez tudo isso?

- Por que eu a amo Solaria, sempre te amei. – exclamou e finalmente me revelou o seu rosto. – Sempre estive lá para você, cuidando e te amando, mas você nunca me viu diferente, sempre era o amigo desde a escola até a faculdade, e quando eu ia dar um paço na nossa relação, ele apareceu.

Esbravejou se levantando e dando um chute no Aaron que chegou e se encolheu em dor, eu me levantei para tenta-lo fazer parar, mas o mesmo voltou para mim e segurou no meu pescoço, me enforcando.

- Me diga Solaria, o que você viu nela? ME DIGA!

- Ele...ele...foi o homem que eu queria. – digo tentando controlar a minha respiração. – Ele...me amou...

- Eu também a amo. – disse e me jogou no sofá. – Veja o que o nosso amor me fez fazer, jamais iria deixar alguém entre nós e ele vai entender isso.

Oliver se jogou em cima do Aaron e começou a lhe bater, ele tentou se esquivar e até acertou alguns socos, mas Oliver estava em vantagem e só isso já aumentava a força que ele tinha. Prontamente me levantei e apanhei o abajur, tomando uma forte respiração, o acertei na cabeça do Oliver que caiu inconsciente em cima do Aaron.

- Meu Deus... – sussurro vendo meu marido empurrando o corpo para o lado e se sentando no chão. – Você está bem?

- Agora estou. – respondeu dando uma olhada em Oliver e prontamente ligou para a polícia, logo ele estava ao meu lado e acariciando a minha barriga. – E vocês?

- Estamos bem, eu acho...André é forte, igual ao pai. – digo o chocando, sei que era o nome de seu pai e o quanto ele o admirava, precisava prestar uma homenagem ao meu sogro.

- Obrigada meu amor.

Aaron me abraçou novamente e juntos aguardamos a polícia chegar, logo fomos até a delegacia e contamos tudo o que aconteceu. Oliver iria ficar preso por longos anos e saber que estaria longe de mim e da minha família me trazia conforto – eu o conhecia por longos anos, mas naqueles meses, ele já não era mais o meu amigo e sim um estranho que se tornou obcecado por mim.

Em casa cuidei dos ferimentos do Aaron e até agendei uma consulta na manhã seguinte para mim, mesmo sabendo que estava tudo bem, ainda queria ter certeza. Também cuidei do meu cãozinho que foi forte e não se feriu gravemente. Logo estávamos todos deitados na cama, Eros nas nossas pernas, o Aaron atrás de mim me abraçando e acariciando a minha barriga e o meu pequeno André, que mesmo dentro de mim tomava grande espaço daquela cama e me enchia de sonhos maravilhosos – ansiosos para serem realizados com a sua chegada.

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