Dizem que a atenção é algo extraordinário, pois aqueles que a possuem, enxergam coisas que os outros não conseguem e isso te torna especial, mas porque eu tinha que ser diferente? Infelizmente eu sofria de déficit de atenção, mas o pior era quando eu começava a reparar em outras coisas. De uns tempos para cá, comecei a ter uma sensação, de sempre estar sendo observada e aquilo estava me matando – tudo porque eu queria saber se era verdade ou não – era horrível sentir que alguém estava vendo cada movimento seu. E para aumentar o meu pânico, até na hora de tomar banho eu sentia, mesmo a porta estando fechada e com a toalha cobrindo o box.
Minha mãe dizia que era coisa da minha cabeça, que eu estava muito preocupada e que era nada, somente uma sensação. Então comecei a dizer para mim mesma que era coisa da minha cabeça, e fui deixando de lado certos cuidados, como fechar a janela enquanto dormia no verão ou sair do banheiro de toalha e me trocar no quarto com a janela aberta.
Eu moravam em Beverly Hills, onde a maioria andava bronzeada e frequentando inúmeras festas na praia, mas havia uma parte da cidade que era dos empresários e dos bem sucedidos e eu queria estar entre eles. Eu estava no último ano da faculdade, fazia pedagogia já que meu sonho era poder dar aula e também trabalhar com livros, já que o curso oferecia licenciatura em letras e aquilo me ajudaria – tá certo que não é O sonho, mas era o meu e fazia com gosto. Minha mãe me apoiava muito e meu padrasto também. Mamãe já havia sido professora, porém com a morte de meu pai e eu para criar, deixou de lado essa área e virou dona de casa, mas com o tempo ela conheceu o Bob e voltou a viver de novo. Era dona da sua própria confeitaria já que era um sonho da mesma desde de pequena e meu padrasto a ajudava em sua folga e quando não, trabalhava no seu escritório de advocacia.
Eu adorava quando os visitava no trabalho e até os ajudava no que podia, mas o que eu mais gostava era de passar em frente de uma das editoras mais famosas da cidade e sempre me pegava imaginando entrando lá e me sentando numa das cadeiras, contudo, algo não estava nos meus planos. Mamãe começou a ter problemas com a confeitaria e havia adquirido uma dívida enorme que só o emprego do Bob não daria para pagar, então decidi procurar um emprego para o ajudar ainda mais e foi isso que fiz aquela manhã.
Me levantei como de costume, tomei banho, troquei de roupa e fui tomar o café, encontrando a mesa posta para os quatro, meus pais, eu e o meu adorável irmão mais novo, adotado, porém meu irmãozinho, o Leon. Quatro anos mais novo que eu, está no último ano do colégio e é daqueles adolescentes rebeldes e sempre estou a puxar sua orelha, que mesmo resmungando me agradece no final.
- Bom dia família. – digo descendo as escadas.
- Bom dia filha, dormiu bem? – pergunta minha mãe, Amélia, colocando o café na mesa. – Está radiante hoje querida.
- Obrigada mamãe, e sim, dormi bem. E o meu irmão? – pergunto me sentando na cadeira e apanhando a xícara de café que me era estendida por Bob.
- No banheiro ainda, sabe como seu irmão é.
- Sei bem. – comento levantando as sobrancelhas e começando a devorar minhas panquecas.
- Ah Solaria você pode levar seu irmão para o colégio, tenho uma audiência com dois clientes e....– diz Bob, mas logo o interrompo.
- Claro e boa sorte. – digo sorrindo e tomando o café.
Nos damos muito bem, sempre o considerei como um segundo pai e ele sempre disse que não estava para substituir o lugar do meu, apenas estava para ajudar e quem sabe preencher um vazio, por isso agradeço minha mãe por ter se casado de novo e principalmente, com ele. Assim que terminamos de tomar o café, Bob saiu e o Leon desceu com a mochila nas costas.
- O que meu querido irmãozinho estava aprontando no banheiro? – o olhei com um olhar de segundas intenções e o vi engasgar com o café.
- É claro que não, só queria tomar um bom banho.
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Observada
Romance"- "Eu podia ser o que quisesse nesta vida, mas queria ser dele". - estávamos lendo um dos livros do Aaron e estava adorando escutar sua voz recitar cada palavra, me fazia imaginar perfeitamente o que acontecia. - O que me diz? - Desculpa, o que dis...