Parte um: V

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Caminhando em direção à varanda, Minho sentiu que não tinha nenhuma preocupação no mundo. A varanda não era muito grande, mas Chan havia colocado um sofá bem pequeno e confortável ali para que pudessem sentar juntos quando quisessem. Eles provavelmente o usaram apenas duas vezes para observar as estrelas. Mas, naquele momento, olhando para o céu da tarde, Minho soube que era um tolo. Era uma vista tão bonita, tão curativa. Só de olhar, Minho sentiu como se estivesse levitando. Parecia que ele era a única pessoa no mundo. Parecia que ele realmente acreditava que não tinha nenhuma preocupação no mundo.

O homem sentou-se no sofá, afundando e sentindo a textura dele tocando seu corpo suavemente. Então, ele ponderou. Olhar para o céu era tão curativo e ele estava ciente disso, sempre esteve. Limpava sua mente, tornando-o mais calmo e razoável. Então, se ele estava ciente disso, por que não fazia isso mais vezes? Por que ele não conseguia se sentar em sua varanda sempre que estava se sentindo sobrecarregado? Claro, não era tão simples assim, mas nos momentos em que não era tão difícil, por que ele não podia fazer essa coisa simples? Se Minho sabia o que lhe dava alegria, por que sua mente evitava tanto a sensação de alívio?

Olhando em volta, os olhos de Minho encontraram as plantinhas, penduradas ali perto em seus suportes. Eles eram tão fofos. Chan os comprou, é claro. Chan sempre acertava. Ele achou que ter plantas ali seria fofo e complementaria o espaço. Minho não sabia se eles realmente complementavam sua pequena e feia sacada, mas o ajudavam de maneira que Chan provavelmente nunca previu. Às vezes, quando Minho não conseguia sair da cama, ele se levantava só para regar as plantas. Chan ficaria triste se chegasse lá e percebesse que elas estavam mortas.

Uma brisa atingiu Minho e ele chiou. Esqueceu-se do frio que fazia à noite. Com preguiça, ele abraçou o próprio corpo, esperando não ter que se levantar para pegar um casaco. Por sorte, nem precisou. No segundo em que começou a pensar em se levantar, Chan apareceu com seu moletom fofo e duas canecas na mão.

— Fiz chocolate quente pra gente, amor — ele anunciou, com um sorriso no rosto.

Minho pegou a caneca, ajudando Chan a colocá-la na pequena mesa de centro. Eles só puseram aquela mesa porque precisavam de um lugar seguro para um cinzeiro, já que alguns dos meninos fumam. Era realmente tão pequena que as duas canecas cabiam perfeitamente na superfície.

Sentindo a brisa fria novamente, Minho colocou o moletom, aproveitando o calor que lhe deu instantaneamente. E, para melhorar, Chan rapidamente se aninhou ao seu lado, deixando-o ainda mais quente.

Seus olhos encararam os de Chan, olhando de volta para ele. De alguma forma, aquela visão era ainda melhor e mais curativa do que a visão do céu. Ele poderia se perder ali, poderia mergulhar e se afogar nele.

Minho sussurrou baixinho: — Como você sempre sabe o que eu quero?

Chan riu. Ele beijou a ponta do nariz de Minho em um movimento rápido, nunca ficando muito longe dele. — Você não sabia que vampiros conseguem ler mentes?

Minho soltou a risada mais feia do mundo. Chan era tão fofo e estúpido. Principalmente, fofo.

— Acho que só o Edward pode fazer isso — pontuou o mais jovem — Eu preciso tirar os filmes de Crepúsculo de você o mais rápido possível.

Chan riu alegremente, agora envolvendo seus braços ao redor de Minho, mantendo-o ali preso naquele abraço. Fazendo o possível para aquecer cada parte do Minho para que o frio não o atingisse.

Minho nem registrou o que estava saindo dele antes de falar: — Já te disse que quando era criança queria ser ator?

Ah, não disse não — Chan soltou, surpreso — Combina com você.

Complex - minchanOnde histórias criam vida. Descubra agora