Parte Dois: IV

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A cena que encontraram na sala de estar foi emocionante, para dizer o mínimo. Bastou uma olhada no Jisung dançando feito um louco com Hyunjin colado nele para Minho se animar ainda mais. O mesmo valeu para Chan, sorrindo amplamente ao ver seus amigos apenas se divertindo.

Realmente parecia mais uma de suas reuniões. Aquelas em que eles riam e conversavam a noite toda. Tudo entre eles vinha tão sem esforço que fazia Minho se perguntar como ele achava que sua festa poderia dar errado. Seus amigos tinham um desejo tão grande pela vida e às vezes isso contaminava o Minho. Às vezes os homens faziam Minho pensar que a vida vale a pena ser vivida, mesmo para alguém como ele.

Aproximando-se de seus amigos, Chan sussurrou a pergunta no ouvido de Minho: — Quer alguma coisa para beber?

Os olhos de Minho foram imediatamente para os amigos, a maioria com álcool nos copos. Honestamente, Minho realmente não era contra o álcool, mas era extremamente contra lembrar-se de seu pai. Mais uma vez, tentando pensar com clareza, Minho repetiu como um lema. Seus amigos não eram como seu pai. Eles nunca seriam.

Ele acabou assentindo para o namorado. — Suco de laranja, ok?

Chan assentiu de volta, beijando a bochecha de Minho antes de ir buscar a bebida. Observando o homem mais velho ir para a outra sala, Minho afundou em uma das cadeiras ali, tentando descansar um pouco.

Sentado ali e vendo Hyunjin e Jisung dançando uma música que tocava em volume baixo, arrancou boas risadas de Minho. Até que seus olhos se desviaram, olhando para as cadeiras espalhadas, os casacos e sapatos deixados para trás, as bolsas. Até mesmo a maneira como eles se sentavam e se moviam ali indicava o suficiente. Seus amigos se sentiam tão livres em sua casa. Minho se perguntou se eles se sentiam mais seguros lá do que ele. De qualquer forma, saber que ele poderia fornecer um lugar tão seguro que eles automaticamente se acomodavam, encheu o coração de Minho.

— Min — Felix se aproximou, sentando ao lado dele — Como você está se sentindo?

Hum, ótima pergunta...

— Bem, eu acho — Minho deu de ombros, o sorriso ainda em seu rosto.

Felix seguiu em frente, com um sorriso semelhante ao de Minho no rosto. — Acabei de lembrar que tem um novo restaurante italiano abrindo perto da minha casa, deveríamos jantar lá algum dia para conversar.

O corpo de Minho ficou um pouco tenso, mas ele conseguiu manter o controle. Mentalmente, ele deu um passo para trás para respirar. Era apenas um convite normal e inocente, sem pressão. Ele ia ficar bem.

— Ah, deveríamos mesmo — foi o que Minho acabou respondendo.

E não era como se Minho odiasse a ideia ou não gostasse de sair com Felix, mas essas promessas eram difíceis de cumprir. Aquelas semanas tinham sido difíceis, provavelmente porque a lembrança de sua mortalidade e de seus traumas era mais forte devido ao seu aniversário. Mas Minho ainda, mesmo nos dias normais, tinha uma doença mental incapacitante. Alguns dias ele estava bem e outros não. Então, promessas e agendamento de coisas eram muito difíceis para ele. Ele não queria decepcionar Felix.

— Sabe, se algum dia você sentir vontade de sair ou falar ao telefone, você sempre pode me ligar — sugeriu Felix, seu tom agora um pouco mais sério. — Eu sei que você normalmente faz isso com o Chan, mas se algum dia você sentir que não quer ficar com ele, eu sempre estarei aqui.

Minho sabia exatamente o que Felix queria dizer. A forma binária como a mente de Minho funcionava poderia ser extremamente imprevisível. Alguns dias ele não suportava nem ver Chan, quase como se estivesse enjoado dele. No entanto, ele nunca estava cansado de Chan. Minho estava apenas sobrecarregado com emoções negativas, incapaz de ver o bem em si mesmo e em qualquer outra pessoa, especialmente a pessoa mais importante em seu mundo. Chan também tinha conhecimento desses tipos de episódios e respeitava o espaço de Minho o máximo que podia, enquanto ainda se certificava de que Minho sabia que sempre estaria lá para ele.

Complex - minchanOnde histórias criam vida. Descubra agora