Parte um: I

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— Amor?

Minho estava ouvindo Chan, mas não conseguia prestar atenção. Ele não estava se sentindo lá em todos os sentidos da palavra. Seu corpo ameaçava se derreter até o chão, sua mente provavelmente ainda estava dez anos atrasada para aquela conversa. No entanto, seu corpo estava tentando o seu melhor para alcançar, estar no presente. Ele precisava. Caso contrário, Chan o deixaria.

Em um piscar, seus olhos mortos estavam se voltando para Chan novamente, o outro homem olhando para ele com cuidado. Chan estava esperando pacientemente por uma resposta, seus dedos acariciando a perna de Minho.

O pequeno sorriso de Chan era sincero. Ele não queria sobrecarregar Minho, então ele cuidadosamente perguntou novamente — Você tá bem?

Minho balançou a cabeça negativamente. Se outra pessoa tivesse perguntando, ele provavelmente teria fingido que estava tudo bem. Ele teria passado alguns minutos lá, morrendo por dentro, mas sem outra escolha à vista, então teria dado uma desculpa para ir para casa. Em casa, ele ainda iria se afundar em sua dor. Mas pelo menos quando ele estava lá, o medo constante era mais fácil de lidar. As pessoas em geral eram difíceis de lidar, muito maliciosas e imprevisíveis. Mas Chan era diferente, ele tinha que ser. E Minho confiava nele, ele precisava confiar.

Chan assentiu para si mesmo, processando a informação. Ele prosseguiu com cuidado novamente — Você quer ir para casa?

Minho apenas respondeu com um aceno de cabeça novamente. Ele não precisava usar palavras com Chan quando não queria. Então eles foram rápidos para ir embora. Chan pagou o jantar, pedindo à garçonete que embalasse o que eles não comeram. Logo, eles estavam no carro de Chan, indo em direção ao apartamento de Minho novamente. Os dois tinham saído há menos de uma hora.

Minho nem sabia por que não estava em casa agora. Não sabia por que concordou em ir a um restaurante. Ele já sabia que não poderia lidar com isso e a prova veio rápida. Havia muitas pessoas reunidas lá dentro, muitas vozes ao mesmo tempo. Minho odiava as pessoas falando umas sobre as outras. Isso fez seu coração palpitar. Isso o deixou tão desagradavelmente consciente de seu batimento cardíaco que ele só queria arrancar seu coração do peito.

Chan sabia muito bem disso. Ele havia sugerido que pedissem comida para viagem, mas Minho queria tentar ir ao restaurante de verdade. Chan não foi nada além de encorajador, mesmo estando preocupado. Ele sabia que não deveria ultrapassar os limites de Minho e também sabia como perceber os gatilhos de seu namorado rastejando sob sua pele. E com isso, Chan também aprendeu que era bom fazer coisas normais com o Minho. Afinal, o jovem ainda era uma pessoa normal, mesmo quando achava que não era.

— Eu estraguei a noite — disse Minho, apático no início. Chan já estava quieto nos primeiros dois minutos do passeio e isso estava começando a preocupar Minho. Chan tinha alguma coisa que queria dizer a ele? Ele tinha algo a reclamar?

Havia uma guerra acontecendo dentro do Minho, mas ele não conseguia entender seus sentimentos. Não importa o quanto ele treinasse com as ferramentas estúpidas que sua terapeuta lhe deu, ele ainda não conseguia.

— Não estragou, amor — Chan respondeu quase imediatamente, concentrando-se na estrada à frente deles. — Nós comemos bem, certo? Então não tínhamos mais motivos para ficar lá.

Minho olhou para Chan dirigindo. Isso não era possível. Por que Chan estava tão calmo?

— Eu estraguei a noite — Minho repetiu, sua voz tomada por soluços agora.

Por mais que as lágrimas escorressem pelo rosto de Minho, Chan permaneceu calmo. Ele calmamente tirou uma mão do volante, pendurando-a perto de Minho, que foi rápido em pegá-la. Segurar a mão de Chan o acalmava às vezes. Ajudava Minho a perceber que ainda estava no mundo. Isso ajudou seu corpo a se aterrar e suas emoções a ficarem mais claras de alguma forma. Mas às vezes não. Às vezes até mesmo a ponta dos dedos de Chan poderia fazê-lo entrar em pânico ainda mais. Minho ficava feliz que Chan sabia bem desse fato, sempre perguntando e dando a Minho a opção de se apoiar nele ou não.

Complex - minchanOnde histórias criam vida. Descubra agora