Parte Dois: II

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Minho acabou decidindo deitar na cama. Só então, ele processou como era melhor assim. Como era melhor ele não estar presente enquanto Chan cozinhava, considerando o que aconteceu no dia anterior. Esses tipos de episódios faziam Minho se perguntar até onde ele poderia empurrar seus gatilhos. Claro, você nunca pode se curar de algo sem realmente enfrentá-lo, mas Minho conseguia ficar sobrecarregado com tanta facilidade. Quão seguro ele estava no mundo, afinal?

A festa de aniversário era uma tentativa. Minho sabia que se dissesse a Chan que estava se sentindo sobrecarregado, seu namorado o apoiaria e cancelaria tudo. No entanto, Minho sentiu um certo peso sobre ele. Não apenas o peso de decepcionar todos ao seu redor, mas também o peso de decepcionar a si mesmo. E se Minho não pudesse evitar sabotar seu aniversário de alguma forma? E se ele estivesse destinado a arruiná-lo de qualquer maneira?

Sentindo seu corpo se retesar e seu coração palpitar, Minho decidiu se levantar da cama. Suas pernas o levaram de volta à cozinha, procurando por Chan. Ele não conseguia nem se lembrar de quanto tempo ficou em seu quarto, mas definitivamente foi um bom tempo.

Era realmente frustrante como a mente de Minho dobrava seu trabalho quando ele não estava fazendo nada. Provavelmente essa era a razão pela qual ele sempre precisava encontrar algo para fazer e se sentia extremamente culpado durante os episódios depressivos. Não ser capaz de fazer uma única coisa quando manter a cabeça ocupada o suficiente é o que o move, é muito difícil.

Procurando o vazio toda a sua vida, momentos para ficar no silêncio e no desconhecido, Minho teve o desprazer de o vazio ser o seu maior inimigo. Como ele poderia escapar do caos quando essa era a única maneira de sua mente não devorá-lo completamente?

Minho facilmente encontrou o namorado ali na cozinha, encostado no balcão e checando o celular. Duas grandes panelas estavam no fogão, mas Chan parecia estar esperando que elas ficassem prontas. Os olhos do homem mais velho estavam automaticamente em seu namorado quando ele entrou.

— Oi, amor — Chan murmurou, colocando seu telefone no balcão — Tudo certo?

— Estou um pouco estressado — Minho deu de ombros, ainda parado perto da porta.

— Em relação a festa?

Minho assentiu em resposta, aproximando-se um pouco de Chan.

— Sinto que vou estragar tudo.

Desta vez, Chan foi quem assentiu, processando a informação. Encontrou Minho no meio do caminho entre eles, abrindo os braços. O mais jovem mergulhou rapidamente, abraçando Chan com força e escondendo o rosto em seu pescoço.

— Eu prometo a você, tudo vai ficar bem. Eu me certificarei — Chan sussurrou no ouvido do outro homem — Somos apenas nós e os meninos. Todos nós queremos você seguro e feliz.

— Eu sei — Minho soltou — Só com medo de mim mesmo.

— Se você se sentir fora de órbita, só me diga e eu vou tentar te trazer de volta. E se no meio disso você não estiver bem, apenas me diga e eu mandarei todos para casa.

Isso era válido e Minho já sabia que Chan faria isso, mas era justo? Será que Minho precisava mesmo arruinar o clima de todos por sua própria desgraça? Minho sentiu que estava arruinando a felicidade de seus amigos só porque ele mesmo não conseguia ser feliz.

Chan se separou um pouco, olhando Minho nos olhos agora. — Por que você não toma um banho agora e começa a se arrumar?

Minho resmungou: — Só quero tomar se for com você.

A risada de Chan encheu a sala. Ele beijou a bochecha de Minho, acariciando suavemente o cabelo do jovem.

— Preciso terminar tudo antes de me arrumar — disse ele, apontando para as panelas no fogão — Mas tarde da noite, quando eles se forem embora, posso preparar um banho para nós. O que você acha?

Complex - minchanOnde histórias criam vida. Descubra agora