As Setes Chaves

Capitulo 5- Luto Interrompido

A partir daqui as coisas vão mudar, eu, a narradora que estava contando a historia irei virar apenas uma personagem, não tenho mais tempo para mostrar a historia para vocês, então agora irão ver tudo do ponto de vista do soberano em treinamento.

O corpo da minha amiga estava no chão, varias partes mastigadas e sangue escorrendo para todos os lados, antes que pudéssemos sequer chorar, uma mulher vai no corpo e enrola em um tipo de laço dourado e brilhante.

- ei.. o que você está fazendo – eu falo meio assustado.

- estou arrumando o corpo dela, não podemos deixar isso assim – diz a mulher agora retirando os laços e o corpo fica em um estado perfeito – infelizmente a alma dela já se foi, não se preocupem com os pais dela, eu resolvo isso, amanhã voltem aqui para eu explicar tudo, vocês tem esse dia para o luto mas coisas piores estão por vim.

- ela realmente morreu? – Jam fala em choque olhando pro corpo sem vida de sua irmã.

- hmm.. já vi que isso vai ser difícil, não tenho muito tempo, não queria ir por esse caminho mas é o único jeito – ela invoca vários laços que se enrolam na cabeça de todos, até que eles brilham, eu sinto como se a memoria sobre a Saori fosse sugada da minha mente mas o meu laço se arrebenta antes disso – é o esperado de um futuro soberano, aviso que seus amigos vão esquecer delas e sei que você sabe que é melhor por agora.

Por mais que eu realmente entenda o que ela quis disser, fingir que ela nunca existiu não é certo.

- Pera.. não tira a memoria deles, eu converso com ele, só leva eles pra casa e eu resolvo isso até amanhã – eu pego meu livro de historia regional, estudei nele por causa das olimpíadas de historia – você é uma soberana, não é? Tudo isso é real..

- Infelizmente não temos tempo hoje, vocês não deveriam passar por isso.. até amanhã, Lurk, explica tudo para eles – a soberana se vai e leva meus amigos para a casa deles, eu sabia que algum deles não aguentaria.. eu devia ter me preparado mais.

Chegando em casa, subo no meu quarto e guardo minhas coisas, pego meu celular e me preparo para o pior.. não temos tempo para luto.

Eu escrevo “sim, tudo foi real, a Saori se foi, mas isso é só o começo do pior, provavelmente só a gente vai lembrar dela.. até depois”

Após isso se passaram três dias, três longos dias, mal nos falamos nesse tempo, todos tiraram um tempo para si e enfrentar o luto. Hoje é quinta-feira, um dia comum para pessoas comuns porem não somos isso, é 13:30 quando todos chegaram no local planejado e ninguém estava com muita vontade de falar, mas eu precisava falar algo e esse sentimento crescia a cada momento, quando finalmente decido falar..

– Ah, todos já chegaram – disse a soberana – não lembro se falei mas, meu nome é Veridiana, sou a soberana atual e venho aqui ajudar na missão de derrotar a distorção e treinar o novo soberano.

– A gente precisa mesmo fazer isso agora? Não podia dar mais tempo? – Liz fala num tom exausto que nunca ouvi ela ter.

– Foi o máximo de tempo que eu pude dar, a primeira porta verdadeira se abriu e agora mais criaturas virão, não temam pois eu irei treina-los – Veridiana diz tentando animar a gente, um tempo se passa enquanto ela fala algumas informações – então nós soberanos usamos o protetor da realidade para enfrentar essas criaturas, todo soberano tem uma forma diferente pra esse protetor e normalmente tem haver com algo do próprio soberano.

Ela fala bastante sobre seres do espaço e outras coisas que não vão ser uteis, mas chegamos no ponto mais importante.

– Minha missão é ensinar o novo soberano à usar seus poderes, e como podem imaginar, é o Lurk, ele sentiu a presença de distorções nessa casa, faz muitos anos desde que um humano foi um soberano – ela continua falando mais historia antiga até voltar ao ponto – eu vou te ensinar como usar seu protetor e como ajudar os seus amigos.

Enquanto os outros ficaram treinando com suas armas, a Veridiana me falou que eu precisava primeiro encontrar o meu protetor dentro de mim, para isso eu fecho meus olhos e respiro calmamente, focando na minha mente e corpo, ao chegar no mais fundo e escuro lugar da minha mente eu me sinto preso por correntes e não consigo sair de lá, eu evito o pânico e começo à tentar controlar a correntes e soltá-las, lentamente elas começam a ter um brilho dourados e se moverem ao meu comando.

Eu acordo e todos estão ao meu redor, palavras douradas e brilhantes aparecem em todos os chãos e paredes em varias línguas humanas e alienígenas.

– Agora que descobriu seu protetor, pode moldar a realidade fracamente, você pode capturar e sugar a essência da distorção para criar novas coisas, é bem limitado claro, mas sei que saberá usar – ela começa a olhar para todos – eu irei abençoar vocês com meu protetor por alguns dias, mas depois disso, é com você, Lurk – ela dá beijinhos nas nossas testas e saí brilhando e virando pó.

Já é 17:15, todos estão cansados de ficar treinando e alguns ainda estão desnorteados com os eventos passados, mas eu precisava falar com eles.

– Vocês ultimamente viram algo de estranho ao seu redor? – eu digo reunindo o resto de coragem que tenho.

– Não – todos respondem em uníssono, o que seria engraçado em uma situação normal.

- Bem.. tomem cuidado e uma ultima coisa antes de irmos – eu pego o sangue dos ratos que morreram ao eu ativar meu protetor na casa e transformo num liquido dourado, dando um pouco para todos – usem isso para se protegerem caso preciso.

Foi um dia sem muitas palavras trocadas por nós, entretanto sabíamos que muito ainda estava por vir e precisaríamos conversar mais sobre, ao chegar em casa e fechar a porta, vejo na janela, dois olhos brancos me encarando no outro lado da rua, estava escuro demais pra ver seu corpo mas parecia baixo e quando eu me viro e olho de novo, mais cincos pares de olhos me observava, lentamente escurecendo minha logica e razão.

O que fazer quando nada se pode fazer?
Lutar ou fugir, qual a diferença?
Vão todos morrer!
Ninguém pode evitar!
Mas não desista!
Desista!
Pare de lutar!
Fuja!
Não leia mais..
Desista..
Bons finais não existem
Ou será que existem?

Minha mente se recupera e caio no chão, varias palavras passavam na minha mente com diversas vozes que nem sequer eram minhas, eu corro para o banheiro e começo a vomitar, tomo um banho e minha mente se alivia, ao lentamente esquecer as palavras, talvez eu não durma bem essa noite.

Fechem as portas e janelas, eles querem entrar..