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Era uma manhã ensolarada, bonita. Finney acordou e se esticou preguiçosamente, enquanto ouvia os gritos de seu pai no andar de baixo. Não era uma manhã muito agradável para si, porém, ele já estava acostumado com toda aquela situação.

Se levantou e foi até as escadas, olhando de relance para baixo, estava com medo de Terrence vê-lo. Ele conseguiu ver seu pai jogando o controle da televisão contra parede. Causou um barulho um tanto quanto estrondoso, Finney sentiu uma leve dor em seu ouvido, mas nada que fosse tão grave.

Afinal, ele estava acostumado.

— ACORDA A PORRA DAQUELE GAROTO, GWENDOLYN. — Mandou ele. Gwen apenas assentiu com a cabeça e subiu as escadas, encontrando seu irmão.

— Finni? Por que ainda não se arrumou? — Perguntou, mas o loiro nem se deu ao trabalho de responder. — Desculpe, esqueci que não é sempre que você fala.

Ele apenas a olhou, não disse nada. Não diria que achou seu comentário um pouco ofensivo, ele não conseguia dizer nada pela manhã. Voltou para seu quarto e fechou a porta cuidadosamente, Finney sempre foi assim, estranho aos olhos de quem não o conhece. E ninguém o conhecia realmente, ninguém fazia questão de conhecê-lo. Ninguém iria querer fazer amizade com o garoto mais estranho da escola.

Agora, em uma nova escola, ele estava com medo. Muito medo. Pavor do que poderia acontecer, novas pessoas, novos professores, e principalmente... Novos bullies.

Finney era bastante criticado, muitos o chamavam de "mudinho" por ele não dizer uma palavra sequer, ou "frutinha" pelo seu jeito delicado de ser, que acabava se tornando um tanto quanto afeminado. O loiro nunca se cobrou em relação a sua sexualidade, na verdade, ele nunca pensou muito nisso. Gostar de alguém estava fora de cogitação, e mesmo se ele se apaixonasse, seria inútil. Ninguém iria querer algo com Finney, ele era esquisito.

Mesmo assim, se achava novo para entrar em um relacionamento.

Ele abriu seu guarda-roupa com calma, pegando uma blusa de frio branca com gola alta, uma calça moletom bege, junto de um par de meias brancas e suas roupas íntimas. Fechou a porta de seu guarda-roupa e se dirigiu até o banheiro, fazendo sua higiene bucal e logo depois tomando um bom banho, onde deixava a água morna correr e lavava os cabelos, relaxando completamente.

Após tomar banho, ele se vestiu e foi até o espelho. Era estranho, ele não conseguia se ver. Na verdade, ele conseguia ver seu reflexo perfeitamente, mas não conseguia se encontrar no espelho. Sempre foi assim, ele nunca conseguiu se enxergar completamente. Penteou seus cachos os deixando definidos, seus cabelos tinham uma cor duvidosa, às vezes tinha um tom mais avermelhado, e às vezes... Bom, às vezes ele ficava mais puxado para o amarelo, deixando-o louro.

Finney era realmente adorável, mas ele não conseguia ver isto.

Calçou seu tênis que era branco, logo depois pegou sua mochila, a colocando nos ombros com cuidado. Saiu do quarto e fechou a porta, descendo as escadas um pouco receoso. Seu pai odiava que ele se atrasasse, por mais que ele não se importasse com seus filhos. Depois que sua mãe morreu, pasmem, tudo mudou.

Chegou na sala, seu pai o encarou, o olhando com puro desgosto e reprovação. Por que tanto ódio? Finney pensou, mas ninguém era capaz de responder aquela pergunta.

❝ 𝐌𝐔𝐓𝐈𝐒𝐌 & 𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐄𝐓𝐓𝐄𝐒. ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora