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Finney não sabia oque dizer, então o silêncio constrangedor ficou ali durante um tempo. Somente o som das nossas respirações profundas, nós dois estávamos nervosos. Gwen percebeu o clima, e entrou no meio de nós, nos encarando enquanto eu estava mais confuso que o Vance numa prova de matemática.

— O Finney tem mutismo seletivo. Ele não consegue falar na maior parte do tempo, mas ele não é mudo como vocês pensam, ele só tem... dificuldade — Gwen disse enquanto acariciava um cachorro em seus pequenos braços.

— Ahn... Ah — murmurei — Então ele só fala quando quer?

— Ironia da sua parte conversar sobre mim, ignorando o fato de que estou bem à sua frente, Robin — O loiro cruzou os braços.

— Sua voz é incrível... — elogiei hipnotizado. Mas logo percebi oque eu havia acabado de dizer — Quer dizer, ahn-

— Robin. Eu tenho um problema psicológico, sou diagnosticado com mutismo. Você pode não entender agora, mas, não tem problema, qualquer dia desses podemos conversar com mais calma, certo?

Por que sinto que as minhas bochechas estão tão mais vermelhas agora? Era isso mesmo que eu estava ouvindo? Ele disse que vai conversar comigo depois?

— Pode... Pode ser — Falei baixinho, quase imperceptível. Finney sorriu e abaixou a cabeça envergonhado.

Ele sorriu para mim.

Ele sorriu. Mostrou seu sorriso tão lindo, que não deveria esconder do mundo. Ele deveria sorrir todos os dias, a toda hora. Ao ponto de suas bochechas doerem de tanto sorrir. Todos deveriam ver seu sorriso, porque esta maravilha não deveria ser escondida de todos. Nunca.

Ficamos nos encarando durante algum tempo, no caso, eu encarando ele com a minha cara de bobo. Ele estava apenas me olhando como se não entendesse nada.

— Robin, se você não se importa, precisamos subir. Nosso pai está perto de chegar e ele não gosta muito quando trazemos visitas sem a presença dele — Revelou.

— Tudo bem, desculpe — Falei, ainda hipnotizado pelo sorriso no qual o garoto loiro dos cabelos enrolados me lançou. Por que ele tem que ser tão lindo, tão frágil?

Sinto a sensação de que quero pegar ele e guardar dentro de uma gaveta, para que ninguém o machuque. Tento ao maximo ficar na cola do babaca do Freddie e seus dois amigos acéfalos, mas não tenho como protegê-lo a toda hora, e isso dói mais que bater o dedinho na quina da mesa ou ralar o joelho. É uma dor superior, a dor de não poder tê-lo para mim.

Essa é com certeza uma das piores dores que já senti.

— Tchau, Robin — Finney acenou.

— Tchau... se cuide — Falei em voz baixa, enquanto ele sorria pequeno e fechava a porta de madeira, com alguns detalhes dourados do lado de fora e um olho mágico.

Robin, Robin, Robin.

O jeito no qual ele fala meu nome repetidamente me deixa fraco. Faz com que eu me derreta, ou me congele. Ou talvez os dois. Me sinto flutuar, enquanto me despedaço por inteiro, sentindo meu coração acelerado dentro de meu peito e meu corpo inteiro se encontra arrepiado.

❝ 𝐌𝐔𝐓𝐈𝐒𝐌 & 𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐄𝐓𝐓𝐄𝐒. ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora