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Já passavam das duas e eu estava muito nervoso. Talvez ele não viria, ou talvez estava somente atrasado? Eu não sei. Tudo bem que ele só está a dois minutos atrasado, mas eu reparo nos mínimos detalhes.

Andei de um lado para o outro, encarei o espelho para ver se eu estava apresentável. A resposta é óbvia.

Eu estava com uma camisa branca escrito "Belive" junto de uma calça moletom cinza, uma bandana preta prendendo meu cabelo e um par de meias brancas. Não sei se ele gosta de rock, mas eu coloquei no disco para tentar relaxar. Não deu certo, mas oque vale é a intenção.

A campainha tocou, dei um pulo do sofá e fui atender. Abri a porta e lá estava ele.

Finney estava mais lindo que o normal, se é que é possível, porque ele sempre está bonito. Ele usava uma calça jeans escura, moletom azul com um astronauta estampado e seu All Star azul. Seu cabelo estava com os cachos definidos, o deixando deslumbrante.

— Oi Finney, pode entrar — sorri encantado, ele apenas assentiu e entrou.

Fechei a porta e percebi que ele também carregava sua mochila. Droga, esqueci que iríamos ter que estudar, afinal, foi por isso que ele veio até aqui, para me ensinar matemática e nada mais.

— Ei, você curte rock? — pergunto apontando para o disco.

— Não muito, na verdade — responde meio desconcertado.

— Ah, entendi — sussurrei meio sem graça — Vamos subir para o meu quarto, lá é mais confortável e meu tio não enche o saco — revirei os olhos e ele sorriu fraco.

Subimos as escadas e entramos no quarto, Finney me encarou como se pedisse permissão para sentar-se. Deus, como esse garoto é adorável. Eu apenas sorri ladino como se desse a permissão para ele se sentar, e foi oque ele fez. Um pouco receoso, mas fez.

Peguei os livros que estavam na minha mochila e os coloquei sobre a cama, me sentei com pernas de índio ao lado de Finney, que ainda encarava um dos meus cadernos e coçava a cabeça.

— Robin — chamou-me.

— Sim?

— Isso aqui é matéria de dois anos atrás. Você não sabe nem o básico da matemática? — perguntou meio sem jeito. Eu ri baixo, mas foi de vergonha.

Ele descobriu meu segredo.

— É... mas em minha defesa, eu faltava bastante quando estava no México — me defendi.

— Veio para Denver recentemente? — perguntou. Seus olhos curiosos num tom perfeito de castanho se cruzaram com os meus, dei uma leve vacilada desviando-me de seu olhar algumas vezes, oque fazia ele me encarar mais confuso.

Confesso que me senti nervoso apenas com seu olhar sobre mim. Acalme-se, Robin. Céus.

— Eu... é, sim — respondi depois de algum tempo.

— Sabe, eu sempre quis viajar para outro país, mas meu pai gosta bastante de Denver e não pretende se mudar tão cedo — revelou meio chateado.

Me senti culpado por não conseguir respondê-lo imediatamente, porque eu estava apenas recapitulando o quão inexplicavelmente perfeita sua voz era, e, obviamente ele se calou, como se tivesse falado demais.

❝ 𝐌𝐔𝐓𝐈𝐒𝐌 & 𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐄𝐓𝐓𝐄𝐒. ❞Onde histórias criam vida. Descubra agora