❝ 𝐌𝐔𝐓𝐈𝐒𝐌 & 𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐄𝐓𝐓𝐄𝐒. ❞

08

𝒇

Acordei com a claridade da janela e o barulho do despertador. Abri os olhos com dificuldade ainda me acostumando com a claridade, olhei para o lado e vi que Robin não estava na cama, ou seja, já havia acordado.

Eu fiquei bastante confuso com oque aconteceu ontem, eu não sei se sonhei, ou se realmente aconteceu. Pensei até em chamá-lo e perguntar, mas tenho medo de ter sido coisa da minha cabeça.

Eu sabia que dois garotos poderiam se beijar, eu só não pensei que Robin faria isso, muito menos comigo. Achei que as pessoas beijavam quem elas estavam supostamente apaixonadas e... Bom, Robin não está apaixonado por mim. Chega a ser engraçado pensar nessa possibilidade.

Não acho que eu tenha sonhado, pois parecia bem real. Só estou tentando achar alguma forma de descobrir o porque ele fez isso, e quais são as reais intenções do mesmo.

Após fazer minha higiene pessoal, fui até o andar de baixo. A televisão estava ligada, mas as luzes estavam apagadas, então a sala só estava iluminada pela luz que entrava pela janela da cozinha.

Vi Robin sentado na mesa de jantar, ele estava comendo um pedaço de bolo enquanto olhava para o nada.

— Bom dia — falei enquanto me sentava na mesa também.

— Que susto, Finn — ele colocou a mão no peito e riu. Continuei sério pensando no que aconteceu ontem — Bom dia, pegue um pedaço de bolo.

Neguei com a cabeça, minha barriga estava doendo pelas comidas gordurosas de ontem.

— Preciso conversar com você — revelei.

— Eu também preciso... falar com você — ele engasgou um pouco, e logo me olhou esperando eu falar.

— Pode falar primeiro.

Ele largou as talheres e apoiou a mão na mesa. Vi que suas mãos tremiam e ele respirava fundo.

— Olha só, Finn... eu... — iniciou — Eu gosto muito de você, no início eu pensei que era somente uma admiração pela pessoa que você é, pela sua personalidade. Mas com o passar do tempo eu comecei a perceber que ficava nervoso com a sua proximidade, mesmo com você o mais longe possível. Basta ter você no meu campo de visão, que minhas mãos começam a suar e meu coração dispara e...

Ele para, respirando com dificuldade por falar rápido demais.

— E eu comecei a pensar na possibilidade de estar apaixonado por você, porque eu li em alguns livros que é exatamente assim que você se sente quando está gostando de alguém. Eu procurava fazer coisas nas quais você também fazia, só para ter algum assunto com você. Eu cheguei a ler um livro que você pegou na biblioteca para ler, somente para conversar com você sobre ele, e dizer que o final é péssimo. E eu nem gostava de ler.

— Robin, eu...

— Finney, eu estou apaixonado por você. Eu não espero que você sinta o mesmo, e nem que se obrigue a sentir. Eu só quero que você saiba disso. Quero que saiba que eu me importo com você, e que estarei aqui, ao seu lado, todas as vezes em que você precisar de alguém.

Eu estava paralisado, não conseguia dizer nada. Minha única reação foi ficar calado, não porque eu não conseguia falar, mas sim, porque pela segunda vez, Robin tirou todas as minhas palavras. Não somente pela declaração repentina, e sim porque ele selou nossos lábios.