Era sombrio e nostálgico estar de volta a Hogwarts.
Sombrio por que haviam se passado apenas alguns meses desde o fim da guerra e tudo o que sucedeu – em que tantos bons amigos foram perdidos, dentro e fora daquelas paredes.
E nostálgico por que, bem, era Hogwarts, o lugar mais mágico do mundo para Hermione – suas salas de aulas onde ela aprendera tanto, a melhor biblioteca que alguém poderia pedir e tantas boas lembranças apesar dos constantes desafios mortais.
Ela estava feliz por estar lá, de fato, ela amava Hogwarts e provavelmente sempre amaria, mas pelo menos uma vez, Hermione precisava que aquele ano escolar fosse perfeito. Ela precisava de paz e tranquilidade para poder seguir em frente, superar as memórias ruins e preservar apenas o que havia de bom.
Estes eram seus planos.
Não a incomodou que Harry e Ron decidissem ficar no programa de Aurores, verdade fosse dita, ela ficou aliviada com isso, já que não possuía mais disposição para correr atrás de Harry ou suportar o clima estranho que havia permanecido após o fim do curto – brevíssimo – relacionamento com Ron.
Ronald Weasley precisava aprender a superar seu orgulho ferido, algo em que historicamente ele nunca foi muito bom, porém não havia realmente nada a ser feito – no final das contas, a verdade decepcionante era que após duas semanas tentando dar sentido ao relacionamento, Hermione percebeu que depois de tantos anos ansiando Ron, finalmente tê-lo para si não a fez sentir-se como ela esperava.
Não haviam fogos de artifícios ou borboletas agitadas em sua barriga. Ron continuava sendo quem sempre foi, e estar com Hermione não o tornou melhor ou pior.
Isso a fez perceber que não adiantava tentar impor caprichos ao destino, o papel dela naquela vida era ser amiga de Ron, algo além disso não faria sentido para nenhum dos dois.
E eu sempre o amarei como amigo – foi a última coisa que ela disse a ele antes de partir para Hogwarts.
No entanto, foi um alívio quando Ginny, que sempre a apoiara, decidiu voltar com ela para completar o oitavo ano.
Ginny Weasley era a quantidade perfeita de humor, indulgencia e atrevimento. Não haveria companhia melhor para um ano perfeito em Hogwarts – nenhum comportamento autodestrutivo à vista, apenas fofocas, bobagens e risadas.
Também não era ruim que dessa vez haveriam quartos individuais para os alunos que decidiram terminar os estudos - o que não foram muitos. Na contagem geral haviam dez alunos da grifinória, doze alunos da corvinal, sete alunos da lufa-lufa e apenas dois alunos da sonserina – o que alguns disseram que ainda eram muitas cobras.
Hermione não sabia se concordava com essa afirmação em particular.
O que ela sabia era que, Draco Malfoy, obrigatoriamente deveria concluir seus estudos em Hogwarts como parte da sua condicional, ele também teria a sua varinha semanalmente vistoriada e não poderia sair dos terrenos de Hogwarts sem a devida permissão.
Hermione também sabia que ele havia se declarado culpado pelos crimes de guerra e que teria cumprido prisão em Azkaban ao lado de Lucius Malfoy, se dois heróis de batalha não houvessem testemunhado a seu favor.
Ela sabia que naquele mesmo dia, algumas horas depois de seu julgamento, duas corujas com cartas separadas foram enviadas para os dois heróis.
A primeira, recebida por Harry Potter, era curta e honesta.
Sou grato, Potter, mais do que um dia saberá.
Eu gostaria que tivesse apertado a minha mão, todos aqueles anos atrás.
A segunda carta, recebida por Hermione Granger - ela, continham vários pergaminhos levemente amarrotados, com manchas de tinta espalhadas e pequenas palavras escritas nas bordas.
O conteúdo; agradecimentos, perdão, medos e desejos, seria algo que Hermione guardaria para sempre, com o cuidado singelo de um bem precioso.
Ela teria respondido a carta, se não fosse o pedido no final.
... e pelo o que conheço de você, coração compassivo como é, sei que provavelmente está se preparando com determinação ferrenha para responder a estas linhas, pronta para dar um perdão que não mereço e um conforto que não sou digno, mas peço que não o faça.
Peço que leia minhas palavras e as deixe permanecer no espaço onde estão.
E somente assim, finalmente, teremos algo de bom e imaculado entre nós.
Para sempre seu desprezível e quebrado, D.M.
Além das lágrimas quentes que caíram naquela noite, era somente isso que Hermione sabia.
E quanto a Theodore Nott - a outra cobra, sobre ele Hermione não sabia de nada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um ano perfeito em Hogwarts
RomanceAquele seria o último ano em Hogwarts de Hermione e ela planejava que fosse perfeito. Ela só não esperava que isso incluiria Draco Malfoy.