— Desculpa. — Foi a única coisa que Jisung disse antes de sair da biblioteca as pressas, deixando Minho para trás.
O sentimento de dor no peito de Jisung o incomodava, seu coração esquentando em meio ao beijo, seu corpo sendo conduzido sem ordens, estava tudo errado. Não era para aquilo ter acontecido.
Merda.
O que foi que fiz?
Jisung tocou os próprios lábios, enquanto caminhava sem rumo pelo palácio, sua boca estava tremendo, uma onda de pânico e decepção subiu pelo corpo do garoto. Escutou seu nome ser chamado por Minho, mas o ignorou e continuou caminhando em direção a seus aposentos.
— Jisung! — Minho segurou o pulso do príncipe, o fazendo parar. Jisung não conseguia o olhar em seu rosto, estava envergonhado por suas ações. — Olha para mim, Han. Por favor. — Minho pediu, sua voz estava tremula, Jisung olhou de relance ao rosto do oficial, seus olhos estavam levemente vermelhos, sua respiração estava curta e tremula. Minho parecia querer chorar.
O peito de Jisung apertou.
Ali estava; como se Jisung não estivesse lutando contra sua própria mente, quantos dias, noites, semanas se passaram para que chegasse a esse ponto, e ainda assim, seu peito estava doendo.
O príncipe planejava falar algo, abaixou a cabeça e fitou os próprios pés, mordiscou o lábio inferior e suspirou alto. Olhou nos olhos do oficial, e quando as palavras começaram a sair, em mais um pedido de desculpas, Jisung teve seu braço puxado.
— Você vem comigo. — Felix puxava Jisung as pressas, olhou para Minho confuso, não sabia porque essa atitude de Felix, porem, era uma ótima forma de evitar o Lee e organizar seus pensamentos.
Foi empurrado para dentro do Hanok, o eunuco fechou a porta e todas as janelas e pediu para Jisung sentar-se.
Ainda confuso, olhou para o eunuco, este que já o olhava, aquela sensação de julgamento invadiu seu corpo, parecia que o eunuco sabia tudo o que passava em sua mente, como se soubesse exatamente o que tinha feito. Jisung franziu o cenho, Felix nada falava, apenas o olhava, e isso estava deixando o príncipe um tanto quanto desconfortável naquela posição. Com uma frase muda, Jisung perguntou ao eunuco o que ele queria.
— Você... — Felix desviou o olhar, como se estivesse procurando algum bisbilhoteiro. — Você é um safado, Han Jisung. — Exclamou baixo.
— Quê? — Jisung arregalou os olhos com aquela afirmação feita pelo amigo.
— Isso mesmo, um safado. Na biblioteca Jisung? — A ficha de Jisung caiu, Felix vira o que aconteceu mais cedo. Sentiu suas bochechas esquentarem e desviou o olhar pigarreando. — Nem tente desviar do assunto, eu vi tudo, pode me contar.
— Mas você não acha isso errado...? — A sua voz falhou, mordeu o lábio inferior tentando controlar as lagrimas quererem aparecer.
— Se você for feliz, não é errado. — Felix segurou a mão do príncipe a acariciando. — No vilarejo em que morava, tinha um casal muito fofo, eu só os via de madrugada, já que era o único horário em que ninguém estaria nas ruas, eles sempre observavam a lua, e durante o dia, agiam normal, mas sem trocar caricias. Se apaixonar por alguém do mesmo gênero não é errado Jisung. — Entrelaçou os dedos aos do príncipe. — É mais normal do que você pensa, todavia, são poucos aqueles que aceitam.
— Você não se importa?
— Jisung — Felix riu fraco. — Tenho tantas coisas mais importantes para me preocupar, por que iria ligar para quem você beija?
— Mas...
— Já viu como ficam seus olhos quando o vê? Quando fala com ele, você fica radiante, parece que esquece o mundo ao seu redor, e entra em transe, um mundinho onde só existe Han Jisung e Lee Minho.
Jisung tinha muito o que pensar, mas tudo parecia estar embaralhado em sua cabeça, a única coisa que fazia sentido, era a cena de mais cedo, os lábios do oficial e o corpo quente colado ao seu. Por mais que Jisung estivesse abalado com as recentes descobertas e acontecimentos, quando ele pensa em Minho tudo parece parar.
— Esta pensando em Minho, certo? — Felix questiona.
— Estou. — Jisung riu fraco, fora realmente pego por seu melhor amigo?
— Me conte tudo. — O eunuco sentou-se mais próximo ao príncipe para escutar tudo o que ele tinha a dizer.
— Eu nunca me senti assim, parece que fui aos céus, Felix! — Jisung se animou e começou a contar tudo para o amigo.
— Ele beija bem?
— Muito.
Sem se importarem com mais nada, os amigos ficaram nos aposentos até o dia começar a cair, conversando sobre os sentimentos de Jisung e o que poderiam fazer. Questionaram se Minho também se sentia da mesma forma que Jisung, chegando a conclusão que seria melhor ir com calma. Jisung estava feliz, não imaginava que poderia ter alguém para contar algo dessa forma, algo tão íntimo que poderia, por muitas pessoas, ser dado como errado.
Mas Felix apenas ignorou o fato de ser um homem, não uma mulher. Como se aquele fator fosse apenas algo pequeno em meio a tanta coisa acontecendo, deixando Jisung confortável, e talvez, aceitando quem realmente era.
Passado algumas horas, Jisung andava pelo palácio procurando por Minho. Estava de noite, levava um lampião e olhava em todos os possíveis locais onde o oficial poderia estar, porem, Minho não estava em nenhum deles.
Sua última lembrança de algum lugar que Minho frequentava era o campo de treinamento, não imaginava que o oficial estaria lá a essa hora da noite, mas sentiu que deveria checar.
O príncipe caminha em direção ao centro de treinamento, as velas estavam acesas, e a silhueta de Minho estava no meio do campo. Ele segurava uma espada de madeira, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e o hanbok estava meio aberto, um completo caos. Mas um caos apaixonante.
Ele sempre observava os oficiais e espadachins praticando, e isso deveria ser entediante. Não deveria provocar nenhum tipo de ímpeto carnal ou visceral de beijar os lábios daquele ali presente.
Mas Minho impulsiona a espada com toda a sua força, como se não fosse um boneco de madeira, e sim um inimigo de verdade. Minho está suado, mesmo com o frio que estava fazendo esta noite, o suor escorria pelo pescoço de Minho. Suor escorrendo pela testa de Minho até sua garganta é extremamente, hm... bom, exatamente assim.
Colocou o lampião no chão e viu o oficial largar a espada e sentar no chão. Pegou uma das espadas e caminhou até ele, seu coração apertou ao vê-lo esfregar os olhos, parecia estar contendo as lagrimas.
- O que está fazendo aqui? - Assustou-se com a fala do mais velho, ele ter notado sua presença em pouco tempo deixou Jisung minimamente feliz, mas ainda com o coração apertado. Ficou em frente ao oficial e ergueu a espada de madeira o mostrando e perguntou;
— Luta comigo?
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Secrets 秘密 | Minsung EM REVISÃO
RomansaJisung não sabia que ao segurar aquele arco, a flecha do amor o acertaria. "Eu quero dar o tiro certo em você e deixar você na minha mão" [秘密] ─ ⌑ ── ⌑ ── ⌑ ── ⌑ ── ⌑ ── ⌑ ─ ⌗ ˓ ִ+16 ִֶָ Myunwalk © 2022/23 Revisões a partir de 2025.