Capítulo 8

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O calor começava a derreter-me, Chris ajudava-me a estudar para o exame de admissão, mesmo com esforços extremos era-me impossível manter a concentração, a minha cabeça latejava, o suor escorria-me pelas faces e pelo resto do corpo, fazendo com que as roupas finas e frescas se colassem ao corpo, não chegara ainda o Verão, ainda à poucos dias tinha saído com os meus pais e com o Chris para passar o Ano Novo perto do mar depois de ir ao templo, uma tradição que existia desde à muitos anos no Japão. Lembro-me que o Chris não ficou nada agradado com o barulho dos fogos-de-artifício, parecia tremer a cada explosão e não cessava. Não tive coragem de lhe perguntar sobre isso, talvez mais tarde ele contasse por si mesmo.

O meu corpo pendeu para trás na cadeira de madeira escura, almofadada extremamente confortável. O meu cérebro acabara por fritar com aquele calor, estava incapacitado de processar informações, havia milhares de células cerebrais mortas, queimadas por aquele corrente de calor. Christian pacientemente suspirou e aconselhou:

- Já chega por hoje. - concordei afirmativamente e ele continuou. - Estreamos a piscina?

De repente senti o meu corpo recuperar forças que antes nem sequer existiam, levantei-me da cadeira e com um olhar desafiador exclamei:

- Quem chegar primeiro, faz do outro escravo.

Eu estava com vantagem! Christian tinha que pedir uns calções ao meu pai porque de certeza não tinha trazido consigo e eu já tinha ido com a Megan abastecer-me para uma situação destas. Corri para o quarto e troquei-me num ápice enquanto ouvia Christian ainda no andar de baixo. Vitória garantida!

Desci as escadas já com uns chinelos azuis simples e um bikini igualmente azul claro. Não havia sinais do Chris no primeiro piso, devagar dirigi-me para o exterior da casa, quando abro a porta sinto alguém agarrar-me, Chris estava atrás de mim e acabara de puxar-me contra o seu corpo, fazendo-me perder o chão pega-me ao colo e corre descontroladamente até à piscina, salta e faz-me mergulhar com ele. O meu corpo frágil debateu-se para conseguir vir à superfície enquanto a água se entranhava pelo nariz e provocava uma sensação desagradável e de pânico. Senti-me puxada e ao abrir os olhos deparei-me cara a cara com o olhar e sorriso trocista daquele idiota que tinha feito com que eu mergulha-se sem ter hipótese de tapar o nariz. Christian rodeava-me a cintura com os seus braços e pressionava o seu corpo contra o meu, gentilmente. Não sabia ao certo o que achar daquela situação, não queria que ele se afastasse, eu não sabia nadar e era ele que fazia com que eu pudesse boiar, mas sentia-me desconfortável com a respiração dele demasiado perto da minha cara.

O meu coração disparou quando Chris apertou mais o meu corpo e aproximou as nossas faces, os nossos narizes quase que se tocavam e em câmara lenta vi o seu rosto aproximar-se aos poucos... Encostou os lábios no meu ouvido e sussurrou:

- Ganhei o desafio, posso fazer-te minha...

Deixou a frase a meio e começou a rir-se compulsivamente enquanto eu o esmurrava e chamava-lhe todos os nomes que me viessem à cabeça.

- Calma flor. - disse Chris para provocar-me mais um bocado.

Foi a gota de água, comecei a tentar aleija-lo a sério, com pontapés e murros ou chapadas até ele se render e pedir desculpa.

Ainda estávamos em pleno Inverno, aquele dia era apenas uma exceção em que a temperatura do nada decidiu aumentar drasticamente. Os ânimos acalmaram e eu apenas segurava nas mãos de Chris e batia os pés de baixo da água para me manter à superfície. Surgiram conversas sobre o tempo, Chris nunca pensara mergulhar no Inverno, não estava assim muito calor, a casa era quente, ao mínimo aquecimento fora dela, duplicava a temperatura porque na rua sentia-se frio, aquele frio ainda de Inverno, mas não tão gélido. Depois surgiu um assunto mais delicado, faltava pouco para a chegada da mãe dele, brevemente a rotina que tínhamos criado ia desaparecer. Para fingir que estava a consolar-me Chris começou a dizer que me iria visitar para eu não ter saudades, mas nesse fingimento, realmente eu ficara aliviada, afinal ele acabara de dizer que não ia esquecer-me e que vinha ver-me, era reconfortante.

Via-o como um irmão que nunca tive, era uma algo agradável se parasse para pensar e comparasse como era a minha vida antes e agora ao ter alguém comigo que me protegia e lida comigo como se nos conhecesse-mos desde crianças.

A minha barriga avisou que era horas de comer e para lhe fazer a vontade fomos lanchar. Megan como sempre já tinha preparado sandes e leite com chocolate para nós, ainda nos perguntou o que andámos a fazer e Chris respondeu simplesmente "piscina" e olhou para mim de soslaio apenas para me chatear. Era a personalidade dele, calma quando não tinha grandes confianças com a pessoa, mas ficava perto de se tornar um diabo quando estava à vontade, se contasse a Megan como ele era acho que ficáva a pensar que sou mentirosa, mas gosto dele assim, embora diferente do que eu pensava antes, era um rapaz encantador à sua maneira.




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Demorou mas já tá mais um capítulo, este mais pequeno porque é apenas um dia, um acontecimento para mostrar a proximidade dos dois.

Ainda querem que o Simon volte? ^^




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