Capítulo 19

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- Querida, tens um amigo à porta. - diz a minha mãe aproximando-se de mim e beijando-me a testa para acordar-me.

Espreguicei-me da melhor maneira que pude, ainda na fase de acordar e voltar a dormir. Tirei os cobertores de cima de mim e rebolei para o lado até ficar à ponta da cama. Levantei-me devagar e fui até à casa de banho, lavei a cara e ao olhar para o espelho notei as olheiras que se formavam a baixo dos olhos fazendo-me parecer extremamente doente.

Era fim-de-semana, não tinha aulas e ia aproveitar para descansar um bocado a cabeça, talvez dormir durante a tarde, já que a noite foi tão difícil, falar com a Megan e saber o que ela pensa disto tudo e talvez a minha mãe também queira falar comigo e essa vai ser a parte mais penosa deste dia.

Lembrei-me do que a minha mãe tinha dito e tentei ficar minimamente apresentável, quando voltei ao quarto encontrei a Megan a dispor roupa em cima da minha cama: Um vestido verde claro, muito simples e justo que eu nem sabia que tinha e uns Vans verde-água que combinavam bem com o vestido. Não percebi o porquê daquela situação, nem precisei de perguntar para Megan esclarecer:

- Um amigo teu está lá em baixo e pediu aos teus pais para te levar durante umas horas. Acho que vão a um parque daqueles de diversões no centro da cidade. - fiquei confusa. Um amigo? Não era Chris?

Não podia demorar muito tempo, então tomei um banho rápido, vesti-me tal como Megan queria e quando estava a sair da casa de banho, ela aparece de novo e quase que me obriga a entrar.

- Nem penses que vais ficar com essas olheiras! - reclama Megan com um olhar desaprovador.

Afinal o que é que eu podia fazer contra as olheiras? Não tive culpa de não conseguir dormir! Megan puxou um banco para me sentar e obedeci, não era bom recusar quando ela estava séria, apenas devia confiar nela e ver o que iria acontecer. Agarrou numa caixa enorme e colocou em cima da pequena mesa, ao abrir fiquei estupefata com a quantidade de círculos e quadrados de cores que existia ali, havia vários utensílios que eu nem sabia o que eram, mas deixaram-me intrigada.

Fechei os olhos quando a Megan pediu, tentei não pestanejar quando ela ordenou, fui fazendo sempre o que ela pedia sem nunca me aperceber do que ela estava a fazer. Ao fim de alguns minutos que pareceram horas ela colocou um pequeno espelho à frente do meu rosto e eu fiquei sem palavras. Os meus olhos verdes sobressaiam-se mais do que antes, as olheiras haviam desaparecido e haviam tons de preto espalhados a baixo das sobrancelhas, quase não me reconhecia, de uma maneira boa como é óbvio. Achei-me simplesmente adorável e o vestido assentava na perfeição nas breves curvas do meu corpo ainda não definido.

- Que tal? - perguntou Megan com um sorriso orgulhoso nos lábios.

- Adorei! - respondi retribuindo o sorriso.

Desci as escadas devagar à espera de ver quem me esperava antes de ser vista. Fiquei surpresa ao ver Simon sem o seu uniforme escolar, os seus cabelos loiros rebeldes pareciam adquirir um brilho que eu nunca vira e os seus olhos estavam ainda mais azuis quando cruzamos o olhar.

- Mei! Estás... - começou Simon sem terminar e passou a mão pelo cabelo envergonhadamente.

- Bonita? - perguntei sem conseguir esconder uma gargalhada.

- Mais que isso. - respondeu soltando um largo sorriso.

Não vi os meus pais em lado nenhum, olhei para trás e lá estava Megan a fazer sinais para ir embora.
Caminhei devagar até à porta e saí à frente de Simon.

- Para onde vamos? - perguntei pondo-me ao seu lado.

- Um sítio.

- Boa... Que esclarecedor senhor Simon.

Nada é como pareceOnde histórias criam vida. Descubra agora