Capítulo 13

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Passaram-se duas semanas desde que a escola começara e nestas, muitas coisas foram acontecendo. Desde novos amigos a amizades perdidas. Não sei se devo considerar "amizades perdidas" no plural, afinal foi apenas uma, embora valesse por muitas mais.
Na primeira semana de aulas Chris todos os dias vinha ter comigo com uma expressão trancada, não queria falar e passava simplesmente o tempo todo sem dizer uma palavra. O motivo nunca cheguei a saber e aos poucos acostumei-me a vê-lo assim. Desisti de tentar arrancar-lhe um sorriso e limitei-me a fazer o mesmo que ele: não pronunciar uma única palavra que lhe fosse dirigida.
Depois de quase uma semana sem falar, na segunda-feira da semana seguinte, Chris não me veio buscar - esperei cerca de dez minutos à porta, ele nunca me fizera aquilo, por muito chateado que pudesse estar. Passados esses dez minutos, Megan saiu, talvez para ir às compras, franzindo a sobrancelha, mas sem fazer perguntas quando me viu ainda ali. Ofereceu-se para levar-me até à escola e eu tive vontade de lhe contar sobre o que se andava a passar com o Chris, mas não a queria massacrar com algo que não iria interessar a ninguém. Limitei-me a dizer que o Chris estava atrasado, evitando perguntas desnecessárias. Depois desse dia comecei a ir sozinha, não tinha que depender de ninguém, para nada!

Enquanto Chris se afastava, tinha quem se aproximasse, Karen, uma rapariga baixa, de olhos castanhos escuros, cabelo liso e preto viera sentar-se ao meu lado enquanto eu almoçava sozinha numa mesa do refeitório, no quarto dia de aulas. Este foi o primeiro de muitos em que Karen acompanhara-me durante o almoço. Tornou-se rotina, uma boa rotina seguida de boas conversas. Aos poucos ia conhecendo aquela alegre rapariga que não guardava o mínimo riso para si. Depois havia Asako, uma grande amiga de Karen que ainda não tinha ido à escola por motivos que me eram desconhecidos. Asako apareceu no final da segunda semana de aulas, era uma rapariga baixa e magra, de olhos azuis e cabelo castanho claro com um brilho fenomenal, pelo que soube na descrição de Karen, aquela rapariga não tinha apenas aparência fraca, era realmente uma "coisinha frágil" como eu já me caraterizara antes.

Ainda havia Hansen que mesmo com aquele sorriso 24/7 nos lábios, mostrou-se uma pessoa séria, alguém com quem eu podia contar, mas ao mesmo tempo, alguém que se escondia por trás de um simples sorriso para que não houvesse ninguém que questionasse sobre o seu passado ou o seu presente, como eu já tentara. Hansen não era uma pessoa falsa como tanto ouvia dizer, era apenas reservado, misterioso e era encantador à sua maneira. Ao contrário de Hansen, Christian não é o tipo de rapaz que se esconde atrás de alguma coisa ou de algum sorriso falso. Há quem não consiga esconder os seus sentimentos e aquele rapaz com o sorriso que eu tanto admirava era uma dessas pessoas. Com o tempo que convivi com ele era-me possível compreender até certo ponto o seu estado de espírito, mas os motivos, isso era mais difícil. Num segundo parecia estar tudo bem e no outro era como se tudo estivesse contra ele, mudava totalmente, fazia-me sentir culpada de algo que nem eu própria sabia o quê.


***

Acordada de novo por um dos sons irritantes do meu telemóvel! Sinceramente, acordar com uma mensagem de uma pessoa amiga não é mau de todo, é deveras agradável. Esfreguei os olhos para conseguir ver o que estava escrito. Sentei-me na cama, a única pessoa que me mandava mensagens era o Simon... Agarrei no telemóvel com força e passei a ponta do dedo no "icon" das mensagens...

07:15 - Karen: Bom dia! Esperamos por ti ou vens sozinha?

Não era bem o que eu esperava... Respirei fundo e enterrei a cabeça na almofada. Era óbvio que não seria o Simon, onde estava eu com a cabeça?

07:33 - Eu: Podem esperar se quiserem :)

Consegui ganhar coragem para enviar uma resposta e levantar-me da cama. Sentia-me um pouco cansada, sem forças, mas ignorei e dirigi-me sem pressas para a casa de banho.

Depois de um banho tomado e com todas as tarefas para serem feitas antes de sair de casa concluídas dirigi-me para a porta de entrada. Peguei na mochila preparada pela Megan e abri a porta para a fechar atrás de mim e começar a minha pequena caminhada até à escola.

Senti o telemóvel mexer-se no meu bolso e retirei-o para ler outra mensagem da Karen.

07:45 - Karen: Estamos perto da estação à tua espera.

07:46 - Eu: Saí de casa agora.

Apressei o passo, faltavam apenas catorze minutos para começar a aula e de maneira alguma queria que a Karen e a Asako chegassem atrasadas comigo. Depois de alguns minutos com o passo acelerado vi-me obrigada a andar mais devagar, começaram a surgir pequenas tonturas, a minha cabeça ameaçava explodir, mas continuei a ignorar. Voltei a acelerar o passo e quando estava perto da estação vi a Karen a acenar-me. As tonturas acalmaram e a dor de cabeça cessara, mas sentia-me quente.

- Demoraste! - resmungou Karen tentando parecer chateada.

- Peço desculpa. - respondi, fingindo estar arrependida.

Asako como sempre estava calada, quase escondida atrás de Karen, era realmente tímida e isso dava-lhe um ar ainda mais fofo e inocente. Karen era aquela pessoa animada que falava infinitamente e nunca tinha como ficar um segundo calada com tantas coisas que podia dizer. Ia buscar os assuntos mais variados possíveis, podia falar de tudo e mais alguma coisa, mesmo que não fizesse sentido nenhum, ela falava na mesma sobre isso.

No caminho as tonturas voltaram, tentei abrandar o passo, respirar fundo sem que elas notassem que eu estava mal. Não podia mostrar-me fraca, não queria que tivessem pena de mim ou perguntassem o que tenho, mas não era fácil evitar que percebessem, não era fácil omitir uma doença que não estava totalmente curada. Todo o cuidado é pouco e nos últimos dias, talvez tivesse exagerado no esforço, físico e psicológico...

Quando chegámos à escola deparei-me com Christian, mas foi a última coisa que eu vi naquele momento antes de perder os sentidos.


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Heyooo ^-^

Demorei um bocadinho porque fui de férias e não tinha net <-< MAAAS posso garantir que teremos um bom desenrolar da história muito brevemente, por agora queria sugestões/pequenas ideias de como vão querer a continuação.

Byebye

Nada é como pareceOnde histórias criam vida. Descubra agora