Capítulo 4

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Estou caminhando descalça e posso sentir a grama verde entrar no meio dos meus dedos e fazer cócegas neles.

"Qual o lugar do portal?" - fico pensando nisso - "Quando vamos entrar nele? Até agora só vejo o bosque".

Fico pensativa e apreensiva. 

"Seu coração irá saber a hora exata" - ele me responde e eu olho para trás para que ele saiba que eu escutei.

- Estou com pressa. - digo - Quero saber como é esse portal.

Ele se aproxima de mim.

- A pressa nos leva a cometer erros, e erros nos levam a aprendizados. - ele fez uma reflexão - Para quê correr?

Paro e o encaro.

- Não estou entendendo. - digo indignada - Como o senhor pede que eu ande devagar, se quer que eu viva?

Ele senta e tenho a impressão de que ele riu. O encaro séria.

- Converse com o animal logo a sua frente. - ele balança a cabeça me mostrando o animal.

Faço uma cara de desdém quando vejo que o animal é uma tartaruga. Murmuro para ele "uma tartaruga?", e ele me faz uma careta confirmando. De longe posso ver seus casco, acho que ela é velha demais, porque ele não é mais tão verde e ela tem algumas rugas.

- Isso é um teste de paciência? - pergunto e reviro os olhos.

- Só vai aprender a próxima lição se conversar. - ele responde em tom de provocação - Eu vou cochilar um pouco, quando terminar me chame, eu sei que vai demorar.

Reviro os olhos.

Eu gosto de animais, gosto muito. Mas nesse momento não vejo a necessidade de conversar com uma tartaruga, elas são lentas demais, não sei como isso vai me ajudar, estou decepcionada com o leão nesse momento.

Pé sobre pé caminho até chegar nela.

- Demorou para chegar até aqui! - sua voz é baixa, como de alguém velho, mas sinto que ela me diz em tom de brincadeira.

- Isso soou como irônico. - respondo e me sento ao seu lado.

Ele ri alto.

- Eu sou um velho, muito prazer em te conhecer Cecília. - ele diz - Na verdade, espero por esse encontro há anos. - ele pisca um olho.

Eu entendi a piada de avô que ele acabou de fazer, afinal ele é uma tartaruga e elas são lentas, e eu demorei para encontrá-lo. Eu dou um riso tímido.

- Eu escutei vocês conversarem lá atrás, disse que está com pressa para chegar ao portal. - ele para e me encara - Cecília você é muito apressada com as coisas não é? Quer tudo para agora.

Cerro meus olhos enquanto ouço-o dizer.

- Só quero que as coisas aconteçam, eu só tenho o hoje. - digo impaciente.

Ele dá uma risada de velho.

- Ê minha mocinha, só porque elas não acontecem na hora em que quer, não significa que elas não vão acontecer ou que não estejam acontecendo. Já parou para pensar sobre isso?

Fico em silêncio e olho em seus olhos castanhos pequenos.

- A paciência nos leva a lugares incríveis... - ele diz confiante - Cecília, você sabe onde vai chegar, então por que corre? Apenas, sinta e aproveite a jornada, isso também faz parte do viver.

- Eu tento ser assim, mas...

Não consigo terminar a frase.

- Mas... Viver é um dia de cada vez. - ele termina - Menina, se você viver tudo de uma única vez o que te sobra?

O LEÃO QUE ME SALVOUOnde histórias criam vida. Descubra agora