Era tudo de mentira

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Notas finais..



"Me diz então, o que você fez o que você fez, a sua arte de sobreviver, esse seu jeito de sobreviver."


- LAUREN! - Berrou a voz do outro lado da porta. - Hm.. - Murmurei me virando para o lado.

- LAUREN NÃO PODE DORMIR AQUI! - Berrou novamente.


Abri os olhos meio sonolentos, e os girei pelo local, estava na casa da Verônica. Ou seja, minha patroa, ou pra quem não sabe a dona da cede de prostituição de menores, era ali onde passava noites, e noites, fingindo orgasmos com estranhos. Não era tão difícil pra quem começou aos 14 anos, era só fechar os olhos e se imaginar em outro lugar, fingir gemidos, e pronto. Um bom dinheiro vinha pro meu bolso. Não que eu gostasse disso, mas meus pais me abandonaram nova, na verdade eles morreram bêbados num acidente de carro, e Verônica foi quem me criou. Eu era a puta mais amada daquele lugar, meus cabelos castanhos eram compridos, meus olhos eram verdes num tom esmeralda e meu corpo era bem escultural. Eu sabia o que dizer, e quando o cliente não me agradava, eu simplesmente o drogava, e fazia-o acreditar que tinha ficado comigo. Era simples, na verdade com a maioria dos velhos funcionava. E a única vez que não funcionou, me rendeu um olho roxo, e uma cicatriz de cigarro na perna que tenho até hoje. Mas agora eu aprendi a fazer melhor, então nada de cicatrizes. Tinha o meu cliente especial, o nome dele era Luis, ele não me comia sempre, às vezes vinha apenas conversar comigo, ele tinha um ciúme louco de mim, chegando a bater em clientes quando eu dançava nos palcos da boate e eles me tocavam. Luis era um pobre homem que fora abandonado no altar, e todas às vezes que bebia reclamava horas sobre sua maldita mulher, eu já sabia a história de cor, mas sempre sussurrava. "Eu estou aqui pra te ouvir." Na verdade eu dormia na metade da história, mas ele sempre acreditava que eu estava escutando. Estiquei as pernas, e fui em direção ao banheiro, iria tomar banho e fazer matrícula em uma escola, estava atrasada um ano por causa disso.

Entrei no banheiro, deixando a camisola cair do meu corpo e tocar o chão. Não estava de calcinha, não gostava de dormir com elas. Caminhei na direção do chuveiro, e entrei no mesmo, logo pegando o sabonete, e passeando o mesmo pelos meus seios.


- Droga! - Resmunguei irritada. Havia uma marca de chupão bem roxo no meu seio esquerdo, e a minha pele branca ajudava para que ela ficasse ainda mais notável. Esfreguei o sabonete na mesma, querendo tira-la dali, mas não adiantou muita coisa.


Logo sai do banho, caminhando ao guarda roupa de lá, e pegando uma roupa. Sabe de dia eu era uma garota diferente, abandonava os saltos altos, por um all star quadriculado, e aquelas mini saias, por uma calça jeans normal. Minhas blusas não tinham muito decote, pois eu estava sempre marcada. Mesmo que fizesse os malditos prometerem que não me marcariam. Prendi o meu cabelo num rabo de cavalo alto, e passei um lápis não tão escuro no olho, peguei minha bolsa, e logo sai pelas portas dos fundos. Eu não gostava de ser reconhecida na rua, era constrangedor, isso quando adolescentes idiotas não queriam "trepar" comigo em via pública. O colégio não ficava tão longe, mas eu estava rezando para não ser conhecida por ali. Eu tinha 18 anos, deveria estar acabado os estudos, mas só agora que vou fazer o primeiro ano, junto com a turminha de 15, ou 16 anos. Consegui fazer a matrícula numa boa, e no outro dia enfim eu poderia estudar. Estava feliz, eu ainda acreditava que um dia poderia sair daquele lugar, e ter uma vida normal em outra cidade, onde ninguém me conhecesse. Não seria sonhar demais, seria?

Ela é da rua, mas é minhaOnde histórias criam vida. Descubra agora