"Me prenda em seus braços é o que eu te peço."
O resto do dia foi normal, acabamos dormindo quase o dia todo, estávamos cansadas, e queríamos ficar juntinhas, e só. Quando acordamos fomos jantar no restaurante do hotel, junto com todos os outros. Voltamos pro quarto, devia ser 21h. Eu contaria pra ela agora, estávamos bem, talvez fosse a melhor hora. Abri a porta do quarto, e entramos, fechei a mesma atrás de nós, e ela correu, deitando na cama de barriga pra cima, e as mãos sobre ela.
- Comi como uma obesinha. - Ela disse, e eu ri, caminhando até a cama e sentando com ela.
- Será que podemos conversar agora? - Não disse num tom muito alto, mas ela entendeu se sentou em minha frente.
- Diga. - Balançou a cabeça, e passeou a mão pelo meu rosto.
- Ok.. Eu... - Respirei fundo, ela arqueou uma das sobrancelhas. - Eu vou... vou... morrer.. - Abaixei a cabeça, mas ela não entendeu, apenas levou a mão até o meu queixo, fazendo com que eu encarasse seu rosto, eu continuei. - Eu tenho leucemia, Camila. Eu tenho três meses de vida se eu não começar a me tratar..
- Não.. - Ela pareceu entender agora, porque seu rosto ficava pálido. - E você vai fazer isso né? Você tem que fazer!
- Eu vou.. - Murmurei, sorrindo de lado. - Mas eu não vou conseguir sozinha.
- Lauren.. - Sorriu, me puxando pra um abraço, ela me apertava com carinho. - Eu não vou te deixar sozinha, entendeu? - Beijou minha testa. - Vamos vencer isso juntas.
- Promete? - Apertei seu corpo com carinho. - Promete que não vai me deixar? Eu vou ficar tão feia..
- Eu prometo pela minha vida. - Beijou novamente e me olhou fixamente. - Eu não vou te deixar, não mesmo.
- Eu te amo.. - Sussurrei, escondendo meu rosto no seu pescoço.
- Eu também te amo garota.. Você nem imagina o quanto. - Ela então suspirou, eu fechei os olhos me sentindo aliviada. Eu tinha muita sorte de ter Camila comigo, e eu não deixaria isso mudar nunca.Depois daquilo, ela me fez prometer que iriamos embora cedo no outro dia, queria que começasse o tratamento logo, e eu não quis negar, eu amava o jeito que ela cuidava de mim. Mas no outro dia de manhã, isso foi feito. Saímos cedinho na direção da cidade, o dia e a noite foram bem divertidos, e no outro dia de manhã chegamos na cidade. Fomos pra minha casa, eu não tinha problema algum de ficar lá, quando cheguei em casa liguei pro médico.
- Boa tarde, é a Camila. - Eu disse quando ele me perguntou quem era.
- O que houve menina? - Eu deveria ter acordado ele, pois sua voz soava baixinha.
- Eu quero me tratar, eu quero, é! - Disse de uma vez, enquanto a Camila sorria sentada no sofá, ele riu de leve.
- Que noticia maravilhosa, garota. - Respondeu. - Quando começamos?
- Não sei.. - Respirei fundo. - Logo, por favor..
- Claro. - Riu novamente. - Tem como vir ao hospital hoje? Estarei te passando tudo o que vai acontecer, preciso que esteja ciente. - Concluiu.
- Sim, sim, passarei lá. Obrigada. - Me despedi e desliguei. Caminhei na direção do sofá em seguida sentando no colo da Camila, ela parecia empolgada com o tratamento, eu beijei seus lábios com carinho e ficamos assim por muito tempo. Sua língua trocava carícias calmas com a minha, como se não quisesse parar, quisesse fazer devagarinho pra não perder o fôlego. Chupei sua língua carinhosamente, e ela sorriu. Envolveu meu corpo num abraço, e me deixou em seu colo, ficou passando uma das mãos no meu cabelo, me fazendo carinho. Encostei minha cabeça no seu ombro, e fechei os olhos. Dormindo ali, no colo dela como um bebê que tem medo de ficar sozinho.Eu estava sonhando, muito bem, aliás. Quando senti os lábios macios de Camila tocarem os meus, me chamando baixinho, me mexi um pouquinho mostrando que queria dormir, mas ela deveria estar com os braços doloridos, abri os olhos sem saber quanto tempo tinha dormido, e ela sorriu.
- Preguiçosa.. Uma hora tá falando e depois dorme do nada. - Ela riu, e espreguiçou seus braços quando me sentei do outro lado do sofá. - Aih. - Murmurou.
- Desculpa mor, devia ter me deitado. - Me aproximei um pouco, beijei um dos seus braços.
- Não, estava bom ficar te olhando.. - Sorriu, levantou em seguida. - Então, vamos ao hospital né?
- Vamos. - Levantei do sofá sorrindo, e segurei sua mão.
Fomos em silêncio ao caminho do hospital, o ônibus estava vazio, mas eu estava nervosa, com medo.. Não sei. Ela também não disse nada, acho que se sentia da mesma forma, ficou com a cabeça deitada no meu ombro, às vezes cantava uma música qualquer até que chegamos ao hospital, fui até a recepção, e logo fui encaminhada pra sala com a Isabel, eu disse que fazia questão que estivesse lá.