Capítulo 04

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Núbia Dandara

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Núbia Dandara


Eu tinha acabado de colocar a última das sobras na geladeira, quando Vincenzo entrou na cozinha. Seus olhos azuis examinaram o lugar e em seguida caíram em mim.

- Onde está todo mundo?

- Eu pensei que você havia dito para eles irem embora?

- E você não conta como todo mundo?

Dei de ombros e respondi: 

- Eu não podia simplesmente deixar a bagunça. A Sófia, Sra. Aragão iria acordar e encontrar uma casa suja no mesmo dia em que houve uma das piores noites de sua vida. Parecia ser uma grande falta de empatia da minha parte em fazer isso com ela. Fora que são os pequenos detalhes que nos fazem ser pessoas melhores e a profissão que escolhi ser empático é uma obrigação. Porque um psicólogo sem empatia não  é um bom profissional - O respondo. Fiquei imaginando qual era a sua ligação com ela. Eram amigos? 

- Então você é uma santa e decidiu limpar o lugar sozinha ao invés de ter ajuda de uma equipe? - Me respondeu. Confesso que não gostei do tom que usou, como se estivesse zombando de mim. Fora que falei o que pensava a ele com todo o gosto. Infelizmente, tenho esse defeito de falar demais achando que todos terão empatia.

- Não, eu não sou uma santa. E eu ainda estou no horário, então eu sou paga até o último minuto, obrigada.

- Então você está colocando todo esse esforço para ter um extra de cinquenta reais - disse ele com ignorância. Tive vontade de dar um tapa nele, porém me lembrei que era um  juiz e não estava afim de ir presa. Por mim, pela minha linda ficha criminal em branco e pelas minhas irmãs. Mas é claro que eu não deixaria em branco. Só estava tentando ajudar e fui tratada desta forma. Então falei:

- Sim. Eu estou trabalhando pelo extra de cinquenta reais. Esse extra de cinquenta reais é pão, leite e ovos. Comida.  Você tem alguém pelo qual é responsável? Porque eu tenho! Tenho duas irmãs menores que dependem de mim financeiramente e qualquer centavo conta. Você já passou fome, Sr. Greco? Não, né? Você já esteve com tanta fome que se sentia doente e com dor? Ou tão pobre, que come as sobras das outras pessoas em bares para deixar um pouco de comida para quem precisa mais que você em casa? Tenho que estudar, trabalhar e cuidar das minhas duas irmãs pequenas. Eu não vivo em uma cobertura. Eu não cresci rica e nem com o cú para lua. Eu trabalho muito, muito mesmo para que eu e elas possamos sobreviver. Um extra de cinquenta reais é... vale mais para mim do que você pode entender. Nesse processo de conseguir esse valor, eu também posso ajudar alguém. Assim conseguimos dois pássaros com uma cajadada só.

Eu fiquei tão puta que disse tudo sem pensar mesmo. Como ele se atrevia? Será que ele achava que eu me matava dia após dia, apenas para o seu divertimento? Ele poderia ter suas regras e seus segredos, nada disso era da minha, mas ele não podia me insultar por trabalhar muito. Eu não era o sua cachorra e nem sua vagabunda para me chutar sempre que estava mal- humorado.

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