Pov Luísa
- São bonitas essas fotos - Larissa fala andando pelo meu estúdio - Deveria mandar para as revistas que estão te patrocinando.
- É... eu vou mandar - Dou de ombros e continuo editando as fotos no meu notebook - Mas agora estou com outro foco.
- Posso saber qual? - Ela pergunta sentando no meu colo - Qual foco que não seja eu?
Passo minhas mãos pela sua cintura e puxo ela para perto, recebendo seu sorriso com a língua entre os dentes.
- Pronto, meu foco é você agora - Falo selando nossos lábios.
- Eu gosto de ser seu foco...
- Eu gosto de quando você é meu foco.
Larissa segura meu rosto e as minhas mãos vão para as suas coxas e eu aperto com força, aprofundando o beijo e ela deita seu corpo mais em cima do meu, fazendo eu me levantar e ir até aonde vamos tirar as fotos. Não me preocupo com quem vai entrar, o horário de Maiara é daqui uma hora, João não pode vir hoje, não tem ninguém para me atrapalhar. Deito Larissa na cama e me coloco no meio das suas pernas, abrindo a sua calça devagar. Mordo seus lábios e me assusto, quando a porta do estúdio é aberta. Quando olho para ver quem está na porta, vejo Maiara e Bruno, totalmente paralisados ao ver a cena.
- A Maiara é seu foco agora? - Larissa pergunta me afastando com as mãos.
- Não, Lari...
Ela se afasta de mim completamente e fecha a sua calça, passando pelos dois e indo embora do estúdio. Respiro fundo e arrumo a roupa do meu corpo para falar com eles, olho para Maiara e ela está cabisbaixa, olhando para o chão, com as mãos fechadas em punho. Fico um pouco incomodada de ver ela triste, mas não falo nada, só sigo em frente.
- Bom... por que vocês chegaram mais cedo? - Pergunto como se nada tivesse acontecido - Eu estava ocupada.
- Maiara vai ter compromisso mais tarde - Bruno acaba respondendo por ela - Se você não puder tirar as fotos agora, voltamos outra hora.
- Não... eu posso tirar as fotos agora.
Arrumo o cenário que eu baguncei e Maiara vai trocar de roupa, aproveito isso para arrumar as câmeras e as lentes. Quando ela volta, minha respiração para, ao ver ela apenas de moletom e calcinha, exatamente da mesma forma que dormíamos antes. É um ensaio simples, até porque Maiara não precisa de muita coisa para ficar maravilhosa.
- Nós... nós é... vamos - Tento falar - Vamos tirar as fotos.
- Sim, foi para isso que eu vim - Maiara responde totalmente seca.
- Tá bom...
Começo a tirar as fotos e tento me concentrar ao máximo, com a mulher na minha frente, tentando não largar a câmera e me jogar para os seus braços, assim como fiz anos atrás. Quando vou me aproximar dela, Bruno é mais rápido.
- Mai... eu vou ter que buscar o resto das suas roupas no hotel - Ele fala rapidamente - Eu esqueci.
- Bruno... - Maiara fala preocupada em ficar sozinha comigo.
- É rápido - Ele fala e saí do estúdio.
Ignoro a interação dos dois e troco de lente, enquando Maiara muda a pose. Meu trabalho não é fácil, mas quando a modelo é excelente ajuda muito. Me aproximo mais dela e eu vejo a morena ficando mais tensa.
- Não fica tensa, Maiara - Falo com a câmera no seu rosto - Dá para ver pela foto.
- Não estou tensa.
Reviro meus olhos e subo na cama que ela está deitada, para tirar as fotos por cima, sorrindo quando eu vejo como as fotos estão ficando boas. Quando me aproximo para tirar de outro ângulo, Maiara sobe as mãos sem querer e passa pela minha perna, fazendo meu corpo arrepiar.
- Estão boas - Falo descendo da cama - Vão ficar muito boas.
- É... - Ela concorda sentando na cama novamente.
Vou para o meu computador ver como está ficando e vejo que estão perfeitas, cada uma, até que eu percebo um pequeno anel na sua mão, provavelmente uma aliança.
- Estão boas as fotos - Falo me afastando do seu computador - Mas seria melhor se você tirar a sua aliança.
- Não é uma aliança, não estou namorando - Ela fala tirando o anel - Ganhei da minha irmã.
Não sei o porquê, mas eu sinto um alívio quando ela fala que não está namorando. Eu não falo nada, mas Maiara continua me olhando curiosa.
- Você está namorando? - Ela pergunta abaixando a cabeça - Com a Larissa? Eu reconheci ela.
- Minha vida pessoal não é da sua conta, Maiara.
- Desculpa.
E o maldito sentimento de quando eu era grossa anos atrás volta, o sentimento de culpa, mas dessa vez deveria ser diferente, já que ela me magoou de inúmeras formas.
- Não estou namorando - Falo me aproximando para arrumar o cenário - Se é isso que você quer saber.
- Eu não quero saber.
- Então por que perguntou?
- Porque eu quis.
Reviro meus olhos e tiro as almofadas da cama, colocando mais para trás, deixando ela totalmente em evidência.
- Eu ainda tenho a sua câmera - Maiara quebra o silêncio - A que você deixou na minha casa da última vez.
- Eu deixei muita coisa na sua casa - Sorrio fraco - E no fim nosso relacionamento ficou por lá também.
- Se você soubesse a história inteira não iria me apedrejar assim.
- Então por que você não me conta? - Pergunto nervosa - Por que não tira uma explicação para o inexplicável? Por que não mente? Igual quando você dizia que me amava.
- Dizia que te amava? - Ela pergunta irônica - Eu te amei, todos os dias, durante esses sete anos, eu não te amava, Luísa, eu ainda te amo.
Olho para ela e engulo em seco, sem conseguir responder. Mas ela está mentindo, como anos atrás, ela me deixou, ela mentiu, não deve ser diferente. Nego com a cabeça e me afasto dela, indo para o camarim, enquanto as lágrimas descem dos meus olhos.
Ela está mentindo, ela vai me machucar novamente, não acredita nisso, por favor, não acredita nisso, peço para mim mesma.
Começo a chorar novamente, por que ela consegue me deixar desse jeito? Por que eu falo que não me machuca mais, mas eu sempre choro? Por que ela voltou? São muitas questões e poucas respostas.
- Lu...
- Saí daqui - Grito com ela - Não vou mais fazer essa sessão com você, não vale a pena, vai embora.
- Seu pai me obrigou a te deixar, Luísa.
Ela está mentindo. Ela está mentindo. Ela está mentindo. Ela está mentindo. Ela está mentindo. Ela está mentindo.
Minha mente começa a repetir, não acredita, porque minha alma sabe que eu não vou aguentar me machucar daquela forma novamente. Foram seis anos, para me recuperar totalmente, seis anos, seis anos tomando remédio para ansiedade, para não passar mal todas as vezes que eu pensasse naquele maldito dia que ela terminou comigo, foram seis anos e eu não vou jogar todo esse tempo fora.
- Lu... acredita em mim, por favor.
- Vai embora - Empurro ela para longe - Agora.
Maiara concorda com a cabeça e pega a sua bolsa, mas antes dela sair, ela tira a minha câmera da sua bolsa, colocando em cima do sofá e saindo do estúdio. Me aproximo devagar da câmera e vejo as fotos, ela nunca apagou as nossas fotos, todas estão aqui, absolutamente todas. Começo a chorar, ao ver como eramos felizes, como eu era feliz, eu era completa, só de ter ela.
Eu era...
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Olhos Castanhos (Mailu)
Fiksi PenggemarUma história que começa no passado, vive o presente, mas talvez não tenha o futuro. Duas adolescentes que se apaixonaram em meio ao mundo tão cruel e indiferente, que decidiram viver seu amor e não se importar com opiniões e relacionamentos passados...