our best version; Soukoku

ave expurgo

POV CHUUYA

Bendita noite.

Eu descansava, ou pelo menos tentava, em minha cama. O mundo pela primeira vez em uma eternidade pareceu calmo, mas estar calmo nunca significou estar correto. O sentimento de que tudo está pacífico me causa desconfortável, fazendo com que eu me remexa diversas vezes pela cama, procurando alguma posição que possa me deixar confortável e afastar o desconforto por algo que aparenta estar fora dos trilhos.

Tudo parecia em sem devido lugar, mas ainda sim havia algo de errado, algum detalhe que faria toda a diferença. Eu pensei em várias possibilidades para este desconforto, talvez seria o clima? Claro que não, o horário? Talvez.

Nada parece justificar tal estranheza.

Eu estou tão.... Absolto em nada, estou preso em nada, estou trancado a sete chaves em pensamento vazios.

Não consigo me decidir se amo ou odeio a noite. Na calada da madrugada meus pensamentos me atormentam, transformando o que deveria ser uma tranquila e boa noite de sono em um pesadelo continuo em que nunca poderei escapar. A parte boa, se é que realmente há uma parte boa, é que na noite eu solto a raiva que eu sinto desse pobre mundo onde parece que todos amam ver a desgraça alheia, não se preocupando com o que acontece em suas próprias vidas e muitas das vezes apaixonados pelo proprio orgulho fazendo dos outros seu escudo, eu gostaria purificar todas essas almas ou limpar todas essas pragas desse maldito mundo. Estravazo toda esta raiva ao passar do dia, mas a noite tudo fica mais intenso, todos os meus sentimentos se multiplicam por 10 e tudo parece tão mais vivido, bendito seja aquilo que não tenha medo de soltar seu próprio surto, eu me banho sobre meu ódio e faço de meu cúmulo um abismo absoluto, isso é obra de uma ave expurgo.

Pensei diversas vezes em ligar para Dazai, mas não irei ligar, ele poderia me distrair desse tormento mas algo me diz que eu não devo atrapalhar seja lá o que ele esteja fazendo no momento. Eu sempre o atrapalho, este é o meu sentimento sobre todas as ocasiões em que eu tive que o chamar para algo, talvez ele estivesse melhor sem mim, eu estaria só o atrapalhando e isso se comprovou quando ele me chamou para fugir consigo e eu recusei, ele de fato queria fugir mas eu nunca iria e acho que ele não seria capaz de ir sozinho.

Sera que eu poderia ligar para ele? Eu tenho esse direito? Minha cabeça gira e meu cérebro sequer consegue processar coisas simples. Olha o que você faz comigo Osamu Dazai.

Posso jurar que ouvi um estrondo vindo da garagem do prédio onde eu moro, mas resolvi ignora-lo, minha mente estava mais barulhenta do que a possível explosão que ocorreu no prédio. Uma coisa pode ser verdade sobre esse estrondo, ele não foi dentro das extremidades do prédio e sim a fora, na garagem ou na rua talvez, mas isso não importa, não ligo para o que acontece mundo a fora, minha vida é pertubada o suficiente para mim ter que me preocupar com a dos outros.

Mas eu não pude me dar o luxo de ignorar a confusão por mais de 5 minutos. O telefone fixo do meu apartamento tocava, eu tentei ignora-lo mas ele não parava minha mente implorava para que algo desligasse aquele telefone, alguma alma penada ou algo do tipo que me perseguia, se é que há algo que me persegue. Etocou duas, três até quatro vezes até eu de fato me dei o trabalho de ir atender.

- O que há?! - Grito sem paciência.

- NA-NAKAHARA CHUUYA SEU CARRO EXPLODIU! - Meu coração gelou. Meu carro, minha preciosidade, eu amava aquele carro e ele me custou diversos meses de esforço, por que isso? Por que comigo? Eu entendo que se foi uma explosão causada por outra pessoa esta tem os seus motivos, afinal eu já fiz mal para diversas pessoas, mas ainda sim acredito que não seja justo, maldito egoísmo.

- Qual foi a origem da explosão? - Minha voz se mantinha calma apesar de eu estar em uma completa confusão em meu consciente. Uma tristeza misturada com uma raiva estridente me invade, não há mais o que fazer além de se contentar com a situação e achar o causador da tal explosão.