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Apesar de garantir a minha mãe que procuraria o Dom e pediria desculpas, ela pegou o Noah e foi pra casa da irmã dela.

Então além de pedir desculpas, eu também teria que pedir comida.

Que humilhação.

Toda vez que a minha mãe vai pra casa da irmã, ela passa a noite por lá.

Então assim que ela saiu, eu rasguei aquele papel que estava com o endereço do Dom e corri até o telefone.

E liguei para o Pablo.

Ele veio e trouxe cerveja e pizza.

A gente foi para o quarto da minha mãe e fez a festa lá.

Cada um comeu quatro fatia de pizza.

Barriga cheia, que sensação boa.

A gente bebeu um pouco e ficou imitando a minha mãe.

Pablo colocou um pano marrom no cabelo pra simular os cabelos castanhos da minha mãe.

E subiu em cima da cama.

Demos risada.

Depois caímos na cama.

____ Tem certeza que sua mãe não vai voltar? Pablo perguntou encarando o teto.

____ Pelo menos não hoje.

____ Isso significa - Ele virou o rosto e me olhou malicioso.

Olhei pra ele e balancei a cabeça confirmando.

Então ele rolou por cima de mim e começou a me beijar ferozmente.

Devorei seus lábios com vontade, porque essa poderia ser a última vez que eu provava deles.

A gente fez sexo selvagem na cama da minha mãe. Essa foi minha forma de me vingar dela.

Aproveitei pra gritar bem alto, desejando que ela ouvisse lá do outro da cidade.

A gente transou uma, duas e por pouco não teve a terceira vez.

Pablo estava exausto e o suor escorria pelo seu belo rosto.

Foi uma das melhores noites que tivemos.

Nunca deixamos de ser aquelas crianças imprudentes.

E o sorriso de satisfação era grande no meu rosto.

Por fim deitei minha cabeça em seu peito e fiquei contando as batidas do seu coração.

Eu posso ter ficado com outros homens, mas quem eu amo está bem aqui do meu lado, e eu não quero perdê-lo.

E foda-se a minha mãe e a arrogância dela.

A gente conversou um pouco até pegar no sono.

O dia amanheceu, dei um beijo no rosto do Pablo, ele sorriu sem abrir os olhos,  depois me virei e abri a gaveta da mesa de cabeceira e peguei uma pílula.

Depois levantei e fui passar um café para o meu moreno, amargo como só ele gosta.

Cantarolando feliz da vida.

A gente tomou café juntos e arrumamos a bagunça que fizemos.

Inclusive, eu coloquei lençol da minha mãe pra lavar.

Eu queria deixar sujo pra ela ver, mas eu ainda não cheguei nesse nível de maldade, eu não sou como ela.

____ Mi amor, tem que ir embora, minha mãe vai chegar daqui a pouco - Falei entregando suas roupas.

____ Eu queria ficar, toda vez eu tenho que ir embora, parece até que somos amantes e que o seu marido está prestes a chegar - Ele zombou.

____ Vaza logo daqui - Falei rindo  empurrando ele em direção a porta.

Ele se virou e me deu um último selinho, depois ficou me olhando fixamente.

Ele reparou em cada cantinho do meu rosto.

Seus olhos brilharam.

____ Vai - Dei um tapa de leve no seu ombro.

Eu não era a única que estava feliz, Pablo não parava de sorrir.

Na verdade era muito difícil ver ele triste.

Fiquei na porta olhando pra ele, e ele olhando pra mim, parecendo dois idiotas.

Ele foi dando passos pra trás, até que em um momento ele acabou esbarrando na lixeira e por pouco não caiu de cara no chão.

____ Ops!

____ Imbecil.

Ele sorriu estupidamente e me lançou um olhar genuíno.

Fechei a porta e escorei na mesma.

Suspirei realizada mas logo veio a preocupação.

E agora o que eu vou fazer? Se minha mãe descobrir que não fui ver o Dom, vai acabar comigo.

A ansiedade dominou meu corpo por inteiro.

Comecei ofegar.

Tenho que inventar alguma coisa.

Não demorou muito ela chegou,meu coração começou bater forte.

____ Entra moleque - Disse para o Noah, que passou por ela, cabisbaixo.

Ela fechou a porta e entrou com algumas sacolas e colocou na pia.

Depois deu uma breve olhada pela casa.

O som da máquina de roupa era o que cortava o silêncio no momento.

_____ Colocou o que na máquina pra bater? Ela me encarou.

_____  Seu lençol de cama.

_____ Ele não estava sujo, lavei semana passada.

_____ Bom, eu acabei sujando quando eu fui lá ver "tv".

Não consegui segurar o deboche.

Ela veio na minha direção e me encarou bem de perto, e faltou entrar dentro da minha cara.

Comprimi os lábios pra não ri da cara dela

Ela agarrou o meu cabelo e forçou pra baixo pra baixo.

Senti meu couro cabeludo queimar.

_____ Você não trouxe aquele morto de fome pra cá, trouxe? - Disse cerrando os dentes.

_____ Sim - Grunhi - E a gente transou na sua cama, sujamos o seu lençol preferido.

Furiosa, ela me arrastou pelos cabelos, e bateu minha cabeça com força na mesa da cozinha.

Depois me jogou no chão como se eu fosse uma boneca de pano.

Senti um líquido escorrer, passei o dedo na testa e vi que era sangue.

As lágrimas desceram.

Minha mãe sempre me agrediu, sempre descontou suas frustrações em mim.

Ela me batia por falar, me batia por respirar, me batia por existir.

Mas agora ela passou dos limites.

Levantei do chão atordoada e fui desorientada até a sala e peguei o Noah no colo.

Se ela pensa que eu vou ficar aqui aturando isso, está muito enganada.

Porém eu estava tonta por conta da  pancada, e só consegui dar dois passos até a porta. Visto que eu não ia consegui sair coloquei o Noah no chão e desabei em seguida.

Escutei ele chorar, mas seu choro foi ficando distante até eu não escutar mais nada.

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