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Depois do disparo, o cara começou a rir sem parar, e eu fiquei me perguntando porque eu ainda estava ouvindo a risada dele se eu estava morta, então abri os olhos e percebi que eu ainda estava naquele maldito depósito.

Ele havia atirado na parede ao invés de mim, mas eu não percebi, porque eu  estava ocupada demais morrendo de medo. Quando ele apertou o gatilho, eu automaticamente fechei os olhos e esperei, esperei até que fosse tomada pela completa escuridão e o silêncio total, mas não, eu estou viva e não sei se isso é bom ou ruim.

Minhas pernas tremiam por conta do susto e o meu coração batia descompassado, eu não conseguia respirar, nunca havia sentido tanto medo em toda a minha vida. Sentir a morte de perto é uma sensação que não desejo nem pro meu pior inimigo.

O cara se afastou e guardou a arma no paletó. Eu ainda estava de joelhos no chão, então levantei os olhos e o encarei com todo desprezo do mundo.

Sorte a dele, eu estar amarrada, se não eu teria quebrado os dentes dele e ainda teria feito ele engolir.

—– Eu adoraria te matar, Olivia, mas não vou fazer isso, pelo menos não ainda, tem uma pessoa que quer que você esteja viva, pois o seu sofrimento interessa muito a ela. Quanto ao seu amigo ali... —  Ele olhou para o Billy e meu coração disparou — Se eu matá-lo, estarei fazendo um grande favor, então vou deixar que sofra mais um pouco, e que ele mesmo faça isso, porque duvido que ele vai querer continuar vivendo sem sua alma gêmea. Fique atenta ao telefone pois vamos te ligar.

Ele deu de ombros e o desespero me tomou de repente.

—– Por favor, só fala onde está o meu filho, eu te imploro

Ele me ignorou e saiu andando, e isso me fez gritar de raiva já que eu não podia socar a cara dele até a morte, essa era a minha única forma de estravazar.

Gritei até não ter mais voz, depois chorei, chorei até sentir que não tinha mais lágrimas pra chorar. E então me calei quando vi que não iria adiantar.

Deitei de cara no chão atormentada pelos meus pensamentos barulhentos, fiquei pensando sobre quem poderia estar interessado no meu sofrimento, provavelmente alguém que me odeia de graça.

Porque eu não lembro de ter feito tanto  mal a alguém a ponto de merecer isso.

Então lembrei da minha mãe, ela é a única pessoa que sente prazer em me torturar, ela é a única que sabe onde dói em mim, e aposto que ela tá com o meu filho agora e quer que eu acredite que ele está morto, mas eu não vou acreditar, só vou acreditar quando o corpo dele estiver em meus braços.

Até lá vou seguir negando.

Minha mãe  é perversa, ela sabe que isso doeria em mim mais do que qualquer outra coisa e por isso armou todo esse plano maquiavélico.

Mas se ela encostar em um fio de cabelo do meu filho, eu não vou hesitar em acabar com ela mesmo que isso vai doer em mim.

Cansei de sentir pena de quem não merece.

Olhei pro Billy,  e vi que ele tinha se arrastado até o corpo do irmão e se debruçado sobre ele, e não pude evitar de sentir pena.

Isso deve doer pra caralho, mas não tanto quanto vai doer na Donna quando ele souber que mataram o filho dela, isso vai destrui-la.

Sou a única que posso entendê-la, nenhuma mãe quer perder o filho ainda mais sob essas circunstâncias cruéis, mas pelo menos ela vai  saber onde o filho dela estar, enquanto eu não sei onde está o meu e isso me tortura a cada segundo.

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