- No três você faz força! - o médico me encoraja.
Faço que sim com a cabeça.
Voltando a sua atenção para minha vagina, o obstetra volta a se concentrar no parto. Imediatamente olho para Paloma que estando ao meu lado segura firme minha mão. Um misto de sentimentos me invadiram naquele momento. Eu estava prestes a conhecer minha filha, a ver seu rostinho, a ter ela em meus braços. E no entanto, a angústia me dominou também. Ben, se ele estivesse ali certamente tudo seria diferente. Tantos medos, tantas incertezas...
- 1, 2... 3! Força Lavínia! - o médico diz em alto e bom som.
Em meio a dor que me consumia fiz o máximo de força que consegui, e então senti ela saindo de dentro de mim. Em seguida seu chorinho, em alto e bom som preencheu a sala de parto e logo meus medos deram lugar a alegria e um sorriso enorme se fez em meus lábios.
- Está aqui, uma forte e linda princesa! - a enfermeira diz ao trazer minha filha até mim.
- Laví, ela é linda! - Paloma diz ao olha-la.
- É sim! - digo ao pega-la em meus braços.
- Minha filha!- Veja, Laví, ela é ruivinha igual você! - Paloma diz sorridente.
E era, carregando sob si a genética forte de meu pai, minha filha tinha assim como eu os cabelos ruivos num tom alaranjado.
- E os olhos do Ben! - Paloma disse.
- Ela é nossa mistura, é perfeita! - falei acariciando seu rosto enquanto se mostrava mais calma.
- Já sabe como ela vai se chamar? - Paloma perguntou.
- Sim! - digo sorrindo ao olhar para Paloma.
- Luna! Minha doce Luna. Será minha alegria e trará claridade aos meus dias mais escuros!- Lindo nome! - ela diz.
E como uma profecia, Luna foi em minha vida exatamente como eu disse no momento em que ela nasceu. Apesar das noites em claro e dos momentos tensos quando ela adoecia, Luna trouxe para minha vida a força e a luz que eu precisava. Por ela eu fui uma pessoa melhor e por ela eu cresci e amadureci.
O tempo se passou como tinha que ser. Apesar de em alguns momentos Paolma insistir que eu deveria contar toda a verdade para Ben consegui me manter firme na minha decisão. Eu sabia que estaria arriscando mas não poderia deixar Ben jogar uma oportunidade fora. Foi difícil, foi doído, mas eu consegui.
4 anos depois...
Ben
A ansiedade estava a mil.
Depois de um pouco mais de 5 anos morando fora finalmente eu havia voltado para casa. A saudade da minha terra, do meu país, da minha gente era enorme. Só não era maior que a saudade que eu sentia de Lavínia. Todos esses anos, todo esse tempo... Em nenhum momento eu me esqueci dela, em nenhum momento desejei outra mulher como eu havia desejado minha Lavínia. Ela se entregou a mim pela a primeira vez em sua vida, fui o primeiro, e tenho certeza que também fui o único. A certeza de que ela estaria a minha espera só aumentou tudo o que eu sentia por ela. Era um amor desses que começou ainda na infância e que sobreviveu ao tempo, as diferenças, as dificuldades, e a nós mesmos. Um amor que era puro, verdadeiro, honesto. Um amor que eu só sentia por ela, e só ela sentia por mim. De uma forma intensa nós nos completamos e eu desejava mais que tudo a ter novamente em meus braços.
Ao descer do carro, vejo a minha frente a casa que nasci e cresci e que um dia deixei para trás. Vi também a porta da frente se abrir e por uma fração de segundos pensei que Lavínia surgiria através daquela porta e viria correndo ao meu encontro, nós nos abraçariamos e nos beijariamos e estaríamos juntos novamente. Mas não aconteceu. Vejo meus pais surgirem pela a porta e de certa forma a decepção me pegou em cheio. A primeira pessoa que eu queria ver era ela. Era minha Lavínia.
- Meu filho! - minha mãe disse vindo ao meu encontro exibindo um suntuoso sorriso.
- Mamãe! - falei ao abrir meus braços para um abraço.
Ela me agarrou em seus braços e eu a apertei em meu abraço.
- Como você está lindo! - ela disse ao sair de nosso abraço.
- Está um verdadeiro homem de negócios! - ela diz sorrindo.Sorri apenas.
- Bem vindo de volta meu filho! - meu pai me abraça apertado também.
- Obrigado papai! - digo ao sair de seu abraço rápido.
- Venha meu filho, vamos entrar! - minha mãe me puxa pelo o braço.
Sem ter outra alternativa, sigo. Ao adentrar naquela casa vejo que aos poucos as coisas foram mudando ali, a decoração, a pintura, o cheiro da casa. Tudo parecia diferente. Um diferente estranho.
- E, como estão as coisas por aqui? - tento puxar o assunto assim que sentamos os três nos sofás da sala de estar.
- Tudo igual meu filho. Nada de diferente! - minha mãe diz prontamente.
- E dona Helena? - pergunto tentando saber mais.
- Sabia que você iria perguntar dela. - minha diz responde.
- Helena continua conosco, não se preocupe. Helena é tão especial para mim como é para você! - respiro um pouco aliviado.- E, Lavínia?! - insisto.
Noto meu pai me olhar diferente, mas nada incomum. Ele sempre teve esse jeito observador, calado.
- Bom, ela se foi assim que você viajou. Foi morar na capital, para estudar e trabalhar. Não a vi mais, Helena disse que ela está trabalhando muito, mas se deu bem. Parece que virou chefe de cozinha num restaurante famoso! Era o que ela sempre quis. - minha mãe diz por fim.
Então ela conseguiu. Lavínia conseguiu o que sempre sonhou, ser uma chefe de cozinha renomada. Isso me deixou muito feliz, e sem eu perceber, um sorriso bobo se formou em meus lábios.
- Agora me conte de você. Como foi esse tempo que passou fora? O que você fez? Quais lugares conheceu? - minha mãe me encheu de perguntas.
Eu não tive como me livrar de mais de uma hora de conversa. Mesmo a contragosto dei atenção a meus pais. Mas minha vontade mesmo era de ir até a cozinha e procurar saber mais coisas de Lavínia com dona Helena. E eu faria, assim que tivesse chance.

CZYTASZ
Luna
RomanceEla é a filha da empregada Ele é o filho do patrão Eles se separam, ela engravida. O tempo passa e nada e como antes.