Ao me aproximar da cozinha da casa, sinto um conhecido cheirinho no ar.
- Dona Helena! - digo ao parar na entrada da cozinha.
A mulher que me viu nascer e crescer se virou depois do susto, e me olhou.
- Esse cheiro é do seu inesquecível bolo de fubá com calda de goiabada! - digo sorrindo.
Ela sorri.
- Meu menino! - dona Helena diz ao caminhar em minha direção.
E então o abraço. Forte, apertado, de saudade.
- Você cresceu! - ela diz ao me analisar.
- Está um homem!- Sempre fui! - brinco.
Rimos juntos.
- Venha, acabei de fazer a calda do seu bolo preferido! - ela diz me puxando pela a mão.
Sendo guiado por dona Helena me direciono até o balcão americano da cozinha e me sento num dos bancos que havia ali. Dona Helena prontamente pega um prato de sobremesa e um garfo, corta o bolo que lindamente decorada aquele balcão frio e escuro de porcelanato e me serve com um belo e grande pedaço de bolo de fubá com calda quente de goiabada.
- Ainda está como antes? - ela pergunta ao me ver deliciar com o bolo.
- Está melhor que antes! - digo satisfeito.
- Em Londres... - digo enquanto tento comer e conversar ao mesmo tempo.
- Encontrei depois de alguns meses uma confeitaria brasileira, e lá, tinha vários bolos, incio de fubá com calda de goiabada. Mas nada se compara ao seu! - velo ela sorrir.
- Apenas um... O de Lavínia! - concluo.Dona Helena me olha por alguns instantes antes de falar.
- O bolo de fubá da minha filha é muito bom mesmo. Ela sempre foi boa na cozinha, melhor que eu as vezes. - ouço ela dizer com saudades de sua filha.
- Mas em muito o seu bolo e do dela se parecem, apenas uma diferença....
- A calda vai dentro do bolo! - falamos juntos.
Rimos juntos.
- Sim, Lavínia aprendeu a fazer esse bolo comigo mas como uma boa perfeccionista queria deixar sua marca, e aprendeu a fazer a calda ficar por dentro do bolo como um recheio e não por cima como eu sempre faço!
- Sim, ela dizia que a mudança no jeito de fazer o bolo era para deixar sua marca! - falei.
- Sim, ela dizia!
Por alguns instantes esperei que dona Helena fosse me dizer algo a mais da filha mas nada ela disse, o silêncio predominou.
- Dona Helena, minha mãe disse que Lavínia está morando na capital! - puxei o assunto.
- Sim, ela está. Lavínia foi para a capital pouco tempo depois que você foi embora. Ela queria estudar, arrumar um emprego e ser uma grande chefe de cozinha, e conseguiu!
Meu coração se alegrou ao saber que Lavínia havia conseguido alcançar seus sonhos.
- E, em qual restaurante ela está trabalhando?
- Eu, eu nunca perguntei o nome do restaurante! - ela diz ao se afastar de mim.
- Vou passar um café pra a gente.- Ela, apareceu depois que foi para a capital? - insisti.
- Não, ela não voltou mais! Estudar, trabalhar, consome muito o tempo da gente. Sei que Lavínia é bem ocupada. Mas nos falamos por telefone, quase sempre.
- E, a senhora tem o número dela?! - pergunto ao ver dona Helena ligar o fogo e colocar o bule sob ele.
- Não, você sabe, Ben, sou das antigas não tenho celular. Ela me liga do telefone da casa, atendo aqui mesmo na cozinha, estou sempre por aqui. Nunca pensei em pegar seu número. Sei que ela está bem! - ela garante.

CZYTASZ
Luna
RomanceEla é a filha da empregada Ele é o filho do patrão Eles se separam, ela engravida. O tempo passa e nada e como antes.