Dias após o anúncio da viagem, embarcamos rumo a Londres. A medida que o tempo de vôo ia se estendendo eu não parava de pensar na loucura que a minha vida havia se tornado.
Sabe quando você olha para trás e percebe que uma única ação sua poderia mudar toda a sua vida? Era essa a sensação que eu tinha ao refletir sobre como a minha vida havia tomado rumos diferentes dos quais eu planejei um dia. Se naquela noite eu não tivesse ido ao quarto de Ben, se naquela noite eu não tivesse me entregado a ele, talvez Ben estaria vivo... No entanto, Luna não existiria, e embora eu sentisse a falta de Ben, imaginar minha vida sem minha filha era pior do que viver sem Ben.
Embora eu achasse toda aquela história de viagem uma loucura, eu sabia que no fundo o que Paloma queria era de certa forma fazer com que eu seguisse em frente. E eu precisava seguir.
Em uma semana turistando em Londres conhecemos muitos lugares lindos e espetaculares. As margens do rio Tâmisa, visitamos a torre de Londres, a London Eye e o palácio de wesiminster. Depois, visitamos o palácio de Buckingham, vimos a troca da guarda e entramos nos telefones públicos que em muitas vezes vi nos filmes. E claro, não poderíamos deixar de visitar o Big Bang, famoso relógio símbolo de Londres. No entanto, em cada lugar que visitamos, em cada parte que andamos, em cada chão que pisamos lembrar de Ben era inevitável. Tudo ali me fazia lembrar ele, era como se em minha mente, em meus pensamentos ele estivesse vivo. Para mim Ben estava.
- Como se sente? - Paloma perguntou após alguns instantes de silêncio.
Um pouco mais afastada, Luna brincava numa pracinha que ficava próxima ao hotel onde estávamos hospedadas.
- Me sinto, estranha! - falei observando minha filha brincar.
- Estranha como? - Paloma insistiu.
- Não sei, só sei que me sinto estranha! Como se, nada disso fosse real. - a olhei.
- Seu cérebro está tentando encontrar um meio de esconder o luto, a perda. Mas, você precisa enfrentar isso, Laví!
- Não sei se consigo! - desabafei ao sentir meus olhos se encheram de lágrimas.
- Consegue sim! Amiga, você é uma guerreira. Enfrentou tantas coisas sozinha, superou tantas outras... sei que de certa forma, você vai conseguir superar! - Paloma me acalenta e em seguida me abraça.
- Obrigada amiga, por ser quem é! - falo presa em seu abraço.
- Amiga, tem um homem perto da Luna! - ela me solta.
Me viro e vejo que realmente tinha um homem perto da minha filha. De costas, ele vestia um sobretudo preto e estava agachado conversando com ela.
- Ei! Seu pervertido! - Paloma disse em voz alta ao se aproximar dos dois.
- Paloma, com certeza ele não fala português! - tento adverti-la ao caminhar junto com ela.
- Problema dele, deveria pensar nisso antes de se aproximar de meninas sozinhas! - não fazia sentido. Mas Paloma brava nunca fez qualquer sentido.
Nos aproximamos e vi que Luna sorria.
- Luna, está tudo bem filha? - perguntei assim que chegamos até eles.
- Sim, mamãe! - ela diz sorrindo.
Respiro aliviada.
- O senhor não tem vergonha não?! Se aproximar de garotinhas sozinhas? O que pensa que está fazendo?! - Paloma enche o homem de perguntas.
- Paloma, ele é inglês! - tento advertir.
- Não! Não sou inglês! - ele diz finalmente.
- E não estou fazendo de mais, só achei o rosto dela... - ele dizia enquanto se levantava e se virava no bom português.
- ... Familiar!Não! Não era possível!
Nem nos meus mais insanos sonhos imaginei que algo como aquilo fosse real, fosse verdade. Era ele, meu Ben, bem ali, na minha frente. Vivo.
- Que merda é essa?! - Paloma disse perplexa assim como eu estava.
- Não pode ser! - falei baixinho.
Era ele sim. O mesmo rosto, os mesmos olhos, o mesmo ar sério que ele tinha, o mesmo corpo... Era Ben, o meu Ben.
Eu não pude me conter, e quando dei por mim, estava acariciando seu rosto, sua barba por fazer, seus olhos me olhando com surpresa, era ele, mas ao mesmo tempo não era. E então não vi mais nada.
CZYTASZ
Luna
RomanceEla é a filha da empregada Ele é o filho do patrão Eles se separam, ela engravida. O tempo passa e nada e como antes.