2 Vida nova 🌕

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Uma vida nova.

Essa era a sensação que eu tive quando pisei meus pés na capital. Tudo ali era tão diferente e tão intenso. As pessoas estavam sempre correndo, sempre ocupadas, típico de cidade grande. Me instalei no apartamento de Paloma que sim, era muito confortável e teria espaço suficiente para uma criança. Paloma foi ótima comigo, como sempre. Me ajudou nos primeiros dias a conhecer a cidade e empolgada e boba comprou até um macacãozinho amarelo para o meu bebê, era o primeiro presente que ele havia recebido. Após algumas semanas, consegui um emprego de meio período numa confeitaria de um amigo do paí de Paloma, meu chefe sabia da minha situação, que eu estava grávida, mas não se importou. Agradeci aos céus por ter em meu caminho pessoas maravilhosas.

Os meses foram se passando. De manhã eu fazia meu curso de gastronomia e a tarde seguia trabalhando na confeitaria. Era difícil, puxado, mas eu dava conta.  A saudade de Ben apertava meu peito, as noites pareciam intermináveis. Mas o que me reconfortava era saber que havia um pedacinho dele dentro de mim crescendo e tomando forma. Nossa mistura, nosso bebê, o fruto do nosso amor. Aquele bebê era minha companhia nas noites intermináveis.

Até que com sete meses de gestação e estando na  minha melhor fase, uma visita surpresa mexeu comigo. Em uma dessas noites solitárias em que Paloma estava na faculdade, ao abrir a porta depois que a campainha tocou vi diante de mim a última pessoa que eu imaginei ver naquele momento, minha mãe.

- Mãe?! - meu espanto foi grande ao me deparar com seu sorriso sumindo ao perceber o volume do meu ventre.

O espanto e a decepção eram nítidos em seu olhar. Seus olhos me olhavam com reprovação, decepção, dor. E logo meus  olhos se encheram de lágrimas.

- O que você fez?! - sua voz soou como um sussurro.

Parada ainda na porta vi minha mãe me encarar.

- Mãe, por favor...

- Lavínia, que tipo de pessoa você se tornou? - a cada palavra dita por ela para mim era como um soco no estômago.

- Mãe, eu posso explicar. Eu não queria te...

- Não quero ouvir nada! - ela me corta.
- Foi por isso que você cismou em vir para cá, foi por isso a sua pressa. Você estava grávida.

- Eu sinto muito! - digo em meio as lágrimas.

- Não Lavínia, você não sente nada! Está morando aqui com o pai dessa criança?

- Não, eu falei a verdade, estou morando com a Paloma.

Ela sorriu secamente.

- Ele te deu um pé na bunda. Agora tudo faz sentido!

- Não mãe, não é isso!

- Não importa! Não quero saber de mais nada, Lavínia. Sua vida, o que você faz com ela, não me interessa! - suas palavras doeram muito em meu peito.

- Mãe...

- A partir de hoje, não sou mais sua mãe!

- Não, mãe! - choro copiosamente.

- Você fez tudo errado, você é uma tonta, Lavínia! Eu sempre conversei com você sobre isso, sobre os homens, sobre a vida. Eu te alertei, te contei o que aconteceu comigo, me fiz de exemplo. E você não me escutou. Agora está aí, grávida, sozinha, como vai sustentar esse bebê? Como vai se virar sozinha? Ao menos sabe quem é o pai?

- Claro que eu sei quem é o pai do meu filho! - me defendo.

- Ao menos isso! E quem é o sortudo? - sua pergunta é irônica.

- Benjamin! - digo apenas.

Imediatamente vejo sua feição mudar completamente. Espanto. Foi o que vi.

- Então esse era o seu plano! Você queria dar o golpe nele. Mas errou feio, o garoto nem aqui está mais. Nunca pensei que pudesse esperar isso de você, Lavínia. Você é a minha maior decepção! - como se uma faca entrasse em meio vi minha mãe virar as costas para mim.

- Mãe, por favor! Não faça isso, não me dê as costas. Eu preciso de você! - imploro.

- Você me fez fazer isso Lavínia! Eu te avisei. Não me procure, não quero saber sobre você e nem sobre esse, bebê. Apesar dele ser filho do, Ben, sei que não será bem vindo por ninguém, muito menos por mim!  - e ao  dizer isso com ar de nojo vejo minja mãe partir sem olhar para trás.

🌕

- Como ela sabia o nosso endereço? - Paloma pergunta enquanto tenta me acalmar depois de eu ter contado tudo o que aconteceu.

- Eu deixei o endereço e telefone daqui com ela quando vim. - falei chorosa.

- Aí amiga, que barra! - Paloma me abraça ainda mais.

- Estou sozinha, literalmente sozinha!

- Não está! Estou aqui com você, com vocês! - ela diz me olhando atentamente.

- Obrigada!

- Agora vamos esquecer tudo, vamos seguir como fizemos até agora. Eu estou aqui com vocês, e precisamos estar bem para a chegada do bebê! - ela tenta me animar.

A olho tentando sorrir, eu precisava seguir.

- O que seria de mim sem você? - pergunto.

Paloma sorri.

- Você seria o que é agora, uma mulher forte e guerreira que vai conseguir alcançar todos os seus sonhos e objetivos!

- Obrigada! - digo e em seguida a abraço forte.
- Obrigada por ser quem você é! - digo presa em seu abraço.

LunaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz