Cinco anos. Este foi o tempo pelo o qual esperei para contar toda a verdade a Ben, no entanto, depois de tudo, percebi que agi sem pensar. Escondi dele, da minha filha e de todos a verdade, e sim, me arrependi muito. Ao contrário dos meus medos e receios, Ben reagiu da forma mais meiga possível. Ele queria a filha, ele me queria e tudo o que um dia me falaram, não passou de intrigas.
O sorriso de Ben, o modo como ele falava da nossa filha, filha essa que ela ainda não conhecia mas eu sabia que já amava. Ben falava com ternura de Luna, do quanto ficaria junto de nós, do quanto seria presente em nossas vidas para recuperar o tempo perdido, do quanto estava feliz por saber que tinha um filha, por o nosso amor ter se transformado em um ser. Sua alegria, sua satisfação, seu amor, transbordavam dentro dele de uma forma única e se transformava em um lindo sorriso. Planos para o futuro, sonhos, até em casamento fui pedida naquela noite, na ida até Luna, e então, tudo mudou. De repente.
Questão de segundos, rápido ao ponto que nem pudemos perceber, reagir, assimilar. E o destino parecia que não nos queria juntos.
Lembro-me da sensação, das dores por todo o corpo, do medo repentino ao acordar e perceber que não foi um sonho, que foi real. O acidente, um carro em alta velocidade nos atingiu enquanto o semáforo estava fechado para nós e fechado para ele. O carro atingiu em cheio o lado em que Ben estava dirigindo e tudo escureceu diante dos meus olhos. E então, me vi presa num quarto de hospital, sozinha e confusa. As lágrimas logo desceram por meu rosto e eu senti medo. E então a porta se abriu, era minha mãe.
- Lavínia, minha filha! - ela disse ao ver que eu estava acordada.
- Mamãe! - falei em meio as lágrimas.
Minha mãe veio ao meu encontro e me abraçou forte. Senti que algo não estava certo.
- Ben! Onde está Ben? - perguntei ao sair de seu abraço.
Vi tristeza no rosto de minha mãe. Eu não queria acreditar. Não poderia ser verdade.
- Minha filha, você precisa ser forte! - minha mãe tentou me reconfortar para o que estava por mi, mas eu não queria acreditar.
- Não mãe! Não! - implorei para que não fosse verdade.
- Infelizmente nosso Ben faleceu minha filha! - ela enfim falou.
Meu peito doía, minha alma parecia ter se rasgado, o ar aos poucos foi saindo de mim.
- Lavínia, minha filha. Tente ficar bem, você precisa ser forte, por Luna! - minha mãe disse vendo o estado em que eu estava, as forças parecia que iam sumindo de mim.
- Luna! - falei ao me lembrar de minha filha.
- Onde está minha filha? - indaguei preocupada.
- Ela está bem, está com Paloma! - por um breve momento respirei aliviada.
- Mãe, por que ele se foi? - as lágrimas voltaram a rolar.
- Minha filha, os médicos fizeram de tudo para salvá-lo, mas, não conseguiram, Ben chegou ao hospital já sem vida.
- Não! Isso não é verdade, não pode ser. Nós, nós, estávamos felizes, Ben havia descoberto sobre Luna, estava realizado por saber que tem uma filha, fazia planos, estava... - eu simplesmente não conseguia continuar.
Não era pra ser verdade, mas era.
Meu Ben estava morto, e eu estava sozinha novamente.
- Nós acabamos de nos reencontrar, como dói! - lamentei entre soluços e lágrimas.
Minha mãe me abraçou novamente.
- Eu estou aqui, minha menina. Vai ficar tudo bem! - ela garantiu.
Não pude me despedir do meu amor, não pude dar meu último adeus. Descobri que eu havia ficado em coma por um mês depois do acidente. Ao ter alta, fui até o cemitério e lá vi sua lápide, meu Ben havia sido enterrado. Foram dias de dor, choro, agonia e muita tristeza. As noites eram intermináveis e os dias dolorosos. Olhar para Luna e ver nela os olhos do pai só me fazia mergulhar em mais tristeza. Mas eu precisava ser forte, mesmo não tendo forças. Por mim, por minha filha, por Ben, ele não iria querer me ver chorando pelos os cantos. Eu precisava seguir.
Dois meses após acordar do coma e ver que tudo ao meu redor mudou drasticamente, precisei sair do luto, eu tinha uma filha que dependia de mim.
- Amiga, tem certeza que você está bem para voltar a trabalhar? sabe que Paulo te deu o tempo que precisasse para se recuperar. - Paloma disse parecendo preocupada enquanto empurrava Luna no balanço da pracinha.
- Tenho sim, preciso voltar a minha rotina. Sei que não será fácil sem Ben, mas, passei cinco anos da minha vida sem ele, acho que posso aguentar o resto dela! - falei sem ânimo.
- Por mais que eu esteja feliz por você se reerguer, tenho receio de você não aguentar! - ela disse.
- O que mais poderia acontecer comigo? Perdi o único homem que amei de verdade, minha filha não conheceu o pai, estou sozinha e agora tenho certeza disso. Não falta me acontecer mais nada.
- Sabe que estou aqui com vocês, que nunca vou deixar vocês sozinhas, não sabe?!
- Obrigada! - forcei um sorriso.
Seria difícil, talvez impossível, mas eu precisava seguir em frente.

CZYTASZ
Luna
RomanceEla é a filha da empregada Ele é o filho do patrão Eles se separam, ela engravida. O tempo passa e nada e como antes.