Capítulo 4

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                         Eva Dombor

Matteo estava parado no final do corredor quando eu saí, estava distante demais para ter escutado alguma coisa mas ele tinha uma expressão calma no rosto, muito diferente dos nossos últimos encontros movidos por ódio. Eu não gostava dele e ele não gostava de mim, não era necessário ter palavras para descrever.

Caminhei pelo lado contrário dele, sem saber qual direção certa eu deveria seguir. Aquela casa era do tamanho de todo o vilarejo, sem contar na extensão das terras por fora da estrutura de pedra. Dobrei mais alguns corredores sentindo o peso da poeira empilhada por onde eu passava, os lustres acesos filtrando luz alaranjada nas teias de aranha, até que encontrei uma sala elegante. Sentei em um dos sofás carmesim do lugar e me encolhi sentindo-me completamente relaxada textura fofa do móvel caro. Tinha uma lareira sem vida diante dos meus olhos, tapeçaria vermelha e uma mesa de centro entre ambos, as cortinas pesadas cobriam a janela longa e arrastavam-se elegantemente no chão limpo.

Havia vida mas havia morte.

Eu não estava com sono, mas estava exausta. Eu havia sido sincera em dizer que adormeci, mas eu não havia dito que foi sobre o cadáver do irmão gêmeo do homem que estava me aprisionando dentro de uma gaiola de ouro. Era estranho pensar que o corpo sem vida causava mais bem estar do que o corpo vivo, ambos com a mesma aparência fascinante. A questão era que Denver causava coisas erradas em momentos errados, seus toques faziam-me me sentir acolhida o suficiente para querer mais dele e eu não deveria querer.

Todos os pensamentos se confundiram com sono quando adormeci encolhida no sofá.

Meu sono se estendeu leve com o silêncio mortal daquela casa enorme, parecia que eu estava sendo carregada por uma nuvem macia com o cheiro do homem que alimentava minha angústia anteriormente. Precisei de alguns minutos para perceber que não era uma nuvem que me erguia do chão e sim os braços de Denver, eu quis socar diretamente no rosto dele quando abri os olhos e me deparei com seu peito duro servindo de apoio para minha cabeça ao mesmo tempo que ele me segurava com facilidade me guiando pelos corredores.

— Me coloque no chão! — exigi mas ele ignorou-me e empurrou uma porta com o ombro — Eu disse para me colocar no chão!

Denver depositou meus pés no chão e eu ergui meu corpo tomando a postura que eu deveria ter diante dele. Eu estava terrivelmente suja e pela primeira vez aquilo me incomodou diante de um homem, mas não era nada exclusivo, qualquer mulher gostaria de causar boa impressão para alguém como Denver.

Estávamos em uma suíte enorme, com os mesmos traços frios da decoração do restante da casa, mas ali havia uma penteadeira com produtos femininos e espelho. Uma cama com dossel erguia cortinas transparentes de um vermelho vivo, e estava posicionada ao meio sobre um tapete felpudos o suficiente para esconder os dedos dos pés ao pisar.

— Esse é o seu quarto, há um encanamento que fornece água morna para todos os quartos da residência, e há também pertences para seu uso pessoal. Perfumes, maquiagem, roupas e langeries.

Lembrei de todo armamento e automóveis que percebi ao redor da propriedade e me perguntei o motivo de Denver ter tanta coisa consideradas inexistentes para os moradores dessa cidade.

— Sem roupas da Malena dessa vez? — perguntei o óbvio.

— Sem roupas da Malena. — respondeu olhando ao redor antes de voltar seu olhar para mim — É tudo seu, eu não sabia do que você gostava então comprei baseado no meu gosto, posso mudar tudo se você quiser.

— Porque está fazendo tudo isso por mim?

— Eu disse que sou bom com negócio, Evangeline, só estou te dando estrutura para que você faça um bom trabalho.

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