Capítulo 5

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                           Denver Kirlan

Como eu queria ser capaz de fazer Evangeline esperar quando eu mesmo quase não conseguia?

Quando o ponteiro do relógio finalmente bateu no ponto que eu tanto fuzilava com o olhar, arrastei-me até o último salão da prioridade, do qual eu havia planejado todos os pequenos detalhes pensando na alma artística de Eva. Ela já me aguardava diante da porta quando alcancei o espaço.

Evangeline virou devagar para mim ao mesmo tempo que meus passos ficaram mais lentos, e nem era sobre o vinho que bebi durante o jantar. Eu precisava confessar à mim mesmo que a aparência de Evangeline me agradava muito, mas Evangeline com langeries das quais eu escolhi cuidadosamente à dedo estava me deixando mais e mais perto de um precipício digno para a morte.

Infelizmente aquele não era o conjunto menor, se tratava de um calcinha grande o suficiente para cobrir tudo inteiramente bem, mas os minúsculos buracos da renda mostravam frações da pele branca por baixo, parte de cima era no mesmo tom de vermelho, e tom de vermelho e tão grande quanto.

Era primeira vez que tinha maquiagem em sua pele, olhos perfeitamente delineados como os de um felino, cílios negros volumosos e batom carmesim. Seu cabelo estava solto, com ondas volumosas das quais ela não tinha anteriormente. 

Evangeline puxou uma peça minúscula de renda carmesim para sobre os ombros, na tentativa de cobrir mais um pouco dela quando percebeu que eu a queimei com os olhos por muito tempo. Seus pés estavam descalços e limpos cercados pela atadura branca do curativo, como uma puta submissa.

E se tinha uma coisa que eu adorava, era uma puta submissa.

— Você está muito linda. — elogiei.

Envergonhada demais para não corar, ela fez movimentos atrapalhados com as mãos sem coragem alguma que olhar em meus olhos.

— Malena disse que você não gosta de jóias... — tentou justificar o fato de não estar com nenhuma.

— Eu não gosto de qualquer coisa que possa me privar de te ver.

Mesmo sem ter seus olhos direcionados à mim, pude perceber que ele aumentaram com o meu comentário.

— Não diga essas coisas... — sussurrou para o chão.

— Eva, timidez é sobre autoestima baixa... E eu não consigo entender como uma mulher igual você consegue ter uma autoestima baixa.

Dessa vez foi seu rosto inteiro que avermelhou quase igual ao seu conjunto bonito.

Puxei a chave do bolso, destranquei a porta a adentrei posicionando a mão até o interruptor e o ligando com um pressionar simples. Evangeline me seguiu quase que silenciosa.

O lugar era composto por tudo que Evangeline pudesse acrescentar em suas apresentações e ensaios. Havia um bar muito pequeno ao canto, uma poltrona de couro centralizada ao meio, e ao fundo uma plataforma mais inclinada, não alta como um palco mas o suficiente para que ela estivesse sobre qualquer pessoa que a assistisse. No degrau da plataforma havia uma fita cara de led que brilharia na cor que ela preferisse, e a lira sobre a plataforma era o destaque.

Olhei para Evangeline e a encontrei de boca aberta, como um bichinho assustado. E novamente, Eva estava linda da mesma forma que fazia-me pensar nela como um presente que não poderia ser desembrulhado por minhas mãos.

— A led da plataforma brilha na cor que você quiser. — eu disse puxando o controle da prateleira de vidro ao lado da porta — Podemos usar vermelho para combinar com sua roupa, o que acha? — ela afirmou sorrindo e eu apertei na cor desejada, logo a plataforma acendeu iluminando o ambiente.

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