Capítulo 10

60 6 8
                                    


                            Denver Kirlan

Eu queria quebrar qualquer coisa que fizesse aliviar a inquietação da adrenalina alimentada pela raiva. Observei o corte na testa de Evangeline como se ele fosse a medalha do meu fracasso, eu não deveria tê-la deixado sozinha.

Pensei que pudesse fazer um curativo e tudo se resolveria, mas estávamos ambos sujos demais para que qualquer pano fosse capaz de limpar.

As juntas de meus dedos queimavam pelo tanto que soquei o rosto daquele velho, seus ossos se quebraram e ele morreu antes mesmo que eu pudesse perceber. Ele tinha a resposta sobre a cura da maldição que me assombrava, mas me pareceu inútil quando ele tinha o pescoço de Eva nas mãos.

Eu havia me tornado um desesperado por aquela mulher, e não havia motivos cabíveis para justificar minhas atitudes primitivas perante à ela. Tanto que permiti desistir da minha busca em liberdade das sombras.

Agradeci mentalmente por ela não ter sentido as sombras tocando-a por livre e espontânea vontade naquela sala antes da merda acontecer, quando eu a beijava terrivelmente bem. Às sombras pareciam criar uma vida maior quando Evangeline estava por perto, pareciam querer dançar para ela, buscar por ela, adorar cada centímetro dela.

— Vou te colocar no banho. — avisei levando meus dedos para as alças minúsculas de seu lindo vestido.

Ela colaborou puxando os braços para cima e deixando que eu pudesse descer a peça por suas pernas. Tinha uma calcinha minúscula por baixo, renda transparente com alças finas apertando seu quadril o suficiente para que sua carne transbordasse de forma gostosa pelo aperto, sua pele macia escorregou por minha palma quando levei o vestido até o final de suas pernas e ela o empurrou para longe.

Eu queria abrir a boca e me desculpar, mas estava frustado comigo mesmo. Não queria ouvir minha própria voz dizendo que falhei.

— Seja lá o que esteja pensando... — ela disse — eu estou bem.

Seus mamilos endureceram com o frio do quarto, extremamente empinados para cima.

— Eu sei que está. — a respondi segurando seu rosto com delicadeza, para que seus olhos continuassem perto dos meus.

A mulher era linda demais para estar em um mundo que talvez eu não tivesse, era linda demais para ser constatada com apenas palavras. Eu realmente deveria começar à rezar, agradecer por tê-la em minha vida, em minha casa, em minha cama, na palma da minha mão.

— Eu deveria estar brava por você ter matado seu próprio avô... — sua voz embargou e uma lágrima escorregou pequena — mas eu nunca senti tanto medo. Ele realmente queria me matar, Denver.

Uma dorzinha surgiu no fundo do meu peito em vê-la confusa sobre a culpa que não era dela.

— Não se culpe por não estar brava, amor. — respondi recolhendo suas lágrimas com o polegar — Ele não era uma pessoa boa, eu te disse.

— Mas ele deveria ser.

— Nem sempre as pessoas são o que deveriam. Eu sinto muito. — eu disse antes de puxa-la para dentro dos meus braços — Eu pareço possessivo, eu pareço maluco... Mas eu vou matar qualquer pessoa que ousar te fazer chorar, entendeu?

— Porquê faz isso por mim? — ela levantou o rosto molhado, seus olhos com linhas vermelhas.

— Eu não sei. — eu disse — Mas algum dia irei descobrir.

— Quando descobrir, vai me contar?

— Você será a primeira à saber, prometo.

Evangeline sorriu entre as lágrimas, foi como um arco-íris após à tempestade que destelhou seu lar e molhou tudo por dentro.

SHADOW TOUCH Onde histórias criam vida. Descubra agora