Capítulo 13

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                        Denver Kirlan

O solo onde pisei estava encharcado demais para o clima seco do lugar que costuma queimar o clima. O vento soprando quente demais para minha pele sentir arrepios voluntários por onde as ondas corriam, a tensão deslizando pelo ambiente escuro fez meus ossos pesarem e os dentes doerem.

Eu riflie enganchado na lateral do meu corpo sustentava o poder de espreitar através da escuridão ameaçadora. Não estava escuro como uma noite, estava escuro como um caos vertendo diretamente do inferno para a tormenta de toda a humanidade.

Os gritos de desespero continuavam oscilando pelo ar, enquanto eu e meus soldados tomávamos caminho na direção do qual o som era enviado. O velho anfiteatro que iria servir como depósito para meu armamento após a reforma que sequer havia começado. Após anos causando dor, tanto nos outros, quanto em mim mesmo, nenhuma dor era relacionada com aquele grito de maldição causando uma escuridão por cima da cidade.

Diante da porta dupla do anfiteatro quase aos pedaços eu não conseguia visualizar muita coisa além da escuridão, mesmo quando a mira do meu rifle foi direcionada para as pequenas aberturas das paredes, não havia muito para assimilar na distância. Abandonei o rifle para o lado novamente, e depositei força em um chute, as portas se abriram e meus pés de enterraram no chão enquanto assitia Evangeline de joelhos.

De costas para mim e de frente para o corpo de um homem pendurado por uma forca apertando seu pescoço por meio da morte. Não havia dúvidas que aquele era o qual ela lutava para proteger.

O desespero dela despertou a ira das sombras enquanto eu tentava segurá-las com a dor do meu coração partido em ter a destruição de Evangeline.  O choro dela era como ter mil facas cortando meu estômago, o jeito doloroso pelo qual seu corpo derrotado balançava com os soluços voluntários matavam qualquer ínfimo de bondade dentro de mim.

Eu queria me aproximar, mas havia o sentido dos meus pés serem amarrados ao chão. Muito lentamente deixei o rifle no chão e segui na direção das costas de Evangeline, um gesto simples com a mão fez meus soldados atentos recuarem através de nós dois.

Estava perto, estava quente mas estava frio. Eva estava determinando a raiva para fora dela, como se o sentimento fosse físico, fosse palpável para qualquer um que estivesse vivendo com a sofrimento dela. Em todos os meus anos de tormenta nunca havia sentido um sentimento vívido.

— Eva? — sussurrei de forma fraca, mas ao esticar a mão para tocar seu ombro o rosto dela virou rapidamente em minha direção, como se minha proximidade fosse algo ameaçador para ela.

Meus olhos aumentaram quando suas iris estavam cobertas de escuridão. Suas pupilas escuras misturavam-se com o escuro que tomou conta do restante do globo onde deveria haver cor branca ao redor.

Assustadora como uma feiticeira daqueles livros antigos dos deuses.

O cheiro de merda subiu pelas minhas narinas enquanto eu observava o estado deplorável de Eva coberta de lama pelo corpo inteiro.

— Sou eu. — eu disse enquanto ela tentava me reconhecer através da camada grossa de raiva assombrando ela. Ergui mais a mão na direção do seu rosto, me segurando na incerteza de que ela não me machucaria com alguma bruxaria antiga. Minha voz parecia fazer efeito nela, mas ainda estava distante demais para alcançar — Converse comigo e vamos lidar com isso, tudo bem? Eu estou aqui, eu vou ajudar você... — não havia palavras para descrever meu fracasso com ela, talvez ela jamais me perdoasse mas eu queria tentar enquanto estava vivo diante dela — Se você não quiser me perdoar, eu vou aceitar isso... se você quiser ir embora, eu vou aceitar isso também... Vou aceitar qualquer condição sua... se você permitir que eu possa fazê-la se sentir feliz. Se quiser me matar para se sentir feliz, faça. Apenas seja feliz.

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