Zion - Carrión de Los Condes, Espanha. Madrugada do dia 15 de Janeiro.

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No caminho, Zion cogitou mais de uma vez estar sonhando. Não por todos os eventos que aconteceram, e nem por estar na presença do grupo mais inusitado de pessoas que poderia conhecer, mas por uma sensação persistente durante o voo, um constante estado de sonolência.

Normalmente, voar para Zion significava percorrer enormes distâncias em pouquíssimos segundos, mas já haviam se passado horas, e eles ainda não tinham avistado nenhuma civilização. Os montes, abaixo deles, pareciam levar anos para serem atravessados.

Zion também cogitou que ele e Luma estivessem fora de forma, mas os novos integrantes alados não pareciam nem um pouco mais ágeis. Claro, também era possível que fossem mais fracos, visto que eram metade humanos. Mas não importava, fosse o que fosse, Zion estava ficando exausto, e ele jamais admitiria, contudo, ficou aliviado quando Hanya gritou sobre o vento, sugerindo que parassem.

— Estou vendo uma cidade a frente! Podemos parar e dormir? Acho que vocês precisam descan...

Como Luma assumiu um olhar frio, e Hanya parou subitamente de falar, Zion imaginou que a Diora devia estar exausta também, mas se negasse a descansar. Somente por isso, ele concordou.

— Acho uma boa ideia. Vamos parar no centro da cidade e encontrar um local para passar a noite.

Assim que o comentário deixou sua boca, o rosto de Luma voltou a relaxar, e não houveram mais protestos, Jack, inclusive, pareceu perder cinco quilos, ao perceber que poderia enfim dormir.

A cidade tomou forma e eles desceram no centro, que estava deserto. As construções eram muito parecidas com as das últimas cidades, mas, como cada local, ali tinha seu próprio charme. Havia muito mais verde em comparação às outras cidades, e o lugar também era cercado por altos morros. Os prédios, além dos tons salmão e amarelo, agora também tinham fachadas de alvenaria. Por ser tarde da noite e inverno, o clima finalmente começou a fazer jus à época, ficando ainda mais frio.

Eles mal haviam pousado, Jack correu até o estabelecimento mais próximo para pedir informações, e descobriu, que o antigo monastério da cidade, estava sendo utilizado como hotel para peregrinos. Depois de buscar o endereço em seu telefone, os seis caminharam penosamente até o local. Durante o caminho até lá, eles mal falaram uns com os outros. Só de olhar para os seus rostos, Zion pode notar que estavam todos exaustos, até mesmo Luma.

O lugar era peculiar, para dizer o mínimo, se tratava de um enorme bloco de concreto antigo, mas, somente a parte ao redor da porta parecia ser original, já que era muito mais defasado que o restante, que parecia ser mais recente.

Tinha mais ou menos dois a três andares, dependendo do lugar, e era enorme. Além disso, antes de entrarem no local, Zion já pode sentir uma forte e estranha energia emanando dali, se estivesse em sua melhor forma, teria evitado prontamente o lugar. Ainda bem que não estava, pois, somente quando entraram, puderam entender o motivo da estranha sensação que tiveram.

Logo na recepção estava uma menina, com aparência de, no máximo, dez anos. Ela tinha cabelos loiros e ondulados, pele clara, olhos azuis profundos e feições angelicais, inesperadamente familiares, que perderam imediatamente a cor quando os viu entrar.

Zion pensou que ela fosse gritar, ou ao menos correr, mas a garota fez o exato oposto. Seu sorriso dobrou de tamanho, e grossas lágrimas envolveram seus olhos.

— Lulu! — seu lábio tremeu quando falou.

— Cici! — a voz de Luma não saiu mais alto que um sussurro, repleta de alívio. Ela correu até a pequena e a abraçou com tamanha força, que a garota pareceu prestes a quebrar. — Você está enorme! Como cresceu! Deixe-me vê-la! Está linda! É você mesmo?

Celestiais - A Pedra, a Lança e o SeloOnde histórias criam vida. Descubra agora