Jack - Leon, Espanha. Tarde do dia 15 de Janeiro.

7 2 0
                                    

Enquanto eles sobrevoavam o extenso vale verde, a mente de Jack não parava, nem por um segundo, com a persistente paranoia e ansiedade. Eles ainda seguiam o caminho francês, de olho nas setas e conchas espalhadas, mas os peregrinos, logo abaixo, também eram um bom indicativo do caminho.

Jack estava no ápice do nervosismo. Quanto mais tempo passava com Zion e Luma, mais ele se sentia arrependido pelo roubo da Balança. Quando ele pensou que não iria mais aguentar a culpa, foi sequestrado e amordaçado.

Jack cogitou que Deus, se existisse, estava punindo ele. Mais que isso, se a Balança fosse uma representação divina, com toda a certeza, Jack pagaria a conta no final. Isso era o que sua mente não parava de repetir.

Ele ficou grato pelo clima. Antes de deixarem o monastério, recolocaram os sobretudos que carregavam, permitindo que Jack se escondesse dentro do dele, sob o pretexto do frio, e não do medo, ou da vergonha.

Exceto Hanya que, diferente dos outros, fez uma magia estranha, transformando seu manto-macacão em roupas apropriadas para o tempo. Algo que Jack classificou como muito útil. Infelizmente, ao perguntar, Hanya assegurou que aquilo não funcionaria para humanos, apenas para os Detentores do Conhecimento e, talvez, para os Celestiais.

Uma pena, já que as vestes não serviam apenas para trocar de roupa. Hanya disse que poderiam mascarar tanto a energia do usuário, quanto a sua aparência, além de proteger do frio e do calor.

Proteger-se do frio já era bom, poder se esconder, era melhor ainda.

Mas, mesmo com as novas vestimentas, o vento naquela altura ainda castigava. Além do frio intenso, o céu agora também não era mais azul, e estava ficando cada vez mais cinzento, conforme eles se aproximavam do destino. Jack tentou não pensar nisso como um mau presságio.

Vez por outra, Jack olhava para Diego, voando bem a frente do grupo, com Hanya. Eles trocaram poucas palavras desde que se conheceram e, francamente, Jack tinha a menor das afeições pelo companheiro improvável de viagem. Seu sentimento a respeito da irmã dele, também não era nada positivo. No entanto, Jack não pode deixar de se sentir compassivo, afinal, a relação dele com o pai, sempre foi recheada de afeto e carinho. Se fosse ele no lugar de Diego, ouvindo aquelas palavras, Jack teria ficado arrasado.

— Estou vendo fumaça sair da sua cabeça, humano — disse Zion, lembrando a ele, que Diego e Camile não eram os únicos por quem Jack não morria de amores.

— Estou triste por Diego.

— Ele vai sobreviver — a tranquilidade de Zion tirou Jack do sério.

— Como você pode ser tão desprovido de emoções? É impossível que você pense que está tudo bem.

— Você não entende. Não tem nada a ver com o que eu penso. Os Dioras são assim, é a natureza deles. O dever antes de tudo, zero afeto, e a responsabilidade é o foco de uma vida.

— E você acha isso certo?

— Não cabe a mim julgar, Jack. Isso não é da minha conta, e muito menos da sua.

Jack não pôde ver o rosto de Zion, mas, pelas suas palavras, o Durga pareceu estar tão irritado quanto ele.

— Ei! Estão vendo aquilo? — gritou Camile. Ela voava logo atrás do irmão.

Jack se esforçou, mas não enxergou nada além de grama e árvores.

— O que eu deveria estar vendo? — gritou de volta.

— A cruz! — disse Hanya. — A cruz do livro! Onde a pedra deve estar! Conseguimos!

— Não pode ser assim tão fácil — Jack ouviu Zion murmurar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 19, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Celestiais - A Pedra, a Lança e o SeloOnde histórias criam vida. Descubra agora