Luma - Washington, D.C. Naquela mesma noite.

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Ela sentiu seus dedos formigarem enquanto, aos poucos, as sensações iam voltando e com elas, as memórias. Quando todo o seu corpo estava liberto da rocha, a primeira coisa que ela notou foram os olhos dele, intensos e tão escuros que não se podia diferenciar pupila da íris. Ele parecia estar tão surpreso quanto ela, mas seus olhos arregalados rapidamente deram espaço para um sorriso de escárnio.

— A eternidade foi mais curta que o esperado, hein? — zombou ele.

Levou tempo demais para perceberem que ainda estavam de mãos dadas, e finalmente as soltassem. Luma olhou em volta receosa. Estavam em uma sala enorme, com teto e paredes arredondados, pintados em um tom cru pacífico. Como um dos templos em Diora, só que não havia energia sagrada alguma ali. Não era sua casa e Luma não sabia onde estava.

Ela levantou com certa dificuldade, o que a fez questionar quanto tempo havia se passado. Pareciam segundos, mas ela sabia que não eram. Ao seu lado estava um humano, parado de pé e em completo choque. O primeiro instinto dela foi recolher suas asas, o primeiro instinto de, como era o nome dele? Zion? Isso mesmo. A primeira reação dele foi partir para cima do humano, segurando-o pelo colarinho do macacão azul que usava.

— Você de novo? Estou começando a achar que não é coincidência. Você realmente está tentando destruir o mundo, não está?

— Eu sempre soube que a Joy cuspia no meu café da manhã, mas essa é a primeira vez que ela coloca alucinógenos. O que será que eu fiz para ela dessa vez?

— Responda a pergunta, ou vou atirar você para o outro lado do muro — Zion disse entredentes.

— Calma aí, cara! Não há necessidade de toda essa violência — o humano balbuciou. — Minha alucinação quer me bater, será que eu falo isso para minha psicóloga?

— Tudo de novo, Zion? Acho que não preciso lhe explicar novamente sobre... — ela então olhou com mais atenção para o humano.

Havia sim, uma certa semelhança entre esse e o humano que retirou a Lança da Balança, porém, quanto mais Luma olhava, mais diferenças entre eles, ela encontrava.

Apesar de terem a mesma altura, esse humano parecia se alimentar muito melhor que o outro, além disso, apesar de a cor da pele e dos olhos serem a mesma, o cabelo dele era mais liso e uns centímetros mais longos, e também era um pouco mais escuro. Esse homem não tinha barba, enquanto o outro tinha, e ele aparentava ser um pouco mais jovem também. Tinha um olhar mais leve. Mesmo em choque, podia-se ver pequenas bolsinhas embaixo de cada olho, fazendo-a crer que ele sorria com mais frequência que o outro.

— Não é o mesmo humano.

— Como assim não é o mesmo humano? Para mim são todos iguais — Zion manejou a cabeça do outro como se fosse um brinquedo, enquanto o analisava, e depois o soltou.

— Isso aí cara, somos todos iguais — Jack tocou no peito de Zion na altura do coração. — O que importa é aqui dentro, né?

— Realmente, não é o mesmo — disse Zion, empurrando o humano para longe. — Esse está com defeito.

— Zion, onde está a Balança? — Luma não prestava mais atenção neles, ao invés disso, olhava volta desesperada. Dessa vez, foi ela quem se aproximou, impaciente. — Estávamos segurando uma Balança, onde ela está?

— Balança? Era importante? — perguntou ele engolindo em seco, o que fez Luma semicerrar os olhos, deixando ele ainda mais nervoso.

— Sua vida depende dela — disse Zion. — E o planeta todo também.

— O planeta? Uau, se eu soubesse que valia tanto, teria cobrado mais — o humano falou de uma forma que Luma interpretou como sarcasmo, por isso, não deu muita importância para as palavras dele. — Não me matem! Por favor!

Celestiais - A Pedra, a Lança e o SeloOnde histórias criam vida. Descubra agora