Zion - Uluru, Austrália. Naquela mesma madrugada.

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Zion repassou todos os últimos acontecimentos em sua cabeça durante a viagem e chegou a única conclusão possível para ele: se não fosse Naomi, ele não estaria metido naquela situação. Se ele se ressentia dela? Claro que sim, mas, ao mesmo tempo, se preocupava.

Onde eles estariam? Ainda estavam vivos? E Wyatt? Zion estava triste, mais que isso, estava irritado. Foi obrigado a passar cinco mil anos, petrificado em uma Balança, obrigado a acordar quando ela foi destruída e, agora, estava sendo obrigado a atravessar meio mundo, carregando um humano, para salvar aquele tênue e inútil planeta.

Zion nunca foi de atos heroicos, não era o maior fã de altruísmo e empatia, e não tinha a mínima ideia do porquê estava sendo agora. Tinha quase certeza de que todos os seus amigos não existiam mais. Ele odiava os humanos mais do que nunca. Não tinha motivos para fazer aquilo e, mesmo assim, ali estava ele. Sentado naquele estranho jantar com Luma, o humano Jack e a nova recém-conhecida Hanya. Buscando uma forma de restaurar o equilíbrio para que todos, menos ele, vivessem.

Pois, uma coisa era certa, assim que aquela busca acabasse, Zion iria pôr um fim a sua existência. Já tinha feito mais pelo mundo do que precisava, ou do que os humanos mereciam. Era a vez dele descansar.

— Nossa! Isso está muito bom! — falou Jack, com a boca cheia. Entre mordidas desesperadas em uma coxinha de frango empanada.

— Você parece um animal comendo — retrucou Zion, provocando um riso em Hanya, e constrangimento suficiente no humano, para que soltasse a coxinha e limpasse a boca.

— Então, Hanya — disse Luma. Ela estava mexendo em um morango, quase da mesma cor de seus lábios, há um tempo sem comê-lo. — Você disse estar nos esperando. Pode explicar isso?

— Ah! Sim, sim! — disse ela, sorrindo e se levantando. — Eu sabia que viriam, eu senti. Sei que o mundo está em apuros, mas não sei muito bem como posso ajudar.

A garota falou aquilo com animação, como se dissesse que amanhã faria sol, como se fosse simples, uma ideia que todos conseguissem entender. Aquilo também irritou Zion, eles estavam falando do fim do mundo e ela parecia feliz por estar certa. E desde quando coisas assim incomodavam ele?

— Estávamos esperando que soubesse onde está o livro de Thoth — Zion soltou as palavras sem paciência. — Precisamos saber como recriar a Balança.

— Você quer dizer A Balança? — o sorriso dela foi reduzindo até sumir. — O que aconteceu com A Balança?

Ahá! Ali estava. Então ela não sabia de tudo. Por um lado era bom, explicava a falta de parafusos dela em relação à situação, por outro, era bem ruim, já que Zion esperava que Hanya tivesse todas as respostas na ponta da língua. Na verdade, Zion esperava mais pessoas ali, mas ela havia dito que era a última, isso ainda não fazia muito sentido para ele.

— Ela foi destruída — Luma explicou, olhando brevemente para Jack. — Agora precisamos recriá-la o mais rápido possível. Nem sei quantos dias temos antes de...

— Sete dias — interrompeu Hanya, estava completamente séria e olhando para frente sem se mover. — É o tempo entre a destruição da Balança e o fim do mundo, sete dias. Se estou certa, vocês despertaram na noite anterior. Não há como saber quando a Balança foi destruída, mas eu chutaria que vocês têm no máximo seis dias para recriá-la.

— Você parece saber muita coisa, como sabe tanta coisa? — Jack perguntou olhando para Zion e Luma. — Vocês não acham isso estranho?

— Estou achando estranho que ela não saiba mais. Você acabou de dizer que "chutaria"? — contestou Zion.

— Jack, sou uma Nistarim. Nosso clã existe há mais tempo do que a Diora e o Durga que você acompanha. — ela falou, ignorando Zion completamente.

— Minha cabeça está doendo. Nis... O que? Dio? Durga? Isso é alguma banda? — quase dava para ver a fumaça saindo da cabeça do humano.

Celestiais - A Pedra, a Lança e o SeloOnde histórias criam vida. Descubra agora