o monstro já foi embora

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Porque se um dia você decidir ir embora

Eu vou ficar sozinha nessa multidão

Você merece o mundo inteiro lá fora

E não merece ficar presa na minha confusão

Eu preciso fugir daqui-

Marcela Veiga-





- você vai para a minha casa hoje, e eu não quero nem saber - foi o que o meu Iwa-chan me avisou de manhã.

Eu menti, eu menti para ele.

Ontem a noite ele me viu naquela situação toda e eu não tive coragem, eu tive medo, eu senti tanto medo que ele tivesse nojo de mim que eu menti.

Eu inventei a mentira mais fajuta que a minha mente conseguiu pensar no momento.

Eu disse que tinha bebido de mais e tive uma briga com o meu namorado, depois, nós resolvemos na cama só que ele também tinha medo da minha mãe e acabou indo embora mais cedo.

Quando ele me questionou sobre eu estar tremendo quando ele chegou ali, eu simplesmente coloquei a culpa na bebida.

E sabem qual é o pior?

NEM NAMORADO EU TENHO!!!

Eu não sei se ele acreditou, na verdade, eu sei que ele não acreditou.

Mas ele se limitou a me retirar da cama, encheu a banheira, colocou os sais que sabia que eu gostava, me deu um banho, jogou as camisinhas fora, arejou o quarto, trocou os lençóis, arrumou tudo, me lavou e até mesmo me vestiu, ele me carregou até a cama, me trouxe comida e me obrigou a comer, ele fez tudo, e ficou ao meu lado segurando a minha mão até que eu dormisse.

Não vou mentir, eu chorei, eu chorei muito em seu colo, e tudo o que ele fez foi me abraçar e tentar me confortar, foi a primeira vez que eu me senti seguro em muito tempo.

Eu poderia contar para ele.

Eu deveria.

Mas eu não consegui.

As minhas palavras apenas sairam em forma de lágrimas até que eu apagasse.

A culpa é minha, eu sei.

Mas o que eu poderia fazer? Não é como se eu pudesse mudar o passado agora.

Eu tenho medo.

Eu sei que eu preciso de ajuda!

Mas eu não consigo aceitar.

Irei tentar contar um pouco sobre mim para vocês, talvez sintam pena.

A minha vida sempre foi privilegiada, nasci literalmente em berço de ouro, os meus pais eram ricos o suficiente para colocarem a cidade aos meus pés, sim, apenas a cidade, a minha mãe sempre me odiou, eu sei disso, já o meu pai..

Nossa, que saudade, a quanto tempo eu não penso nele?

Ele colocava o mundo e pedia para eu pisar, foi ele quem sempre esteve lá, foi ele quem sempre me ajudou, admito que eu me exibia sim um pouco, não vou negar. Eu podia ter o que eu quisesse, quando eu quisesse, e se eu quisesse.

Eu tinha tudo.

Eu tinha ele aqui.

Mas infelizmente crianças são infantis.

Aos meus oito anos eu lembro de ensistir para irmos ao parque de diversões que estava na cidade, eu pedi muito, era como se eu precisasse daquilo para continuar vivo, a minha mãe odiou a ideia, ela odiava aqueles locais cheios de crianças e alegria com cheiro de algodão doce.

I do not need helpOnde histórias criam vida. Descubra agora