•••Saindo do carro, fechei a porta com força ao ver a figura pequena e encolhida do garoto, sobre os poucos degraus de sua casa. Meu desespero era nítido ao ir em sua direção, pois, a noite estava muito fria e a rua estava um breu por completo.
— Céus, por quê não entrou? – Digo levantando o rapaz com cautela e o abracei forte, o aquecendo sobre meu sobretudo preto. – Não seja louco, não faça isto com você... Me odeia, mas quero te ver saudável e bem. – Disse baixinho, sentindo seu rosto afundar sobre meu tronco, e ao me abaixar um pouco, sentir seu pequeno nariz gelado roçar sobre a curvatura do meu pescoço.
— Não era para ter vindo, eu fui muito idiota em ter te ligado. – Escutei àquele resmungo rouquinho, e com um bom conhecimento, subir com calma os dois últimos degraus e peguei a chave em seu bolso, abrindo a porta em seguida. Assim que entramos, fechei a porta e continuei abraçado ao pequeno corpo, tentando passar um pouco do meu calor para ele.
— Me desculpa... Me desculpa, meu pequeno. – Disse baixinho, fechando os meus olhos e apoiando meu queixo sobre sua cabeça.
Era sufocante... Era doloroso ser reprimido, era insuportável não ter voz, era um ciclo maldito servir ao dinheiro, era insuportável não ser ninguém. Eu era covarde, eu era apenas um cachorro que foi adestrado pelo dono, eu não era ninguém, o inferno era perceber isso agora. Não imaginei que me apaixonar abriria meus olhos, não imaginei que namorar era não pensar em dinheiro. Eu não podia errar, eu não podia por os pés fora do país sem que o meu pai soubesse, eu não podia fazer nenhuma compra, eu não podia disponibilizar tempo para mim, eu não podia tirar notas baixas, eu não podia falar abertamente sobre meus sentimentos, eu não podia ser eu mesmo, eu não podia me conhecer, eu não podia conhecer a arte, eu não podia aprender a viver sem a grandeza, eu não podia ser a minha persona, eu não podia recusar nada, eu não podia mudar meu estilo de roupa, eu não podia ser absolutamente ninguém, a não ser... Um simples fantoche do meu pai.
Eu jamais colocaria Yoongi nesse meio, eu jamais afundaria o Yoongi comigo, eu jamais tiraria a esperança dele, eu jamais tiraria a ingenuidade dele, eu jamais tiraria sua vontade de viver. Mas... Estar com ele era como uma dopamina, era estimulante, era simples, era sem preocupação, era sem barulho, era calmo, era um êxtase, e eu não conseguia me desgrudar, jamais.
Ele ainda estava gelado, e muito pálido por sinal, mas estava tão lindo, estava tão cheiroso, estava tão agradável.
— Precisamos conversar. – Ele disse, se afastando um pouco e me olhando, com os olhos vermelhos.
— Você tem certeza? Não quer se aquecer mais um pouco? Estou preocupado com você, você pode pegar um resfriado. – Disse procurando o controle do aquecedor, logo localizei e peguei, tentando esvaziar o medo que àquela conversa poderia me causar.
Entendia seu lado em não me querer por perto ou estar com raiva de mim, também entendia que após ele ter visto aquilo, jamais aceitaria a voltar o que tínhamos, e isso ia ser doloroso para mim. Eu estava com medo, mas serei o mais sincero possível consigo.
— Eu... Tenho total certeza de que devemos conversar, Taehyung.
— Tudo bem, mas... Posso pedir algo antes? – Perguntei com certo receio, indo a passos lentos até o sofá.
Será que ele deixaria eu me aproximar novamente? Conversar abraçados? Ou cara a cara, frente a frente.
— Vai, o que você quer? – Ele veio em minha direção, aparentando estar cansado e magoado.
— Queria que apesar da nossa conversa, você pudesse ver um pouquinho do meu lado. Eu não estou me vitimizando, ou pedindo para inferiorizar o seu, mas... Eu queria que pudéssemos conversar, sem ódio, sem alteração... Eu não sei, quero apenas me sentir seguro e acolhido, não é uma boa noite para nenhum de nós dois.
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I Gotta Feeling [Taegi]
FanfictionDuas almas diferentes, mundos diferentes, vida social diferente, interesses diferente, mas... a mesma atração sexual e o mesmo clima, eles foram feitos uma para o outro. - Seu peste! - Seu mauricinho! E aí, posso te cativar com essa história?