VIAGEM

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Passei as últimas semanas evitando de encontrar a Jonathan ou até mesmo as lembranças de Jeyjey. Eu estava tão irritada que até mesmo nos sonhos sobraria para o loiro. Eu comprei um celular novo e aproveitei para trocar também o meu número. Resgatei minha agenda, porém as mensagens anteriores foram perdidas.

Eu pedi no fórum que o serviço comunitário prestado por mim fosse transferido para uma ONG do outro lado da cidade. Atenderia aos velhinhos agora, estes sim, me compreendiam e eu a eles ao me contarem suas histórias. Assim, por sorte nunca mais viria a Jonathan. Não queria nem saber o que aquele rapaz queria comigo, já teria problemas demais para resolver. Eu estava "ferrada" em todos sentidos.

Restava encerrar os meus últimos atendimentos na clínica, me despedi dos meus pacientes e dos velhinhos na ONG. Na Austrália eu teria que recomeçar do zero.

Lívia conseguiu contatos com outros colegas profissionais, porém eu disse ter outros planos e ela concordou que talvez a mudança de ares fariam minha sorte mudar. Ela disse que se não fossem seus filhos, se aventuraria a ir comigo para o país estrangeiro e o marido dela já estava por um fio a separação e ainda soltou um" quem sabe algum dia".

Eu cheguei um pouco mais cedo para fazer check-in e o aeroporto estava lotado. Deixei as redes sociais do celular por alguns instantes e comecei a observar as pessoas por perto, familiares se despedindo, pessoas tristes, sorridentes, outras apressadas com seus negócios financeiros... E eu sendo apenas mais uma na multidão. Dentro do avião procurei pelo assento indicado e finalmente tenho meu passaporte carimbado e com esperança de dias melhores.

O avião decolou e eu resolvi tirar um cochilo para disfarçar o '"frio" na barriga da viagem. Não passou muito tempo e vi que a pessoa do meu lado foi abordada por um jovem de óculos escuros e a aeromoça. E sim, era o Jonathan. Ele convenceu a pessoa a trocar de lugar com ele dizendo que éramos um casal que nos separaram na viagem. Eu sorri meio que forçado, não acreditando que ele estivesse ali. Ele persuadiu a todos e eu consenti com a cabeça para que fosse feita a troca de poltronas.
"O que faz aqui?"
Eu ainda não o havia perdoado.
"Há dias que te procurava sem sucesso, para dizer que viria nessa viagem com você."
Na verdade ele me enviou uma mensagem de urgência e nem foi falar comigo. Eu revirei os meus olhos só de lembrar daquele dia e eu disse que haviam roubado o meu celular na feira, porém não contei por orgulho que foi quando o esperava para o "encontro."

Ele me disse que já queria falar comigo há um certo tempo, enquanto eu fugia dele para ser mais exata. E o que ele tinha para falar fazia parte daquela viagem.
Eu fiquei curiosa!
E estava tão próxima de Jonathan que sentia seu hálito ou poderia mesmo beijar, se ele não falasse tanto, pensei!

Ele disse que mesmo não conseguindo o meu contato, conseguiu falar com Alecsander que teria sido amigo de infância de Aline. Então, fiquei surpresa em saber que meu filho já sabia da minha então companhia.

Eu respirei fundo e olhei para seu rosto um tanto quanto familiar. Ah, Jeyjey quantas saudades! Não pude evitar de lembrar dele, o meu amor. A única diferença seria os olhos de Jonathan que eram maiores e verdes.

"Você foi amiga do meu tio", ele começou a falar novamente.
"Eu me lembro de você em algumas festas junto com ele e outros amigos há alguns anos".
Bom, isso me deixou mais velha.
In off, my baby!
Eu apenas sorri fraco sem responder, e pensei que naquela época, os meus olhos eram somente para Jeyjey mesmo. Jonathan teria seus treze para quatorze anos e não me interessava mesmo, óbvio.

Enquanto ele me contava de sua família e quanto ele estaria " quebrado" e num curso da faculdade que não era o que queria: Biologia. Ele falava com tanto rancor que pareceu o tio. Eu viajava em cada expressão do rosto dele. Ele se empolgava tanto em dar explicações que nem se importava que eu nada dissesse.

Você, Outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora