MUDANÇAS

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Eu me mudei da casa de Alec e já fazia parte dos meus planos futuros, afinal meu filho se casaria assim que terminasse a faculdade. Aluguei um quarto modesto não muito longe da casa de Alec.

Jeyjey queria conversar comigo a respeito de nós, como ele muito chorava dizendo que estaria sob muita pressão, disse a ele que lhe daria um tempo para acertar as coisas com Aline. Preferiria que ele resolvesse ir viver comigo, porém eles alugaram uma casa e foram morar nela.
"Tudo bem."
Eu queria enganar a mim mesma. Já prevendo o quanto doeria mais uma vez o meu coração.

Minha preocupação com a vida pessoal acabou afetando a profissional. Alguns erros me levaram a um mau relacionamento interpessoal com a equipe de trabalho e meu supervisor me chamou para uma conversa:
"Preciso que você esteja 100% presente aqui para tomada de decisões."
Peter estava de semblante sério e não parecia querer aliviar para uma imigrante.
Eu respondi que conseguiria me concentrar melhor em relação ao trabalho e quanto às diferenças com outros funcionários poderia ser resolvido através do diálogo, por fim pedi a ele uma nova chance.
Peter se afastou ainda pensativo, porém não havia me demitido, pelo menos por hora.

Voltei a correr aos fins de tarde e muito teria me ajudado com meu acondicionamento físico, porém senti tontura numa tarde dessas. Lembrei-me que o meu ciclo natural não estava em ordem e sentia também enjôos matinais. Eu conhecia bem esses sintomas, pois estive presente na gravidez de Lívia, porém por acontecerem comigo e no momento pelo qual estava passando, estava sendo assustador só de pensar em ter um filho de Jeyjey. Entrei em estado de negação. Chorei às noites e madrugadas. Mas, ninguém até então poderia saber da minha condição.

Maitê observou que eu estava engordando e eu sempre dava muitas desculpas: Falta de tempo do trabalho, dizendo que estava ganhando peso por não comer bem, falta de atividades físicas... Eu evitava lugares onde Aline e Jeyjey poderiam estar. Ele me viu certa vez saindo da casa de Alec, porém não dei "ideia" os cumprimentando apressando em deixá-los, apesar do olhar de "pesar" do loiro ao me ver entrar no carro. Os passeios na praia ou à noite, eu recusava o convite quando se tratava de conhecidos e passei a ir com colegas de trabalho. Pois, eu não gostaria de estar totalmente reclusa e sem dias de lazer. Eu não estava doente, apesar do emocional totalmente abalado.

Chegou um ponto que minha barriga apontou como a de Aline e já não poderia mais esconder. Eu precisei que já estaria chegando o dia que teria que revelar a verdade à todos, inclusive no meu trabalho.

Já se aproximava o dia do meu aniversário de 30 anos e para comemorar, eu gostaria de ir para uma ilha deserta e por lá permanecer, longe de todos e ficar por algum tempo, antes de querer socializar novamente. Eu estaria entrando em estado de "surto" só de pensar em dar a notícia a Jeyjey, sem que ele também enlouquecesse.

No Sábado à tarde combinei com Alec de ir até a casa dele. Eu não me vestiria com roupas largas e sim com roupas que mostrassem o meu ventre e todo o meu corpo mais robusto. O meu plano seria contar a ele e Maitê sobre a minha gravidez, apesar deles estarem desconfiados.

Toquei a campainha da casa e não atenderam. Então ao girar a maçaneta eu vi que a porta se abrira. Achei estranho e quando fui chamar por Maria...
"Surpresa"
Um grupo de rostos conhecidos olharam para a minha cara avermelhada e ao mesmo tempo para minha barriga saliente. A sogra de Alec foi a primeira que veio e me abraçou:
"Não sabia que estava esperando um bebê. Meus parabéns".
Alec se preocupou no mesmo instante, eu senti de longe quando ele baixou a cabeça e falou algo no ouvido de Maitê. Jeyjey me olhava confuso e Aline estranhando o volume do meu ventre. Como os que me conheciam a mais tempo não me abraçavam, eu estava ficando constrangida diante de todos.

E quando dei por mim, uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Como eu estava sensível!
Alec finalmente veio me abraçar e chorou comigo, Maitê fez o mesmo. Enquanto os outros foram se dispersando do constrangimento alheio, o meu filho colocou a mão sobre minha barriga.
"Porquê não me contou?"
Eu me desculpei com o casal e com o olhar de canto de olho, eu vi que Jeyjey ao longe olhava para minha barriga.

Você, Outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora