CARTA

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Jeyjey saiu bem cedo com Alec para ver alguns trabalhos na Marina, Pubs e restaurantes na praia. Foi bom não ter que vê-lo logo pela manhã. Esse lance de não se importar com as consequências de minhas ações, não é comigo. Eu me sentia muito culpada e não deveríamos ter deixado acontecer. O que se faz escondido, já começou tudo errado.

Eu decidi também sair, fui tomar meu café em uma cafeteria bem atrativa que vi perto da casa de Alec. Eu precisava pensar no que poderia fazer para ajudar nas despesas da casa.

Eu pedi um café e o atendente que no crachá estava escrito Jonhy, perguntou se eu gostava de waffles, pois seriam cortesia da casa. Jonhy com seu jeitinho todo especial de gay, apontou para um homem mulato e muito elegante que havia me oferecido o acompanhamento do café. Eu aceitei e ele veio sentar à minha mesa.

"Seja bem vinda, aqui é como sua casa." Além da elegância, ele seria um poço de educação e disse se chamar Antony. Eu me apresentei a ele, disse minha origem e ele se comprometeu me levar para conhecer a cidade, assim como conseguir um emprego. Achei o máximo! Trocamos o número de telefones e nos despedimos.

Voltei para casa de Alec e não encontrei nenhum dos rapazes. Pensei em ligar para Jeyjey, mas provavelmente já teria conseguido algum trabalho que o ocuparia o dia todo.

Na parte da tarde, Jeyjey chegou antes de Alec e quando me viu de costas na pia da cozinha me abraçou pelas costas e começou a beijar o meu pescoço. A princípio eu permiti e até correspondi. Ele estava feliz por estar trabalhando e ficou empolgado pelo o que eles pagariam pelo serviço.

Eu me afastei e disse:
"Precisamos conversar."
Ele fez expressão de desdenho e me beijou novamente.
"É sério!"
Eu tive que intervir.
"É errado, o que estamos fazendo!"
Ele desconversou e aquilo me irritou e eu o empurrei. Ele se afastou, bagunçou os cabelos e colocou as mãos no bolso escorado no armário de cozinha.
"Tudo bem. Eu preciso te confessar uma coisa"
Eu o olhei curiosa e ele tirou de um dos seus bolsos o meu antigo celular. Eu o encarei e ele disse de imediato que poderia explicar.
"Eu me atrasei naquele dia na praça e te peço desculpas por isso e vi quando você foi assaltada."
"Você, o quê...?"
Eu dei as costas para ele ainda falando e fiquei pensando na minha insignificância para não ter sido salva. Jeyjey me tocou nos ombros e disse que conhecia o assaltante e não poderia interferir naquele momento. Ele colocou o aparelho sobre o balcão da pia e eu tremia de raiva, porém peguei o celular.
" Só pensei em recuperá-lo para você."

Ele me abraçou forte pelas costas e eu agradeci, porém disparei que o interesse repentino dele por mim seria porque sabia que eu tinha tido uma "quedinha" pelo tio dele.

A expressão de Jeyjey mudou o instantâneamente. E ele disse em tom alto:
"O que? O que meu tio tem haver com tudo isso!"
Eu já sabia que ele pensava como os outros e poderia me ter dito que o Jeyjey tio já teria morrido há muito tempo. Ele achou estranho, porém, procurou se acalmar e disse:
"Eu achei que o "lance" era entre nós dois".
Eu pedi desculpas e ele me olhou confuso e depois continuou:
"É para ele (tio) que escreveu aquela carta?"
Eu me senti invadida e com vergonha de explicar meu amor guardado ao falecido e baixei a guarda.
"Você, a leu?"
Consegui perguntar.
Ele respondeu que me viu escrever no avião, porém não sabia para quem era endereçada. Eu enxuguei as minhas mãos no pano de prato e saí da cozinha, deixei a Jeyjey pensativo.

Passaram-se os dias. Antony me indicou para eu trabalhar na segurança de um museu de cera durante à noite. Eu fazia a parte administrativa e coordenava as equipes e postos de trabalho dentro do local. E Jeyjey passava o dia todo na Marina. Viramos sol e lua, quase não nos via, somente trabalhando. O que era para ser esquecido ainda ficou vivo e aquela pequena chama não havia se apagado e a qualquer momento poderia se reacender.

Você, Outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora