ORIGENS

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Como eu havia previsto, a mudança repentina de Jeyjey para minha vida, foi complicando ainda mais a situação. Na verdade, com ele estava às mil maravilhas e com o mundo, parecia que tudo do contra. Eu não sei com detalhes o que Aline tinha feito para que me mandassem embora do meu trabalho e ela conseguiu, um colega disse ter a visto conversando com o meu supervisor alguns dias antes do ocorrido. Até a Jeyjey ela fez ele perder alguns trabalhos.

Eu perguntei a Jeyjey como ele havia sobrevivido tanto tempo com uma cobra, ele respondia que não acreditava que Aline estivesse por trás de nossa onda de azar. O pior é que eles teriam um laço para uma vida toda, o filho e eu precisaria aprender a conviver com Aline por perto. Ter um filho não seria qualquer coisa e ter dois, então, era muito para a cabeça de Jeyjey. Porém, da minha parte não cobraria nada dele, desde que nos amasse.

Em um dia de feriado local, pensamos em descansar até mais tarde, enroscado um no outro como sempre. A minha barriga empurrava a Jeyjey para longe e ele me perturbava chamando-me de barriga de melancia.

A campainha tocou e ouvimos vozes alteradas logo em seguida, era Aline que tirava satisfação com Alec e Maitê sobre permitir que Jeyjey e eu vivessem sobre o mesmo teto que eles. Ela falava de traição de todos, que não havia dormido e que mataria seu bebê. Jeyjey se preocupou e quando nos vestimos para sair do quarto e defender o casal, Maitê resolveu dizer algumas verdades para Aline que saiu da casa muito enraivecida. O que era para ser um dia de descanso virou de preocupação.

Maitê falou as verdades que ninguém teria coragem até então, que Aline deveria viver a vida dela e não mendigar o amor de Jeyjey, pois ele iria ficar com quem ele amava de verdade. Aline engoliu o choro e antes que Alec acalentasse o ego mimado da garota, ela decidiu ir embora, saindo com o carro "cantando pneus".

Pouco depois chegou a notícia que Aline bateu o carro próximo da Ponte Southport. Jeyjey entrou em desespero. Formos até a emergência do hospital para onde a levaram. Já na entrada, a ex-sogra de Jeyjey queria culpar ele, o desorientado ainda mais. Ele ficou andando de um lado para outro até voltou a fumar na porta do hospital. Eu sentia que ele se culpava também e me sentia invisível para ele naquele momento.

Maitê se culpava e até Alec disse ser culpa dele. Na verdade estavam todos errados: somente eu tinha culpa desse acidente dela. Então, deixei que Jeyjey me procurasse quando precisasse de apoio.

O médico do Gold Coast University Hospital, veio nos dizer como Aline estava e deu a triste notícia de que a bebê teve que ser retirada pré - matura e estava na UTI neo natal. Aline também estava inconsciente na UTI adulto. Eu abracei a Jeyjey e nada disse, afinal eu não torcia para que acontecesse aquela fatalidade. Ele ficou um pouco resistente e eu senti que ele me culpava pela situação, mesmo que não dissesse uma só palavra. Não revidei e dei espaço para ele viver sua dor.

Os dias de Jeyjey passaram a ser do trabalho para o hospital. Ele estava stressado e por qualquer coisa procurava motivos para discutir e eu decidi ficar calada em várias situações. Ele estava ferido e também queria me ferir.

Eu o procurei por diversas vezes e ele não tinha mais tempo para mim e seu filho. Estavamos por um fio, até que um dia ele jogou na minha cara, que não deveríamos ter nos envolvido. Eu fiquei muito chateada e disparei:
"Se é o que pensa. Tudo bem".

Eu estava sem emprego, perdendo a cada dia o meu amor, constrangendo a meu filho e nora, os envolvendo nas minhas situações nem um pouco normais. Então, fiz uma escolha. Eu decidi fazer as minhas malas escondidas, nem mesmo Alec ficaria sabendo e voltaria para o Brasil. Meu querido Jefferson iria nascer brasileiro. Quando Jeyjey perceber que não mais me encontraria em casa, estaria livre para cuidar de sua família, caso as duas sobrevivessem e eu torcia por elas, apesar das grosserias dele comigo.

No outro dia...
Lívia me recebeu no aeroporto e arregalou os olhos diante da minha barriga.
"Voltou cheia,hein? Netinho do Jeyjey, quem diria?"
Abracei a minha amiga e já estava com saudades. Ela me perguntou se eu iria entrar em contato com a família de Jonathan, eu disse que não.
"Tá bom. Consegui alugar seu antigo apartamento de volta para você".
Ela até ajeitou um espaço no consultório onde ela atende, para que pudesse atender meu pacientes. Eu agradeci a Lívia e pedimos pizza para comemorar a minha volta. Faxina para deixar tudo brilhando iria levar um tempo, mas aos poucos eu conseguiria limpar o meu cantinho.

Passou algum tempo, faltando apenas um mês para Jefferson vir ao mundo. Eu havia bloqueado o número de celular do Jeyjey e nunca mais ouvi a voz dele e nem a Alec, eu atendia. A Maitê me ligou certo dia e eu tive que atender, porque a ela não poderia fazer desfeita. Ela me contou que Aline recebeu alta da UTI, porém Jeyjey não quis reatar o relacionamento deles sendo eles apenas os pais da pequena Micaela que ainda se encontrava internada no Hospital. Segundo ela, Jeyjey estava bebendo muito e me culpava por tê-lo deixado na fossa (ele mesmo cavou e mergulhou, penso). Eu, estaria feito boba preocupada com o psicológico dele e ele me acusando de destruir sua outra família.
Quero mais é que se foda!
O meu amor teria se transformado em ódio em um estalar de dedos. Se ele me amasse teria voltado para o Brasil, porém nada neste sentido foi feito por ele.

No dia 2 de Novembro e resolvi fazer uma visita diferente. Fui ao cemitério e procurei pelo túmulo de Jeyjey tio. Não demorei e encontrei.
"Eu sinto saudades e até que enfim tive coragem de vir aqui."
Eu joguei algumas flores.
"Muitas coisas aconteceram desde quando se despediu de mim em sonho".
Passei a mão na barriga mostrando-a.
Algumas pessoas se aproximaram e uma jovem de cabelos longos e loiros disse que,"é aqui".
Percebi que era Jéssica, irmã de Jonathan, acompanhada da mãe Miriam e a mãe de Jeyjey: dona Sebastiana que a tempos não a via. Pelo incrível que pareça ela me reconheceu, não tinha tantas convivência com a família de Jeyjey, somente com ele mesmo.
"Kika, você vai ter neném".
Eu abracei e disse que sim. Fiquei na dúvida se contava ali que o bebê era parente delas. No entanto, somente disse que Jonathan havia viajado comigo para a Austrália e deixei que ele mesmo contasse, provavelmente, elas sabiam apenas da Micaela. Jéssica ficou olhando a minha barriga, porém nada disse e ficou pensativa ao perguntar o meu nome.

Saímos de frente do túmulo e andamos na calçada do cemitério. Dona Sebastiana me revelou que adoraria ver a Jeyjey casado comigo nos dias de hoje. Eu fiquei surpresa enquanto Miriam e Jéssica me olhavam sorridentes. A senhora foi dizendo diversas coisas boas sobre o filho, que eu inclusive me lembrava delas. Queríamos chorar. Antes de entrar no carro da filha, ela se conteve um pouco e segurando as minhas mãos, ela disse que Jeyjey tio havia falado sobre mim para ela e disse que seria eu a garota que mais combinava com ele, em outras circunstâncias haveria a possibilidade de ficarmos juntos.
Elas se foram embora.
Eu fiquei no mesmo lugar que estava e chorei.

À noite lia um livro de romance enquanto tomava um chá relaxante e quando me preparava para me deitar escutando o som da chuva, recebi uma mensagem de Miriam.
"Gostaria de falar com você. Eu estarei na cafeteria do Shopping amanhã às 17:00."
Eu já imaginava que teria esse encontro mais cedo ou mais tarde, então não foi uma surpresa que ela me procurasse.

Miriam estava um pouco ansiosa e escolhia com cuidado as palavras. Provavelmente, Jonathan havia lhe contado a história e o porquê que eu teria fugido da Austrália ou dele mesmo. Ela disse que não pretendia se intrometer no relacionamento de nós dois e queria apenas aproximar de mim e do neto dela.
"Confesso que fiquei assustada quando soube que Jonathan teria dois filhos. Mas, eu não quero julgar nenhum de vocês, não sei o que aconteceu com detalhes."
Eu respondi que a comprendia e agradeci pelo interesse dela pelo neto.
"Ele disse que sente sua falta."
Eu suspirei pela dor que corroía meu coração e ela disse que havia prometido não se intrometer nos relacionamentosdo filho. Minha então, ex sogra tomou o seu café e foi embora.

Você, Outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora