sim ela é

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                Manuella Manella

—A gente pode estudar aqui —aponto — para a mesa de centro no meio da sala.

Cauã me encara como se eu estivesse acabado de sugerir algo surreal.

—Ou, podemos agir como pessoas normais e irmos estudar no meu quarto.

Faço uma careta. Já fui no quarto dele uma vez, não é como se eu quisesse ir com muita frequência pra lá. Quando abro a boca para justificar que é melhor estudarmos aqui, sou interrompida.

—Estou te esperando lá em cima — ele diz, me dá as costas e não espera por uma resposta minha.

—Você não decide onde vamos estudar— digo enquanto corro atrás dele —Não é assim que funciona cauã!

Paro em frente a porta de seu quarto, cruzo o braços e encaro o moreno sentado em sua poltrona, há um brilho de diversão em seus olhos.

—Pelo visto é — percebo o deboche escorrendo de suas palavras.

Reviro os olhos e resmungo um palavrão. Quando eu acabar de dar aulas a esse garoto vou estar apta para me internar em uma clínica psiquiátrica.

—Vamos começar logo essa merda— digo, cansada demais para reclamar.

                    Cauã Souza

Manuella está inquieta, toda vez que eu desvio meus olhos das páginas do grosso livro de filosofia eu a pego me encarando — óbvio, ela quebra nosso contato visual no mesmo instante fora que ela não para de girar freneticamente o lápis entre os dedos. Manuella está começando a me deixar ansioso também.

—Tudo bem — jogo o livro em cima da bancada de estudos e a encaro — O que você quer saber?

Ela arregala os olhos, como se eu não fosse capaz de perceber o que ela estava pensando. Manuella Manella você deixa suas emoções muito visíveis.

—Eu não quero saber nada — ela se defende levantando os braços em sinal de rendição.

—Rápido demais manu, você precisa aprender a mentir mais— digo. Me levanto da poltrona e me jogo na cama próximo a ela.

Manuella está sentada de pernas cruzadas, agora estamos há alguns centímetros de distância um do outro o que me permite ver bem a expressão em seu rosto, suas sobrancelhas estão franzidas e ela está mordendo seu lábio inferior, um hábito dela que percebi gostar bastante.

— Tudo bem, me leia.

—O quê?! Eu não quero fazer isso.

Eu bufo, ela realmente é uma péssima mentirosa. É claro que ela quer.

—Você está cursando psicologia Manuella, tenho certeza que você ama ler as pessoas, então...aqui estou eu, sou um livro aberto.

Um brilho atravessa seus olhos, ela se ajeita na cama e aproxima seu rosto ainda mais do meu, ela inclina a cabeça para o lado e me estuda cuidadosamente como se olhar para o meu rosto fosse dizer que tipo de relação eu tinha com meus pais. Depois me perguntam porque eu odeio tanto psicologia.

—Não quer uma foto? — brinco, mas ela não sorri, ela continua me medindo cuidadosamente.

—Começando pelo óbvio: você usa seu senso de humor e seu ego para encobrir os seus defeitos ela —começa e eu sou obrigado a interrompê-la.

—Quase acertou, sim eu tenho um grande senso de humor e meu ego é realmente enorme mas errou quando disse que eu tenho defeitos —aponto o indicador para mim mesmo.— Você já deu uma olhadinha nisso aqui? Amor, eu não tenho defeitos.

Ela revira os olhos novamente me fazendo sorrir. Ela é uma pessoa expressiva, eu gosto disso.

—É normal as pessoas fazerem isso, mais de 60% da população faz, então não se preocupe, isso não diz muito sobre você. A questão agora é que você sente a necessidade de ser amado pelas pessoas o que me indica alguns problemas familiares na infância — Manuella põe a mão no queixo e parece pensar.— Diria que com a mãe mas, pelo jeito que você se veste com certeza não é.

Arqueio as sobrancelhas.

—Como eu me visto?

—Sim, você se veste muito bem e mesmo tendo dinheiro nem sempre usa roupa de marcas, como por exemplo seu boné, ele não parece ser caro e está bem desgastado então me arrisco dizer que ele tem mais um valor sentimental do que financeiro.

—Eu estou com o capuz do moletom na cabeça, não um boné —argumento.

—Você costuma usá-lo só nos fins de semana—ela fala me fazendo estreitar os olhos

—Como você sabe disso?

Manuella dá de ombros, o brilho em seus olhos ainda está ali. Deus, ela deve ser o próprio Sherlock Holmes.

—Então é com o seu pai, vocês não são próximos já que não o vi no jogo de hoje. Qualquer pai que tivesse uma boa relação com o filho estaria orgulhoso das conquistas dele.

Umedeço os lábios e esfrego o queixo.

—Odiei esse jogo, vamos parar por aqui.

Sem aviso nenhum Manuella começa a bater palmas do nada.

— Então eu estou acertando? Eu sou realmente boa nisso! — Ela comemora e eu reviro os olhos.

—Não, você não é — Sim, ela é.

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Votem!!! Até amanhã ;) Esse ep tem continuação tá

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Até amanhã ;)
Esse ep tem continuação tá. Vem coisas legais por aí.

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