Segundo Plano

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Sexta definitivamente era o dia mais longo da  semana. As aulas costumavam ser mais demoradas, apesar de eu adorar história e os colegas daquela minha aula, aquele turno parecia durar o dobro das horas que normalmente duraria. Outro motivo pelo qual a sexta demorava tanto era pela faxina que minha mãe costumava fazer, e vamos ser sinceras, uma casa com dois andares e um porão era até demais para apenas duas pessoas.
Apesar de não estar indo para a escola nas últimas semanas por contas dos pequenos incidentes, ainda sim eu tinha que ajudar Betty com a faxina na casa dela. Era o mínimo que poderia fazer pelo tanto que ela vem ajudando eu e Sophia a nos manter protegidas. Admito que estou sentindo um pouco de falta das aulas e de rever alguns colegas de aula, por um momento eu pensei que fosse apenas alguns dias longe de casa, e que quando eu revesse minha mãe tudo voltaria ao normal. Mas aquela discussão, aquela discussão besta sem pé nem cabeça, foi culpa minha. Talvez, se eu não tivesse feito um chilique bobo e deixado ela falar, eu provável que estaria em casa a esta hora; ajudando ela a limpar a aquele porão imundo enquanto ouvíamos alguma música antiga que ela adorava.
– Você costuma pensar muito sobre o passado!
Aquela voz fina me fez dar um pequeno salto no lugar e voltar a realidade. Eu estava no sótão da casa de Betty, segurando um espanador e um pano com as mãos. Olhei em volta procurando pela pequena felina.
– Porque pensa tanto? – a voz soou curiosa logo acima de mim, levantei o olhar vendo a gata se espreguiçar em cima do armário velho.
– Não sei Salem, porque será que penso tanto? – perguntei com um tom de voz brincalhão.
– Arrependimento é um dos principais motivos nos quais os humanos revivem memorias passadas!
Dei um sorriso leve, Salem não levava tons brincalhões como algo realmente brincalhão.
– Acha que posso estar arrependida? – perguntei enquanto passava o espanador levemente sobre uma das prateleiras do armário.
– Tenho plena certeza que está arrependida... – clamou ela com um tom sério, voltei a encarar a gata vendo aqueles amarelos brilhantes de seus olhos. – Mas como diz aquele ditado humano; se arrependimento matasse...
– Eu já estaria morta! – murmurei mantendo o sorriso nos lábios encarando um livro velho no qual havia tirado o pó de cima. – Você sabe de coisas sobre mim? Tipo, mais do que eu acho?
– Sei bastante sobre você Connie, mais do que você acha!
Dei uma risada baixa e voltei a encarar a gata com um pequeno sorriso.
– E o que sabe sobre mim? – perguntei cruzando os braços. Salem se deitou enquanto piscava os olhos lentamente, parecia sonolenta.
– Você tem alergia a tomates, tem aquela permissão para dirigir os veículos de quatro rodas... – abri os olhos demonstrando minha surpresa. – Tem problemas estomacais...
– Ok, vamos reformular algumas coisas... – interrompi enquanto a observava dar um miado leve. – Sim, tenho alergia a tomates. Sim, tenho habilitação. E sim, tenho gastrite!
– Você também odeia livros!
– Odiar é uma palavra muito forte...
– Você não gosta!
– Tá mais pra preguiça de ficar lendo, só leio quando é algo mais interessante, sabe? – Salem me encarou com os olhos tediosos – Tipo o livro que minha mãe me deu... Ele é interessante! – a gata continuou a me encarar com os olhos sonolentos.
– Essa não é a cor natural de seu cabelo! – continuou, a encarei um tanto perplexa.
– Gata esperta! – abri um sorriso divertido jogando o pano sobre os ombros e voltando a espanar o velho armário. Me mantive em silêncio, mas logo meus pensamentos voltaram a tona.
– Você se importa se eu...
– Não me importo! – interrompeu a gata, dei outro leve sorriso e tardei a falar.
– Eu sinto algo estranho em relação ao meu pai... Me lembro das poucas memórias que tive com ele e sinto saudades, mas... Saudades do que? As lembranças que eu gostaria de reviver, as memórias da minha pré-adolescência com ele... Eu não me lembro de nada!
– As memórias foram bloqueadas por um motivo...
– E o motivo era me deixar com raiva? Porque o que sinto é só raiva!
– Você pode sentir raiva se quiser Connie, mas isso não muda o fato de que o seu pai fez tudo por você!
– Mas se ele fez tudo isso por mim, o porque me sinto mal? Porque não estou bem com isso? – encarei aqueles olhos amarelados e puder ver parte do meu reflexo ali – Eu não sinto que o que ele fez foi por mim...
O silêncio tomou conta do lugar. Salem não disse mais nada, e nem eu consegui dizer algo. Eu sentia algo ali, algo estranho. Como se ele estivesse ali, comigo, ouvindo eu ser a filha ingrata.
– Você conheceu bem meu pai não é? – perguntei enquanto pegava um dos livros. Um miado pequeno soou e presumi que aquilo fosse um sim. – Você sabe o porque ele sumiu da minha vida?
– Sim, claramente...
Meu olhos arderam, não sabia dizer se era pelo pó ou por um começo de choro.
– Você sabe que eu não posso contar.
– Porquê?
– Suas memórias com as respostas foram bloqueadas para serem desbloqueadas em um momento específico, não posso interferir!
Meu lábios se contraíram e apertei no cabo de madeira do espanador.
– E esse momento, está chegando?
– Sim, seja paciente e você terá suas respostas!
Me calei novamente enquanto encarava os livro em minha mão. Na capa dizia que era um grimório de feitiços antigos, a capa era feita totalmente de couro, havia alguns detalhes em dourado.
– Isso... É tudo muito confuso...
– O que é confuso? – perguntou a gata
– Minha mãe bloqueou minhas memorias com a magia e meu pai bloqueou minhas memorias com ele durante a pré-adolescência, mas o porque?
– Sua mãe não gostava da ideia de saber que você seria uma adepta, assim como sua irmã, ela temeu que poderia perder você!
Uma pequeno flashback me veio a mente...

“- Ei... Escuta ela viu o livro... Não, eu não mostrei, eu ia jogar fora mais ela viu – ela estava falando no telefone, e parecia meio nervosa – Eu dei pra ela uai... Mais que merda, ela pediu não pude negar... Betty, o que eu faço? Eu não posso dizer... Não eu não vou dizer... Escuta, eu não vou perder ela novamente! Ok... Ok... Tá, tchau! – ela desligou e suspirou pesadamente”

– Mas o que tem de ruim em ser um adepto?
– Não a nada de ruim em ser um adepto!
– E se for algo com a minha raça? Ou tipo... Algo que tem relação com o meu pai?
– Talvez seja, nunca saberemos... – clamou a gata, voltei meu olhar ela com uma face de tédio.
– Você sabe! – afirmei colocando o livro de volta a onde estava e pegando outro.
– Eu sei! – afirmou ela de volta, pude sentir o tom divertido em sua voz, era até estranho vindo dela.
– Se eu chutar algumas possibilidades, você diria se estou certa ou não?
– Talvez... – murmurou ela mantendo o tom divertido na voz.
– Você tá toda brincalhona hoje Salem! – murmurei cruzando os braços
– De vez em quando uma felina precisa de um pouco de diversão! – clamou fechando os olhos e balançando o rabo lentamente de um lado para o outro.
– Não sabia que gatas mágicas gostavam de brincar! – murmurei rindo
– Você fala com animais agora? – perguntou a voz masculina me dando um susto, me virei em direção a entrada do sótão e pude ver James entrando com um sorriso no rosto. – Que eu me lembre apenas magos conseguem falar com animais...
– Você me assustou! – exclamei colocando a mão sobre o peito. O garoto se aproximou em passos lentos.
– Foi mal... – falou enquanto encarava Salem com um olhar desconfiado, a gata pelo contrário matinha os olhos fechados. – Esse gato sempre esteve por aqui?
– Sim! – afirmei sem delongas. James manteve o olhar desconfiado sobre a felina. Me mantive tensa no lugar, não sabia dizer se ele havia ouvido Salem falar. – E é a gata!
– E tem nome ela? – perguntou
A gata miou novamente atraindo minha atenção até ela, pude ver os olhos encararem o fundo da minha alma.
– Ham... Marrie! – murmurei incerta. James voltou a me encarar dessa vez com um olhar confuso.
– Sério? – questionou, concordei com a cabeça mantendo meu olhar fixo no garoto a minha frente. Ele voltou seu olhar para a gata e pude ver um sorriso mínimo surgir em seus lábios. – É um nome bonito!
Não sabia se podia contar a verdade, mas se Salem foi mandada por Zalgo, é quase certeza que James não poderia saber sobre quem ela era de verdade. Ele aproximou seu braço lentamente até Salem e aguardou alguma reação, a mesma felina ronronou e aproximou sua cabeça na direção dele, demonstrando que estava confortável com ele ali. Dei um sorriso ao ver James acariciar lentamente o topo da cabeça de Salem.
– Ela é boazinha... – disse abrindo um sorriso lindo – Infelizmente tenho alergia a gatos e vou ter que parar o carinho por aqui!
Dei uma leve risada ao ver os olhos de Salem se murcharem com a distância de James.
– Posso te ajudar? – perguntou ele se aproximando um pouco mais de mim. Levantei meus olhos até seu rosto e pude ver um sorriso bobo em sua face. Senti minha bochechas esquentarem levemente.
– Pode! – respondi tirando o pano do ombro e entregando para ele.
Mostrei o que estava fazendo e ele logo me acompanhou. Em silêncio, pegávamos um livro cada, tirávamos o pó da capa e folheávamos para tirar o pó de dentro das folhas. Fizemos isso com três ou quatro livros até que James começou a falar.
– Eu sei que... – interrompeu a si mesmo ao ver meu olhar se direcionar até ele rapidamente – Você ficou um pouco desconfiada de mim quando nos conhecemos... Eu sei que tem motivos...
– Você ser um controlador é o único motivo! – o interrompi enquanto piscava os olhos algumas vezes. Pude ver seu pomo de Adão subir e descer ao engolir a saliva, seus olhos se desviaram dos meus rapidamente.
– Sei que de acordo com as lendas, eu não deveria existir, e acho certo você agir com desconfiança. Apesar disso, quero que saiba que estou aqui caso precise de ajuda com seus poderes. – terminou com a voz doce e um sorriso mínimo entre os lábios.
– Obrigada James! – agradeci atraindo sua atenção de volta a mim – Vou ser sincera, Jack me deixou um pouco receosa naquele dia que nos vimos, e por isso acabei agindo com um pouco de grosseria. Peço desculpas por aquilo!
– Tá tudo bem, sei que não fez por mal! – um sorriso brotou em seus lábios finos. Observei seus olhos que me encaravam com um certo brilho mínimo, ele havia sardas sobre toda a área do nariz e maçãs do rosto o que deixava sua feição bem mais pacífica e inocente. Me perdi por alguns segundos nos pensamentos até ver o brilho azul da pedra de seu colar, no qual atraiu minha atenção.
– Qual é a pedra do seu colar? – perguntei
– Uma safira... – ele sorriu enquanto tentava olhar para o colar em seu pescoço – E a sua pedra? – ele procurou com os olhos pelo meu colar, mas eu não o usava naquele momento. – Cadê seu colar?
– Ah... Guardado! – murmurei enquanto colocava a mão sobre o local onde ele normalmente ficava.
– Connie, não pode ficar sem ele, é perigoso! – disse preocupado – Sabe disso não é?
– Tá tudo bem, ele está bem guardado... Dessa vez! – murmurei a última frase mais para mim mesma do que para ele.
– Acredito em ti, mas tente o manter perto, ok? É mais seguro!
Concordei a cabeça enquanto sorria minimamente. Ele realmente parecia preocupado comigo, mais do que achei que poderia ficar, pouco sabíamos que toda a preocupação poderia ter sido usada para eventos mais tarde.
Um pouco de conversa jogada fora, James me contou mais sobre ele, disse que vivia com a avó em um conjunto de casas do outro lado da rodovia, também contou como a senhora odiava todo esse negócio de magia, e que se fosse por ele já teria ido embora de casa a muito tempo.
– E o que te impede de ir embora? Tipo, você sabe usar o feitiço de teletransporte, é só… puf… sabe? – questionou a menor enquanto fazia um movimento de explosão com os dedos, James deu uma risada baixa enquanto pegava um livro em mãos e observava a capa.
– Não é fácil assim, apesar de ela ser um dragão de sete cabeças, ainda é minha vó, faz parte da família. – murmurou o garoto enquanto limpava a capa do livro com o pano – E sair se teletransportando por ai não é tão divertido, gosto de viagens longas, da ver a paisagem e tudo mais! – finalizou lançando um sorriso para a garota a sua frente. Escutei tudo atenta, e finalizei comum sorriso tímido ao ver os olhos dele em minha direção. James tinha um sorriso bonito, as sardas em seu rosto deixavam tudo melhor.
– A sensação de estar em outro lugar a hora que quiser é divertido! – disse me lembrando dos poucos segundos de viagem que tive com Rabbit quando fomos para Paris.
– Sabe usar o feitiço? – perguntou James enquanto abria o livro em mãos e o folheava lentamente.
– Ham… Não exatamente… Recebi uma carona de uma colega! – murmurei baixo
– Ah, foi quando saiu com a Rabbit não é?
– Como sabe?
– Sophia me contou!
– Aquela maldita fofoqueira! – murmurei baixo tentando fazer minha melhor face em raiva. James riu atraindo novamente minha atenção.
– Deveria aprender a usar, é um dos poucos feitiços que uso com tanta frequência! É muito útil!
– Eu queria, mas Betty anda muito ocupada e Jack não aparece aqui tem alguns dias! – comentei, para ser exata, fazia quatro dias que eu não o via.
James se manteve em silêncio, parecia pensar. O encarei esperando algo até ele desatar e dizer.
– Eu posso te ajudar se quiser! Não sou um professor, mas sendo modesto, sou ótimo com teletransporte! – o garoto deu um sorriso ladino se exibindo, dei uma breve risada e cruzei o braços o encarando nos olhos. – Claro, só se quiser mesmo!
Pude ouvir Salem miar um tom que poderia jurar que estava me alertando a algo. Voltei aos olhos de James e sorri ao ver em seus lábios um mínimo beicinho se formar.
– Tá, mas se acontecer algo comigo a culpa é toda sua, ouviu? – brinquei enquanto cutucava seu braço
– Tudo bem! – respondeu rindo – Vamos começar com algo mais fácil, se afasta um pouquinho por favor! – pediu, me afastei em alguns passos enquanto mantinha meu olhar focado no de James. Eu estava de costas para a janela do porão, pude sentir uma corrente de ar se chocar contra meu corpo. – Sabe aquele papo chato das moléculas? – concordei murmurando um sim baixo – Use ele pra mover seu corpo, mas dessa vez, você precisa imaginar as moléculas darem um tipo de salto…
– Tipo um salto no tempo? – interrompi
– Saltos nos tempo são mais complicados, mas pode usar como exemplo! – clamou mandando uma piscadinha para mim, eu claramente fiquei sem graça e desviei o olhar, pude sentir meu rosto queimar.
– Ham… O que… Que – pude ouvir minha voz se enrolar entre as palavras
– Agora é só você imaginar essas moléculas darem esse salto, ou apenas as imagine sumindo do local onde você está para perto de mim novamente! – encarei meus pés sentindo minha barriga gelar – Se não estiver pronta pra fazer consigo mesma, pode usar o espanador no lugar!
Soltei uma risada nervosa e segurei o espanador com as duas mãos, melhor prevenir um desastre comigo mesma.
Fechei os olhos sentindo minha respiração ficar pesada, havia ficado nervosa só de pensar na possibilidade de tudo dar errado. Respirei fundo tentando controlar o ritmo que o ar entrava em meus pulmões e comecei a pensar naquela baboseira de moléculas. Senti minhas mãos formicarem e meus olhos arderem, parecia que eu estava prestes a chorar. Imaginei o espanador sumindo com rapidez de onde estava e senti que não havia mais peso em minhas mãos. Abri os olhos rapidamente e quando olhei, o objeto voltou para a minha mão.
– É isso acontece, não pode perder a concentração até ter certeza que ele foi teletransportado!
– E como posso ter certeza?
– Espere mais um pouco, eu normalmente espero uns cinco segundos a mais.
Concordei com a cabeça e tentei novamente, dessa vez mantive minha concentração total no espanador e fechei meus olhos o imaginando, pude sentir minhas mãos formicarem.
Connie...
A voz de Zalgo soou em minha mente me dando um susto, senti a formicação tomar todo o meu corpo em poucos segundos. Não tive tempo de reagir, apenas abri os olhos vendo James correr em minha direção com uma feição assustada.
Meu corpo perdeu toda a gravidade e senti meus pés saíram do chão juntamente com uma forte dor no estomago. Um barulho alto, como se eu tivesse quebrado a barreira do som ou sido abduzida por aliens, ecoou em minha mente tão fortemente que me fez fechar os olhos e tampar os ouvidos com rapidez. A última coisa que pude ouvir foi a voz de James gritando meu nome.
Segundos foram o suficiente para eu cair novamente no chão, murmurei um “ai” com a dor que me atingiu nas costas, havia caído da pior forma possível. Me apoiei nas mãos para me sentar e abri os olhos percebendo que não estava mais no porão, não havia nem ao menos um sinal de casa ou James ali.
Eu estava sentada sobre a grama, a paisagem a minha frente era completamente tenebrosa, com árvores de rodos os tipos, uma grama sem fim, mas apenas grama, não havia flores nem pedras, nem ao menos arbustos. Apenas grama infinita e árvores.
Não podia ver o céu, tudo parecia ter saído de uma fotografia antiga, os tons da paisagem estavam todos em sépia. O céu era totalmente branco, não havia uma nuvem no céu, ou ao menos o sol, o que era estranho pois tudo parecia ensolarado.
– Mais que porra... – murmurei sem finalizar o que dizia, estava tão assustada e confusa que não sabia nem como reagir a tudo aquilo. Me levantei com um certo esforço e girei meu corpo olhando toda a minha volta. – Que merda de lugar é esse? – perguntei para mim mesma sentindo um frio na barriga me atingir.
– Você está no segundo plano! – a voz de Salem me fez dar um salto junto com um grito assustado. Me virei vendo a gata sentada no chão me encarando com aqueles olhos brilhantes.
– Que susto porra... – exclamei colocando a mão sobre o peito – Como assim segundo plano? Que droga é isso aqui? – perguntei com um tom desesperado, aquilo era realmente assustador.
– O segundo plano é a dimensão que divide a terra da dimensão de Scary, serve para abrigar os espíritos que ainda ten...
– Espera, espera!! – clamei a interrompendo – Espíritos? Tipo... Gente morta? – a gata balançou a cabeça concordando. Minha respiração parou por alguns segundos e pude sentir minha cabeça doer. Não era possível, não, não, não...
– Connie...
– EU TO MORTA?





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